Atualização | Capitulo 10 & 11 | 06/10/2011 |

# Dois dias depois.

A voz do cantor não tem nada haver com a do Cody, mas coloca pra carregar bb > www.youtube.com/watch?v=6hzrDeceEKc <

- O que é isso? – Ouvi uma voz fina dizer.

- Poha, pára de mexer no aparelho! – Alguém, com voz grossa, respondeu.

 Minha cabeça estava quase explodindo; meus membros dormentes e uma dor do lado esquerdo da bacia estava me atormentando.

- Mas ta apitando! – Retrucou a voz fina batendo em alguma coisa.

- JÁ MANDEI PÁRAR! – Ok, era Alli.

- SHHHH, olha… - Ouvi uma voz gentil dizer.

- NÃO FAZ SHHH PRA MIM NÃO! – Ela devolveu e eu ouvi um barulho de tapa.

- Ela ta acordando. – Disse alguém e eu respirei fundo.

 Abri os olhos sentindo até os cílios doerem anormalmente. Tentei movimentar o braço, mas senti algo duro impedir a ação.

“Gesso.” Pensei.

Desviei o olhar pra frente e vi a galera toda apoiada na cama me olhando freneticamente.

- Você ta bem? – Alli perguntou parecendo preocupada.

- Aham… - Respondi esperando a vista voltar ao normal.

- TUA VACA, QUER MATAR A GENTE DE SUSTO? – Alli gritou com o dedo indicador apontando pra minha cara.

- ALLI, PÁRA DE GRITAR! NÃO TA VENDO QUE A MENINA ACABOU DE ACORDAR DE UM COMA? – Fred berrou e eu ri levemente, já que as drogas estavam me dopando.

- Cadê o Cody? - Murmurei sem forças.

 Dylan abriu a boca pra responder, mas não deu tempo de falar.

- Vocês precisam sair agora. – A enfermeira disse e eles resmungaram quinhentas coisas de uma vez só.

- Depois a gente conversa! – Cole falou quando a enfermeira fechou a porta na cara dele.

- Então? Está bem? Sente seus pés? Consegue respirar? – Ela perguntou me analisando.

 Bem? Eu acabei de sair de um coma imprevisível. Não sinto nem a língua e vou sentir os pés? Lógico que consigo respirar, to presa a cinqüenta tubos!

 Que diabo de enfermeira é essa?

- Cadê o Doutor? – Perguntei enquanto ela me “analisava”.

- Checando o seu doador. – Ela respondeu sem interesse no meu olhar.

 Doador DO QUE?

- Hã? – Arregalei os olhos.

- Você recebeu um rim há dois dias atrás. – Ela falou como se fosse normal.

 Que sensação horrível. Dormir e acordar sem saber do que aconteceu com seu corpo durante todo o tempo.

- De quem? – Perguntei e como se tudo tivesse sido ensaiado, a cortina ao meu lado foi aberta.

 Não. Ele não fez isso, ou fez?

- CODY? – Perguntei me exaltando um pouco.

 Pude ouvir o aparelho ao meu lado começar a apitar mais rápido e a enfermeira indo checar algo.

 Ele podia ter morrido. A mãe dele podia ter matado ele. Eu podia matar ele (assim que saísse daquela cama).

Enfim, isso foi loucura.

Cody virou o rosto e me olhou com aqueles olhos cansados.

- Mãe? – Ele falou e eu franzi a testa.

Ok, definitivamente, isso é loucura.

O doutor riu e pegou na cortina.

- Ele está sendo dopado. – O doutor falou e eu tive que reprimir o riso.

“Ta fumado” traduzi mentalmente.

- Alias, agora é sua vez. – O doutor veio com uma seringa pro meu lado.

Ah não.

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Aviso: As cenas a seguir têm uso excessivo de drogas. Não usem drogas. Só pó de miojo ‘-‘

- Bitch, posso entrar? – Alli colocou apenas a cabeça dentro do quarto.

- CLARO AMIGA, TROUXE A MARILÚ JUNTO? – Respondi berrando e ela franziu a testa.

- Ta fumada? – Ela perguntou e eu gargalhei absurdamente alto.

- EU? EU TO SÓBRIA QUE NEM A KESHA! – Gritei e ela revirou os olhos e se apoiou na cama.

- Preciso te contar uma coisa, é sobre o Cody. – Ela falou um pouco séria.

- ANTES A GENTE PODE CANTAR? I’AM CANNIBAAAL, CANNIBAL, CANNIBALL, YAAAL ♫ - Dancei gritando e ela fez shiu.

- Pára de cantar Ke$ha amiga, o bang é serio. – Alli resmungou e eu respirei fundo.

- Desculpa, são as dorgas. – Respondi e ela olhou curiosa.

- Já fizeram efeito? – Alli fez careta e eu neguei.

- Mas já estão perto de fazer, fala rápido antes que eu apague – Falei e ela assentiu se ajeitando.

- Amiga, ele ficou muito mal sem você, acho que nunca vi meu irmão tão mal na minha vida, eu queria pedir pra você conversar com ele e… - Alli parou de falar quando me viu tentando lamber o cotovelo. – Você ta me escutando caralho? –

 Parei de tentar lamber o cotovelo e encarei-a.

- Rápido, elas já estão dominando meu corpo! – Falei desesperada e ela riu.

- Ok, direto ao assunto então, você conhece a expressão “protetora”? – Alli perguntou começando uma explicação. Neguei com a cabeça. Eu já estava sentindo náuseas e estava vendo algumas cores no ar. – A Protetora é a garota da vida de um garoto. Aquela que vai ser a esposa, aquela que faz dele um homem, sabe? É única que pode fazer ele tão feliz quanto ele quer ser. – Ela disse e quando parou respirou fundo.

- AMIGA EU TO VENDO O ELEFANTE ROSA! – Gritei e ela me encarou furiosa.

 Acho que por eu ter parado o momento sincero dela.

- Amiga, só me ouve agora: Você é a protetora dele, você é a protetora do Cody. – Ela falou se aproximando.

- A nuvem ta me levando, tchau, tchaaau! – Murmurei caindo pro lado.

- E depois eu que sou a dorgada daqui… - Alli saiu do quarto.

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 Abri os olhos e pude me sentir bem melhor.

Os olhos não doíam, eu sentia meus braços e minha cabeça não estava doendo. Os pés estavam dormentes, a dor no abdômen ainda estava lá por causa do transplante, mas tudo estava bem melhor.

 Respirei fundo e deixei o sorriso se formar no meu rosto.

Virei a cabeça e senti uma felicidade enorme.

Um vaso transparente com um buquê de rosas brancas estava em cima da cômoda branca.

Apertei o botão, deixei a cama me sentar e peguei uma rosa. Cheirei-a e sorri.

 Peguei o cartão azul que estava entre elas e abri.

Saudades do seu toque,

Tudo o que fiz foi pro seu bem.

Preciso falar com você,

Beijos.

 Só não pulei de felicidade porque estava com os pés dormentes.

Será que tudo voltaria ao normal? Ele me perdoaria?

 O cartão não estava assinado, mas até o cheiro do papel era o de Cody. Desviei o olhar pra cama do lado e vi que ela já estava vazia.

Ele devia estar no hospital. Ele e Alli. E talvez o resto da galera. Meus pais sabiam de tudo o que aconteceu?

Ai senhor, tantas perguntas.

Apertei o botão da enfermeira e sorri ao ver o doutor entrar.

- Olá, vejo que está bem melhor! – Ele disse e eu assenti.

- Vou ter alta? – Perguntei rápido.

Ele sorriu.

- Sim. Amanhã à tarde. – Ele falou e eu bati palma.

- E meus amigos estão aí fora? – Perguntei e ele assentiu.

- Tem duas garotas, um monte de meninos, uma criançinha, dois adultos, mas principalmente um que ta até irritando as enfermeiras de tanto que anda de um lado pro outro e pergunta de você. – Ele riu enquanto anotava algumas coisas.

 Angie e Brad estavam lá. Tom e a galera também. Cody estava irritando as enfermeiras e tudo o que eu queria era pular daquela cama e abraçar todo mundo com tanta força que as tripas vão sair pra fora.

- Posso ver eles? – “Ele” me corrigi mentalmente.

- A enfermeira obrigou o loirinho a descer pra tomar café, mas se quiser ver o resto, claro que sim. – Ele falou largando a prancheta.

- Então eu quero. – Me empolguei e ele foi até a porta.

- Vou chamá-los. – O doutor saiu e eu comecei a arrumar o cabelo.

Droga, eu estava horrível.

- SAI DA FRENTE! – Ouvi Tom gritando e a porta foi aberta. – BITCH! – Ele caiu em cima de mim e me abraçou.

- AI, CALMA AÍ TOM, AINDA DÓI. – Falei e ele afrouxou o abraço.

- Ok, eu me controlo. – Ele beijou os dedos em forma de X.

- BRAZILIAN GIRL! – Fred entrou correndo e me abraçou com ainda mais força. Não deu tempo de gritar. Dylan já tinha entrado trazendo Cole e...

- AAAAAAH – Berrei sentindo o abraço de urso.

 Depois teve John, Emma e Alli que já tinha me visto. Eles não dispensaram o abraço apertado, mas pegaram um pouco mais leve na hora do aperto.

- Pronta pra outra? – Cole zoou e todos riram.

- Lógico, assim que eu tirar o gesso! – Falei e Cole assentiu.

- Seus pais ligaram, eu expliquei tudo ok? – Alli falou e eu suspirei aliviada.

- Eles brigaram comigo? – Perguntei e Emma riu sozinha.

- Não… só acordaram o paciente do coma. – Ela ironizou e todos riram.

- E o Bryan? – Perguntei e eles bufaram.

- Poha, tinha que falar DELE? – Dylan perguntou e eu ri com vergonha. Não precisei falar nada. – Ele teve o que mereceu. –

- Você o matou? – John perguntou e todos riram.

- Não, mas logo, logo, ele vai querer se matar. – Emma falou e eu ri.

- Mas o que aconteceu afinal gente? – Perguntei e Fred respirou fundo.

- Bem… digamos que a Babuína está apaixonada. – Fred falou e eu arregalei os olhos.

- MEN-TI-RA? – Soltei e todos riram.

- VER-DA-DE. – Cole e Dylan falaram juntos e eu ri.

- E o… - Parei na frase quando a porta foi aberta pelo Cody.

 Os olhos dele vieram direto na minha direção.

Eu não sabia o que fazer.

- A gente já vai indo. – Alli falou e todo mundo saiu do quarto.

- Fui. – Tom saiu rebolando.

 Cody entrou por completo e eu podia sentir o brilho no meu olhar. Ele estava com o violão nas costas. Uma calça, camiseta e tênis. A camiseta um pouco levantada, dando vista pro curativo do transplante.

 Fiz sinal pra ele se aproximar e ele caminhou de cabeça abaixada até minha cama.

- Cody eu… - Comecei, mas ele me interrompeu.

- Pára, por favor. – Ele implorou e eu olhei confusa.

- O que? – Perguntei me ajeitando.

- Eu errei. Eu estou com vergonha de te encarar. – Cody falou e eu continuei confusa. – A Alli falou comigo, ela me disse que você realmente tinha esquecido o Bryan e ele te beijou à força.-

- Então você me perdoa? – Perguntei e ele riu.

- Perdoar? Quem tem que me perdoar e você. (Seu Nome)… - Ele se ajoelhou ao lado da cama. – Eu fui um grande idiota, te julguei e agi errado, eu tenho tanta coisa pra te dizer… - Ele falou e eu sorri.

- Cody, levanta desse chão poha. – Mandei indignada e ele me olhou risonho. – Eu te amo; nunca te abandonaria e claro que te perdôo. E isso é tudo o que eu tenho pra te dizer. –

 Cody acariciou meu rosto.

[PLAY]

Ele se ajeitou sentado ao meu lado na cama.

- Você sabe que eu não sou muito bom falando… - Ele disse e eu assenti rindo. – Mas quem sabe cantando. – Ele falou tirando o violão das costas.

- Você fez uma música? – perguntei e ele assentiu.

- Pra tentar explicar o que eu sinto. – Ele segurou minha mão com força.

- Sobre o que ela fala? – Perguntei e ele negou com a cabeça.

- Apenas escute. – Ele disse voltando a mão pro violão.

 Cody começou a tocar a introdução da música, que tinha um ritmo agradável.

(Today is gonna be the day)

(Hoje vai ser o dia)
(That they're gonna throw it back to you)

(Que eles vão devolver isso para você.)
 (By now you should've somehow)

(Neste momento você devia, de algum modo,)
 (Realized what you gotta do)

(Ter percebido o que tem de fazer.)
 (I don't believe that anybody)

(Eu não creio que alguém)
 (Feels the way I do)

(Sinta-se do modo como me sinto)
 (About you now)
(A seu respeito neste momento)

A voz doce do Cody me acalmava e a letra me deixava cada vez mais curiosa pra saber o refrão.

(Backbeat the word is on the street)

(A conversa que corre na rua é)

(That the fire in your heart is out )
(Que o fogo no seu coração se apagou)

(I'm sure you've heard it all before )
(Tenho certeza que você ouviu isso tudo antes,)

(But you never really had a doubt )
(Mas você nunca realmente teve uma dúvida.)

(I don't believe that anybody )
(Eu não creio que alguém sinta-se)

(Feels the way I do)
(Do modo como eu me sinto)

(about you now )
(Sobre você agora)

Ele estava cantando com o coração e eu não pude evitar o sorriso no rosto.

(And all the roads we have to walk are winding )

(E todas as estradas pelas quais temos de caminhar são sinuosas,)
(And all the lights that lead us there are blinding)

(E todas as luzes que nos conduzem até lá estão nos cegando.)
(There are many things that I'd)

(Existem muitas coisas que eu)
(Like to say to you )

(Gostaria de dizer para você,)
(But I don't know how )

(Mas eu não sei como...)

(Because maybe)

(Porque talvez)
(You're gonna be the one that saves me)

(Você vai ser aquela que me salva...)
(And after all)

(E no final das contas,)
(You're my wonderwall )
(Você é minha protetora)

Eu estava completamente pasma. Tudo aquilo me fez apenas ficar mais apaixonada.

Alli havia me dito o que era ser “a protetora” e por mais que eu estivesse nas dorgas, lembro muito bem o que era.

Cody me amava de verdade. Mas não era apenas “amar de verdade”, ele me queria como esposa, ele me queria na vida dele pra sempre e se eu saísse, não haveria mais Cody.

 Ele me amava e eu o amava incondicionalmente também.

Eu não precisava de música pra saber disso.

“A Protetora é a garota da vida de um garoto. Aquela que vai ser a esposa, aquela que faz dele um homem, sabe? É única que pode fazer ele tão feliz quanto ele quer ser.”

Lembrei das palavras de Alli no momento.

 Cody olhava profundamente nos meus olhos. Os olhos dele agora brilhavam quando se encontravam com meu sorriso. O rosto tão perfeito que parecia ter sido esculpido por um anjo. A voz tão calma e agradável que eu poderia passar dias e dias escutando.

Senti saudades daqueles lábios meios rosa transparente tocando os meus. A língua quente invadindo minha boca. As mãos acariciando meu corpo.

Tudo o que eu queria estava bem ali, na minha frente, eu não ia deixar escapar. Não denovo.

Abri meu melhor sorriso pro Cody que me olhou de um modo diferente, tão carinhoso.

Cody continuou tocando e apesar da vontade de pedir pra ele parar e beija-lo ser forte, apenas esperei.

 A música terminou e eu não tinha palavras.

- O que achou? – Ele perguntou e eu me inclinei pra frente.

 Passei minha mão pra nuca dele e selei nossos lábios.

  Prazer.

A língua dele entrou na minha boca esquentando todo o meu corpo.

 Quando ele afastou o rosto, passou uma mecha do meu cabelo pra trás da minha orelha e disse:

- Eu te amo, pequena. –

Eu só pude pensar em uma coisa: E não é que o arco-íris fez tudo valer a pena?

#Continua

Pípou, o que acharam? Comentem *-*

Eu sei que a música não é do estilo de muita gente, mas né, combinou perfeitamente.

Again: COMENTA LOVE ♥