domingo, 25 de dezembro de 2011


Paradise – Continuação| cap. 15

 - Casa comigo? – Cody perguntou olhando nos meus olhos.
Você já teve aqueles momentos em que seu cérebro não te obedece? Que você suplica pra ter uma resposta pronta, mas sua mente absorve apenas uma coisa e ecoa essa coisa cinco mil vezes antes de pensar em outra coisa?
 Eu estava exatamente nesse confuso momento.
Parecia que minha mente havia hibernado e tudo em volta desaparecido. Menos Cody.
Ele ainda estava ali, mas na minha imaginação ele estava ao meu lado, com uma criança no colo. Nós estávamos em uma casa linda, com todos os nossos amigos rindo em um canto e algumas crianças correndo pela casa.
 Eu sei que parece que eu estava brisada, mas… eu queria aquilo. Depois de tantos anos o chamando como namorado; acho que tê-lo pelo resto da minha vida seria simplesmente um sonho se tornando realidade. Assim como todas as outras coisas que nós vivemos juntos.
 Só então aquele cenário sumiu em minha mente e eu pude ver os olhos verdes de Cody suplicando uma resposta.
- Caso. – Soltei como um impulso.
- Sério? – Cody perguntou em tom de deboche e eu ri.
- Muito sério! – Bati o pé e ele abriu o sorriso mais lindo do mundo.
- Certeza? – Ele insistiu na brincadeira e eu ri mais ainda deixando algumas lágrimas de felicidade caírem.
- Absoluta! – Falei e ele olhou em volta como se estivesse pegando ar pra falar algo.
- Eu to sonhando? – Ele perguntou com os olhos lacrimejados e eu neguei.
- Quero dizer… se você estiver eu também estou. – Completei e ele deixou algumas lágrimas escorrerem.
 Cody pegou com cuidado e colocou o anel de noivado em minha mão esquerda. Peguei a aliança dele – sem o diamante – e coloquei na mão dele.
 Ele se levantou e nós ficamos apenas de testas juntas, como se estivéssemos falando por olhares.
- Eu te amo. – Falei sorrindo e ele retribuiu.
 Foi ali, no alto daquele arranha-céu que nós selamos os lábios pela primeira vez podendo nos chamar de “noivos”.
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –
 
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAA! – Se eu disser que foi a Emma que deu esse grito, você acredita?
- Emma! Essa é a minha fala. – Alli falou séria e Emma pediu desculpas. – Ok, éer… AAAAAAAAAAAAAAAAAA –
 Eu ri.
- Ele te pediu em casamento no alto de um arranha-céu na madrugada de domingo? É ISSO MERMO? – Tom perguntou quase tendo um treco e eu mostrei a aliança pra eles.
- NOSSA! TUDO ISSO AÍ É UM DIAMANTE? – Alli perguntou de olhos arregalados quase molhando o anel com tanta baba.
- Amiga do céu… que bofe! – John disse um pouco mais aviadado do que o normal.
- Pois é. – Falei e eles riram.
- E cadê ele? - Fred perguntou de boca cheia. O menino mal chegou à república já assaltou a geladeira.
- Ta trabalhando… - Falei um pouco mal e eles perceberam.
- O que há? Ele ta trabalhando demais! – Dylan falou me abraçando de lado.
- Ele quer muito comprar uma casa pra gente, mas ele cismou que quer… - Me inclinei e peguei o folheto. – esta casa! –
- NOSSA, olha o preço. – Alli bateu o olho arregalado. Deve ser de família.
- E porque ele não pediu nossa ajuda? – Cole perguntou cruzando os braços.
- É do Cody que nós estamos falando. – Emma falou e eles riram.
- Gente, é melhor nós irmos logo pra ver. – Falei tentando me levantar e Dylan deu um pulo.
- ETA DYLAN, CARMA. – Alli falou enquanto ele me ajudava.
- Eu estou incumbido de cuidar dela. – Dylan disse e eu o encarei.
- Que papo é esse Willy? – Fred leu minha mente.
- Ah, besteira minha… - Ele riu sozinho e me abraçou de lado quando eu fiquei de pé.
- Teodorinha, fica aí meu amor, mamãe já volta. -
 Saímos do elevador e lentamente (com lentamente eu quero dizer: quase parando, em câmera lenta, no passo do elefantinho) caminhando até a faculdade. Um tumulto de umas cem pessoas estava na porta olhando pra tal folha na parede. Alguns saíam pulando e outros choravam rios de lágrimas, o que, confesso que tirou um pouco da minha confiança. Ignorei o medo e continuei me apoiando no Dylan até conseguir entrar no meio do povo e olhar pra folha.
 Bati o olho na folha e -mesmo com trezentos nomes em uma letra tão miúda quando as do comercial de televisão por assinatura- achei meu nome.
(Seu Nome Completo) – Formação em Letras – Completa
Alli me olhou com um sorriso tão grande que quase ofuscou meus olhos. Descrever essa cena vai ser um pouco difícil, pois foi tanta embolação que eu até me perdi. Alli e eu ficamos nos abraçando e soltando berrinhos e Fred e os outros meninos comemoram até cair no chão. Todos nós conseguimos, nos formamos! Se estivéssemos no High School Musical, garanto que sairíamos dali cantando Night to Remember.
 Depois de toda aquela felicidade, Emma pediu (lê-se: obrigou/arrastou/colocou a arma na cabeça dele) pro Fred apenas as garotas na sorveteria. Fomos de carro, pois com minha barrigona nós chegaríamos lá no dia seguinte.
- Até garotas. – Fred fechou a porta do carro, nos deixando a sós.
- Por que só as meninas? – Perguntei chamando atenção de todos na sorveteria com meu barrigão.
- Ora, temos que conversar sobre A Noite. – Emma disse puxando a cadeira pra eu sentar.
- Noite? – Alli perguntou tão confusa quanto eu.
- Não, - Emma fez uma pausa dramática pra corrigir Alli. – A Noite. –
- Emma, dá pra falar na nossa língua? – Perguntei coçando a cabeça.
- Deixem de se fazer de confusas! – Emma se sentou.
- Eu não estou me fazendo de confusa Emma, eu estou confusa. – Retruquei chamando o garçom.
- A Noite Do Baile de Formatura! – Emma disse como se fosse óbvio.
- Ahhhh! – Alli e eu dissemos em uníssono.
- Bêêêê… - Emma disse em tom de deboche.
- O que vão querer meninas? – O moço finalmente perguntou.
- Uma taça com seis bolas de sorvete de chocolate, cobertura de caramelo e morango, granola, dois canudos de casquinha, banana e morango e um pouquinho de leite condensado. – Falei enquanto o moço anotava. – O que vão pedir meninas? – Virei pra perguntar e encontrei duas garotas me olhando de olhos arregalados. – QUIÉ? TENHO QUE COMER POR DOIS! –
- Sei não amiga, isso aí vale por uns cinco. – Alli disse risonha e Emma gargalhou.
- Agora entendi porque você não consegue andar. Se eu comesse alguma coisa assim eu ia acabar na ambulância. – Emma disse e Alli riu.
- Dá pra parar de me zoar? Vocês vão querer ou não? – Perguntei e elas pararam de rir.
- Casquinha mista. – Emma disse ainda rindo.
- Duas bolas de sorvete de creme no cascão. – Alli disse rápida. O rapaz anotou e saiu rindo de alguma coisa. Não duvido nada de que seja de mim.
- Suas putas. – Falei cedendo um riso e elas riram.
- Como eu dizia antes de ser interrompida pelo humilde pedido da (Seu Apelido), - Emma riu antes de continuar. – Temos que nos programar pro baile!
- É só um baile Emma. – Ri e ela bufou.
- Pra você que já tem par confirmadíssimo! – Ela retrucou e eu me calei. – Agora a Alli não! Que eu saiba, ela não voltou com Fred, além do mais, ele anda conversando muito com a Santana do laboratório de autópsia. –
- Quem te disse isso? – Alli perguntou e Emma deu ombros.
- Já falei que tenho fontes… - Ela fez mistério e nós nos entreolhamos. – TÁ, TÁ, EU VI OS DOIS SE CATANDO. Pronto falei! –
- Alli? – Perguntei vendo uma expressão triste na feição da minha amiga. Não era uma expressão triste, ela estava normal, mas eu a conheço a tempo suficiente pra saber que aqueles olhos não refletiam algo bom. Emma não chegou a perceber, por isso disfarcei na hora de mandar um olhar confortativo pra Alli.
 Alli forçou um sorriso e fingiu que estava tudo bem.
- E você Emma, tem pretendentes? – Alli perguntou “animada”.
- Hm, nop. Não sei… talvez… ah, sei lá. – Emma se confundiu toda.
- Que papo é esse, Emma? – Perguntei e ela suspirou.
- Eu estou afim de um garoto, mas sei lá… não sei se rola. – Emma corou e nós rimos.
- Fala sério, é o Dylan? – Alli perguntou e Emma negou.
- Não é da galera, eu e ele estudamos juntos em psicologia. – Ela brincou com o cachinho perfeito dos cabelos.
- E por que toda essa dúvida se rola? Ele tem namorada? – Perguntei e ela negou. – Emma, você é fofa, carinhosa, linda, inteligente… por que ele não ia gostar?
- Não sei, simplesmente não sei. Quando eu fico perto dele parece que tudo some, eu não presto atenção em nada e acabo sempre fazendo papel de boba… - Ela disse um pouco mal.
- Então você tem medo que ele te ache uma boba? – Perguntei e ela assentiu.
- Ele é tão divertido e brincalhão, uma vez ele disse que gosta de garotas como ele. – Emma disse confusa. Ela parecia querer jogar tudo pra cima.
- Já falou que gosta dele? – Alli perguntou e ela negou. – TÁ ESPERANO O QUE MENINA? –
 Alli se lembrou de ser menos escandalosa quando o rapaz se assustou e quase derrubou nossos sorvetes. Emma mandou um olhar mortal pra Alli e eu ri pegando meu sorvete. Ele nos serviu e saiu rindo novamente. Tomara que dessa vez não seja de mim.
 Dei uma colherada monstra no sorvete e lambi os beiços de tão prazeroso que foi esperar ele derreter no céu da boca.
- Ta com tesão no sorvete menina? – Emma fez careta e Alli riu.
- Dá pra focar no assunto e me deixar comer em paz? – Perguntei e elas deram ombros.
- Emma, e se vocês se aproximassem mais? Acho que ajudaria… - Alli falou se distraindo com o copo de sorvete.
- Talvez, mas eu só tenho duas semanas pra isso… e não vai ficar muito na cara que eu gosto dele? – Ela perguntou e eu ri.
- Mas é pra ficar na cara! Ele tem que saber. – Falei e ela riu fraco.
- Eu gosto mesmo dele gente, não quero estragar tudo. – Ela disse com os olhinhos brilhando.
- Hm, parece que alguém aqui está apaixonada. – Zoei fazendo coraçãozinho com as mãos e ela deu um tapinha no meu ombro.
- É serio… - Ela lambeu o sorvete e Alli suspirou me mandando um olhar do tipo “vamos ajudar vai…”.
- Emma, eu tive um ideia, - Mentira, eu já havia pensado na ideia, mas decidi falar neste momento. – Este ano a gente tem que ajudar a preparar a formatura, certo?
- Certíssimo. Decoração, escolha de vestidos, cozinha, venda de convites… por quê? – Ela perguntou confusa.
- E as tarefas são divididas em grupos? – Perguntei dando mais uma colherada.
- Sim, por quê? – Ela perguntou e eu suspirei. Essa menina ainda não entendeu o esquema?
- O chama pra entrar no nosso grupo e pronto. – Alli economizou minha saliva. 
- Sei não… vai ficar na cara demais. – Ela disse mastigando a casquinha.
- Você é amiga de algum amigo dele? – Perguntei e ela assentiu. – Chama esse amigo e fala tipo “Ah, leva alguns amigos, quanto mais gente melhor”… -
- Ótima ideia. – Ela sorriu e nós retribuímos.
- Agora posso tomar meu sorvete em paz? – Perguntei e elas assentiram.
 Enchi a colher com um pouco de tudo e quando fui colocá-la na boca…
 “OH SOMETIMES, I GOT GOOD FEELING ♫”
Flo-rida começou a cantarolar e eu fui obrigada à atender, já que a tela marcava “Cody”.
- Amor da minha vida… - Cody disse e eu sorri.
- Ih, esse sorriso só pode ser por causa do meu irmão. – Alli falou pra Emma e ela riu.
- Meu amor, o que foi? Aconteceu alguma coisa? – Perguntei e ele suspirou.
- Aconteceu que nós temos um problema, e esse problema está desembarcando do avião e indo direto pra nossa república. – Ele falou nada animado.
- Que tipo de problema é esse? – eu perguntei ainda confusa e encarando a colher cheia de sorvete me seduzindo.
- Do tipo que tem nome, sobrenome e pior: é da família. – Ele falou e eu ri com o drama.
- Ta em casa? – Perguntei e ele tossiu.
- Indo pra lá, tem como você ir? – Ele perguntou e eu ri.
- Acho que não… passa aqui no Jundiá, eu to com as meninas. – Falei olhando pras duas curiosas.
- Sorveteria Jundiá? – Ele perguntou e eu ri. SÓ TEM UMA COISA NO MUNDO QUE SE CHAMA JUNDIÁ.
- É Cody, a sorveteria. – Falei calmamente e ele riu.
- Passo aí em cinco minutos meu amor. – Ele falou todo fofinho e eu ri.
- Estou te esperando. Beijos; amo-te. – Falei quase desligando.
- Te amo mais. – Ele desligou e eu ri.
- Aiai… - Ergui o olhar e encontrei duas curiosas, me encarando.
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- Não entendo amor, você sempre se deu tão bem com seus primos e primas… - Falei sentada na cama. Nós já havíamos deixado as garotas em seus respectivos locais de destino (Alli na república dela e Emma na república do tal garoto amigo do nerd que ela gosta) e agora Cody estava andando de um lado pro outro no meio da nossa sala, murmurando coisas inaudíveis, enquanto eu tentava entender o porquê de tudo aquilo.
- Ela não é só uma prima… é a prima mais chata, folgada e espaçosa que eu tenho. – Ele disse e eu franzi a testa. – Ela me batia quando eu era pequeno, fazia todo o tipo de maldade comigo. Uma vez ela me prendeu dentro no armário do tio Bob! –
- E daí amor? –
- EU SOU CLASTROUFÓBICO! – Ele berrou e eu ri alto.
- Vocês eram crianças, talvez ela tenha melhorado. – Falei e ele virou pra me encarar.
- Isso é serio? – Ele perguntou e eu assenti pressentindo uma frase feita. – As pessoas não mudam amor. Elas só se escondem.
- Que isso, ela deve estar com quantos anos? – Perguntei e ele parou de cavar um buraco pra fazer as contas.
- Com uns dezenove. – Ele disse e eu ri.
- Olha meu amor, - Demorou, mas eu levantei da cama. – vocês eram crianças, as pessoas podem sim mudar, é só ter fé. Além do mais, ela tem dezenove anos agora, não é mais uma garota rebelde que gosta de tirar com a cara das pessoas, ela é uma mulher madura o suficiente pra chegar aqui, deixar as pessoas em seu próprio espaço e quem sabe, vocês não vão ser grandes amigos? Fica calmo, vai dar tudo certo. – O abracei e ele sorriu.
- Você é demais sabia? – Ele falou e eu ri.
- Sabia. – Retruquei o fazendo rir e me dar um selinho carinhoso.
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- PRIIIIIIIIIIIIIIIIIMINHOOOOOOOOOOO! – A garota largou as malas e pulou no Cabrito.
 A garota aparentava ter menos do que dezenove anos, acho que porque os cabelos loiros/verdes/castanhos deixavam ela em um estilo jovial. Ela estava com um short um pouco curto, a camiseta estampada com tintas coloridas e o allstar de salto, davam um estilo emocore sensacional. Se eu a visse na rua, ia pedir autógrafo achando que ela era um tipo de diva. Bonita, muito bonita.
- Prima! – Confesso que o “prima” de Cody foi com uma animação deveras forjada, mas o abraço que eles deram provou que eles se gostam sim, ele só não suporta ela dentro de casa. Só isso.
- Nossa, e essa é a sua tal noiva? – A garota perguntou e eu sorri.
- Sim prima, ela é minha futura esposa. – Ele disse forjando algumas feições o que me fez rir.
- E imagino que esse filho seja seu… - Ela descobriu sozinha. Palmas.
- Claro que é. – Falei e ela riu.
- Prazer, sou Avril. – Ela disse toda orgulhosa.
- Sou (Seu Nome). – Nos cumprimentamos e Cody deu logo um jeito de distrair a prima. Fomos para o carro e por mais que ela seja bonita, da família do meu marido e aparentemente super gente boa, não posso deixar de citar que ela tem uma voz aguda que dá dor de cabeça profuuuunda. Daquelas que você massageia a testa pra ver se passa. Tirando isso, eu até que gostei dela. Esse “até que” significa “Não conheço, mas acho que posso conhecer e ser amiga”. É mais ou menos isto.
- Então, Brazilian Girl, meu priminho te contou das pancadas que eu dava nele? – Ela perguntou rindo de si mesma.
- Bem… - Eu ia continuar, mas fui interrompida por uma gargalhada fatal.
- ELE SE BORRAVA DE MEDO DE MIM! – Ela continuou rindo. Confesso eu estava me irritando um pouco, mas nada que a minha santa e mãe, paciência, não possa controlar.
- Claro! Você me trancou no armário cinco vezes, me enganando falando que meu violão tinha caído lá dentro… - Cody disse e ela gargalhou mais alto ainda. Alto de querer dar um soco. Calma, só três dias com ela. Só isso.
- E VOCÊ CAIU EM TODAS AS CINCO! – Ela deitou no banco de tanto rir. Cody me mandou um olhar significativo. Significativo neste momento significa “Não falei que ela era um cu de bode?”. – Mas diz aí priminho, onde eu vou dormir? –
- No lindo, macio, maravilhoso… - Cody fez voz afetada de vendedora empolgada. – sofá!
- QUISSO PRIMO, EU VENHO DO CANADÁ, SÓ PRA TE VER E VOCÊ ME TRATA ASSIM? COMO UM CACHORRO? – Ela perguntou fazendo drama e eu ri discretamente.
- Nããão… se eu tivesse cachorro ele dormiria na cama, não no sofá. – Ele disse maldoso e eu segurei o riso.
- Nossa beleza então, essa foi no fundo! – Ela disse e eu ri.
- Tem um colchão sobrando, se quiser colocar ele na sala, tudo bem. – Falei e ela me deu um soquinho no ombro.
- Viu Cody Simpson? Até sua noiva me entende mais do que você. – Ela disse e eu gargalhei.
- Um porco te entende mais do que eu. – Cody disse e Avril riu.
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 Fitei o relógio e vi que eram meia noite e meia da manhã. Cody só chegaria por volta das duas, por causa do estágio. Teodora estava deitada ao meu lado e eu fiz carinho nas orelhas compridas dela.
- Dorinha, acredita que eu me formei? – Falei e ela me olhou. – A formatura ta chegando… nem sei se vou, com esse barrigão eu vou ficar horrorosa em qualquer vestido. – Falei e ela baliu (fez BÉÉÉ).
- Ah, nem me engana. Mas acho que se eu for com um vestido balãozinho vai ficar até legal… se bem que alguém pode tentar voar em mim achando que sou mesmo um balão… sei lá, nem sei se o cabrito vai querer ir. – Ela me olhou tipo “deixa de besteira” e eu ri. – Você é igualzinha sua mãe sabia? Sabe falar com os olhos que nem ela. – Ela baliu novamente. – Olha Dorinha, quando o cabrito conseguir comprar a casa pra gente, prometo que você vai ter uma área verde todinha pra você! – Ela sentou na cama, com um olhar empolgado. – É, eu sei que aqui dentro é muito fechado e você não gosta, mas calma, falta pouco! Mais um mês e… -
- Você ta falando com a Cabra? – Avril apareceu na porta de pijama. Essa porta já estava aberta? – Pior: Você tem uma cabra?
- Tenho ué, ela se chama Teodora. – Falei tentando ficar de pé.
- Calma, eu te ajudo! – Avril correu e me ajudou a levantar.
- Obrigada. – Falei e ela deu ombros como um de nada.
- Ela morde? – Avril perguntou e eu ri.
- Cabras não mordem, elas são carinhosas! – Falei e ela me olhou risonha.
- Você gosta mesmo de cabras não é? – Ela perguntou e eu assenti.
- Muito, mas faz carinho na Teodora, ela é boazinha - Falei e ela, com cuidado, acariciou a Dorinha.
- AI QUE MEIGA! – Avril disse empolgada e eu ri.
- Sabe o que eu não entendo? – Perguntei e ela me encarou confusa.
- Você e o Cody. – Sentei novamente e ela riu.
- Ele que não gosta muito de mim. Quando eu era pequena eu gostava dele, como… -
- Namorado? – Perguntei e ela assentiu.
- Mas é O-B-V-I-O que essa paixonite passou. Mas ele continuou não gostando de mim. Eu mudei juro! Até vim pra fazer as pazes com ele… - Ela disse e eu sorri. – Peloamordedeus, não diga as três palavras mais bregas da história. -
- Ain, que fofo. – Falei e ela riu.
- Você falou. – Ela disse e eu ri.
- Tenta fazer as pazes com ele… acho até que vai dar certo. É só ser gentil, engraçada, divertida e não bater nele. – Falei e ela fez careta.
- As três primeiras coisas são fáceis, mas a ultima… - Ela deixou a frase se perder no ar e eu ri.
- Você ta sem sono? – Perguntei e ela assentiu. – Quer conversar?
- Claro!
 Passamos a madrugada toda conversando. Posso dizer que viramos amigas? Hm, sim. Por mais que diferentes, temos muita coisa em comum.
 Ouvi o barulho da porta e parei de rir.
- Seja gentil! – Falei e ela secou algumas lágrimas que escorreram durante os comentários sobre como eu conheci o Cody, bem… ela e eu temos a mesma capacidade de fazer comentários idiotas engraçados.
 Cody abriu a porta e deu um pulo.
- Avril? O que ta fazendo aqui? – Ele colocou a mochila no canto e ficou encarando as três garotas (contando com a Dora, claro) deitadas na cama.
- Nada, só… conversando, não é Doidinha? – Ela me fitou e eu ri.
- Isso mesmo Doidinha dois. – Falei e nós gargalhamos.
 Cody ficou nos encarando sem entender.
- Vocês beberam ou algo assim? – Ele perguntou de testa franzida e nós rimos.
- Só um pouquinho! – Brincamos e ele cedeu um riso.
- Estavam falando sobre o que? – Ele sentou na cama pra tirar o tênis.
- Você. – Respondi e ele me fitou.
- Bem? – Ele perguntou e eu ri alto.
- Olha… - Avril disse pra disfarçar e nós rimos juntos. – Um pouco bem e um pouco mal –
- Posso participar da conversa? – Ele perguntou e nós assentimos.
 Cody se inclinou e me deu um beijo de língua.
- Ah qualé! – Avril disse se jogando pra trás e nós rimos.
 Separei nossos lábios e me ajeitei na cama. Cody se inclinou novamente e deu um beijo na testa da prima tão querida dele. Eu sei, isso foi sarcasmo. Mas aquele beijo significou muita coisa, tanta coisa que Avril quase morreu de susto quando ele deu uma bitoca no meio da testa dela.
- O-o que foi isso? – Avril disse e Cody riu.
- Um Boa Noite. Ou se preferir, uma bandeira branca. – Cody disse se ajeitando em mim. Abracei-o por trás e ele deitou a cabeça em meu ombro.
- Então… você me perdoa? – Avril estava mais emocionada do que pensei.
- Perdoar? Você é minha prima! – Cody disse como se fosse obvio e Avril pulou em cima dele.
- AIN PRIMINHO… -
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  E se eu te disser que acabamos dormindo os quatro na mesma cama? Foi isso mesmo que aconteceu. Depois que ambos fizeram as pazes, ficamos até as quatro trocando prosa. Cody foi o primeiro a cair no mundo mágico dos sonhos, depois Avril capotou bonito, fiquei falando com Dorinha, mas acabei indo encontrar A Alice no País das Maravilhas cinco minutos depois. Dormi apoiada em Cody e Cody em Avril e Avril em Dorinha.
 Qualquer ser humano que já dormiu com quatro ou mais pessoas em uma cama (isso não inclui fantasias sexuais), sabe qual foi a consequência dessa noite nada confortável.
- Ai minhas costas! – Cody se torceu todo pra levantar.
- Essa sua cabeçona quase esmagou meu ombro. – Avril disse se alongando.
- Eu to sentindo umas contrações. – Isso bastou pra Cody dar um pulo mortal da cama e correr até o outro lado.
- Ta doendo muito? – Perguntou Avril. Confesso que com aquelas dores, meu humor tinha ido pro beleléu.
- O que… você… acha? – Eu tentava controlar a respiração.
- Vamos pro médico. – Cody pegou a chave do carro e colocou n bolso da calça. Espera aí, ele não estava com esta calça.
- Não, amor. Avril liga pro doutor… o número ta na geladeira. – Falei totalmente sem concordância e Avril soltou um risinho.
- No refrigerador ou no freezer? – Avril perguntou e Cody mandou um olhar raio laser. – Não agüentei, desculpa. – Ela correu pra cozinha e voltou com o telefone no ouvido.
Após praticamente fazermos uma áudio-consulta, eu obriguei Cody a ir pro ultimo dia do estágio. Contra minha vontade, claro. Por mim ele podia passar o dia todo me abraçando, mas como diria minha mãe: a vida não é bem assim. Fred me levou pro hospital e eu pude conversar com o doutor pessoalmente enquanto a galera entrevistava Avril na sala de espera. Fiquei mais ou menos duas horas fazendo exames, pois o parto estava mais perto do que nunca, e o cirurgião precisava saber o que não colocar em mim. Decidi que seria parto normal. Cody quase morreu do coração quando eu falei, mas acabei convencendo ele. Mesmo com os riscos, eu queria passar por isso. Doeria? Muito. Após a consulta até liguei pra minha mãe. “A dor do parto é parecida com a dor da primeira transa?” eu perguntei e minha mãe soltou um riso sarcástico, “Se você transou com um búfalo, sim.” ela disse e eu gargalhei.
 Agora estávamos todos sentados na grama, comendo algumas amoras, que eu mesma obriguei que Fred colhesse.
- Será que elas não estão bichadas? – Avril perguntou observando uma bem vermelhinha.
- Espero que não, deu o maior trabalho pra pegar. – Fred enfiou cinco na boca de uma vez só.
- Meninas, e o baile? – Tom perguntou e Alli automaticamente fitou Fred.
- Nada confirmado. – Emma disse sorrindo e eu ri.
- Falou com ele? – Perguntei atraindo a atenção dos meninos.
- Claro. – Ela disse segurando um sorriso maior. – Ele topou fazer a decoração com a gente. Amanhã. –
- AEEEEEE! – Alli ficou feliz pela amiga.
- E você Alli? – Cole que estava meio sumido, perguntou.
- Nada ainda – Ela fez questão de frisar o “ainda” para que Fred percebesse o que estava perdendo.
- E o Cody? Já te convidou amiga? – John perguntou e eu neguei.
- Ele ta trabalhando demais, nem comentei sobre o baile com ele, mas sem stress. – Falei como se não ligasse. É, eu estava mentindo. E mentindo feio. Desde pequena, eu sempre quis ser a rainha do baile. Com tantos filmes passando na tevê, fica difícil você não ter o sonho de poder ir a um.
- Alias, tivemos uma grande ideia enquanto você conversava com o Doutor – Avril disse de boca cheia e eu ri.
- O que? – Dylan perguntou com a boca toda suja de vermelho.
- E se a gente…
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –
 Eu estava mais feliz do que nunca. Não só por mim, mas por tudo que havia acontecido naquela tarde. Nossos amigos resolveram fazer uma coisa tão importante, tão significativa que eu até chorei de felicidade quando Avril contou a ideia remota que Alli deu. Todos toparam. Inclusive eu.
 Avril e eu estávamos voltando pra casa quando Cody ligou e disse que voltaria mais cedo, pois era o ultimo dia e o chefe liberou todo mundo mais cedo.
- Nem acredito que amanhã já vou embora… - Ela disse e eu suspirei.
- Queria que você ficasse mais… pelo menos pra ver o pequeno Simpson nascer. – Falei e ela riu.
- Ele já tem nome? – Ela perguntou e eu dei um pulo.
- Sabe que com tanta confusão, nós nem paramos pra pensar? – Falei e ela riu.
- Quem vai escolher? – Avril perguntou chutando algumas pedrinhas.
- Hm, os dois. – Respondi e ela riu sozinha.
- Só não inventa de juntar o nome do casal. – Ela disse e eu desatei a rir junto com ela.
 Chegamos à república já estava escurecendo. O outro dia passaria como uma flecha. Eu estava um pouco apreensiva, pois não sei como Cody reagiria à ajuda dos amigos.
 Avril e eu ficamos conversando como na noite passada, até Cody chegar. Decidimos juntos que não havia, em hipótese alguma, chances de dormimos na mesma cama novamente, então dispensamos/expulsamos Avril da cama.
- Você tinha razão. – Cody me puxou pros braços dele.
- Sobre? – Perguntei me aconchegando.
- Avril. Ela mudou. – Ele disse beijando minha testa, eu ri.
- Que bom que você percebeu. – Falei entrelaçando meus dedos entre o cabelo dele. – Amor… -
- Hm? –
- A gente precisa conversar sobre o nome do cabritinho… - Falei e ele riu.
- Isso vai ser difícil… você tem algum nome em mente? – Ele perguntou e eu suspirei.
- Acho Dougie um nome bonito. – Falei risonha e ele gargalhou. – O que? –
- Parece nome de cachorro amor! Hm, eu gosto de Jesse… - Cody disse e eu o fitei um pouco confusa.
- Jesse? – Perguntei e ele assentiu. – É, até que gostei. –
 Cody riu.
- Deixa isso pra depois, amanhã a gente tem que ajudar no preparo pro baile né? – Cody perguntou e eu fiquei surpresa.
- Como você sabe? – Perguntei e ele riu.
- Esqueceu que eu tenho uma irmã histérica? – Cody disse fazendo careta e eu gargalhei.
- O Fred ainda gosta dela? – Perguntei por impulso e Cody me fitou um pouco confuso. – Ele anda se pegando com a Santana do laboratório de autopsia e sua irmã ficou sabendo… -
- Putz… amanhã eu falo com ele. – Cody me puxou mais pra perto. Fechei os olhos e aspirei o perfume doce dele. Cody acariciou meu rosto e deu um meio sorriso.
- Eu já disse que te amo hoje? – Ele perguntou fofo e eu ri.
- Sabe que não? – Respondi e ele riu da minha careta.
- Eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu… -
- Eu já entendi cabrito. – Falei rindo e ele riu também.
- E você não me ama não? – Ele perguntou com voz de criança e eu ri.
- Hm… um pouquinho só. – Falei com ar de brincadeira e ele gargalhou.
- Só um pouquinho? – Ele perguntou e eu assenti. – Um pouquinho assim? – Ele fez uma medida com o dedo indicador e o polegar.
- Um pouquinho assim. – Abri os dois braços e ele gargalhou.
- Tudo bem então. – Ele disse grudando nossas testas.
- Te amo muito. – Falei e ele sorriu. Inclinei o rosto e selei nossos lábios. Nossas línguas se chocaram e aquela corrente elétrica correu por todo meu corpo. Puxei o cabelo dele, não com muita força, claro, e ele gemeu. Cody deslizou uma das mãos até minha bunda e não deixou de apertar aquela área. Acabei me empolgando e deslizei a outra mão até meu querido, e há muito tempo ausente, amigo e segurei aquela área com força.
- Melhor parar… - Ele disse arfando, obviamente contra a vontade dele, e eu me afastei um pouco.
- Foi mal… - Falei.
- Foi ótimo. – Ele me corrigiu e eu gargalhei. - Depois dessa até perdi sono. –
- Meus hormônios estão me deixando louca. – Falei e ele riu.
- Nossa, nem percebi. – Ele disse irônico e eu ri.
- Quer comer alguma coisa? – Perguntei me levantando com calma. Cody demorou pra responder então virei pra fitá-lo. Ele estava me olhando com uma cara de sapeca e eu gargalhei. – Tirando eu, você quer comer algo? – Nós rimos alto.
- Ah, já que não tem o prato principal… - Ele disse e eu ri. – quero um sanduíche, mas eu preparo. O meu e o seu. –
- Ta. –
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –
Cheguei à faculdade e logo dei de cara com as meninas.
- Oi amiga! – Emma disse toda feliz e eu ri. Estávamos todas vestidas iguais: short, camiseta e allstar. Claro que minha camiseta era balãozinho.
- Ele já chegou é? Toda felizinha… - Falei e Alli riu.
- Ali ele. – Ela apontou pro canto, onde três garotos conversavam.
 Um era alto, loiro e bem gostoso, diga-se de passagem. Mas não tinha muita cara de nerd. Os outros dois sim pareciam nerds dos pés à cabeça. Um tinha o cabelo um pouco indeciso. Parecia que ele tinha jogado pro lado e feito topete, mas era muito bonito. Tipo, MUITO bonito. O outro estava lendo um livro de psicologia e estava com um óculos rayban perfeito pra nerd.
- Ta esperando o que? – Perguntei e ela me olhou confusa.
- Me leva pra conhecer eles, assim você já fala com ele. – Falei e Alli virou com cara de “aff”.
- VIU? NÃO TE FALEI QUE ELA IA CONCORDAR? – Alli disse e Emma corou.
- Ok, vamo. –
 Com aquele jeito menina de ser, nós três caminhamos até eles.
- Oi meninos. – Emma disse e eles pararam pra olhar pra ela.
- Oi Emma. – O loiro, alto respondeu por todos.
- Essa aqui é a (Seu Nome), mas chamem de Brazilian Girl porque é mais fácil e essa aqui é Alli… - Ela disse e eles se levantaram.
- Eu sou Greyson - Disse o de cabelo indeciso.
- Sou Garrett – Vez do Loiro.
- Sou Oliver. – O Nerd.
- Pronto; apresentados; podemos ir. – Emma se virou pra sair, mas Alli segurou-a por um braço e eu pelo outro.
- Então… - Alli começou. – todos vocês fazem psicologia?
- Só Greyson e Oliver, eu faço teatro. – Garrett disse apontando pros dois nerds.
- Linda gravidez. – Disse o Greyson.
- Eu não estou grávida. – Falei séria e os três se entreolharam com cara de desespero. Emma e Alli gargalharam e eu acompanhei. – É brincadeira. Estou no ultimo mês. – Falei e eles gargalharam junto.
- QUE SUSTO! – Greyson disse rindo alto.
- Mais então, querem ser do nosso grupo? Ficamos encarregadas de pintar as paredes das salas. – Emma disse e eu a encarei.
“Ficamos?” pensei.
- Claro! – Oliver disse e eu sorri. O menino foi o primeiro a se manifestar, ele ta doidinho pela Emma.
- Vamos então. – Falei ajudando Greyson, o que eu julguei mais divertido, a se levantar.
 Atravessamos o pátio e fomos para a primeira sala. A sala já estava vazia, - o outro grupo já havia se encarregado de tirar as carteiras, lousa, etc. – pegamos jornais e preparamos a sala pra ser pintada. Logo chegaram os outros participantes do grupo – Cole, Dylan, Fred, Santana, Cody, Tom e John -.
- Quem deixou a Santana entrar no grupo? – Perguntei e Emma me encarou furiosa.
- Quem você acha? Fred. – Alli respondeu e eu balancei a cabeça negativamente.
- Olha o tamanho do short da menina, parece uma biscate! – Falei e Greyson que estava do meu lado riu alto.
- Ela é uma biscate. – Ele disse e nós rimos.
- Precisa de ajuda Emma? – Oliver perguntou e Alli me mandou um olhar sapeca.
- Eu ajudo também! – Greyson disse pegando a lata pra ela.
 Atravessei a sala e tentei levantar uma lata de tinta.
- Opa, opa, opa! – Cody correu até mim. – Vai com calma Mulher Maravilha. –
- É só uma lata. – Falei rindo e ele riu também.
- E é só uma criança. Pequenas coisas significam muito. – Ele disse e eu dei um selinho nele. Cody estava com uma bermuda; um tênis preto; e uma camiseta cinza com decote V.
- Tem razão. – Falei e ele assentiu caminhando até a parede que as meninas iam pintar.
- Bom dia Cody. – Emma disse e Cody me encarou.
- É aquele ali. – Apontei pro Oliver que nem percebeu e Cody riu.
- A cara de um, focinho do outro. – Ele disse e eu gargalhei.
- Seu bandido, deixa de ser mal. – Falei e ele riu.
- O professor me mandou ir pra outro grupo, não vou poder ficar com você… - Cody disse segurando minha “cintura”.
- Não mesmo? – Fiz biquinho.
- Não… mas Dylan ta aí pra qualquer coisa. Qualquer coisa. – Ele frisou e eu assenti. – Te amo. –
- Te amo mais. – Ele me deu um selinho e saiu em direção à porta.
- Aiai, como o amor é lindo não? – Emma disse e Alli deu ombros.
- Não sei… - Ela sussurrou e só eu prestei atenção.
 Olhei para o outro lado da sala e vi Fred e Santana se beijando. “Beijando” aqui, significa “agarrando”, “amassando”…
- ALUNOS. – O professor entrou e todos o fitaram. – VOU SEPARÁ-LOS. –
 Na parede em que eu estava, ficou apenas Greyson, Garrett, Alli, Fred e eu. Emma teve que ir para outra sala junto com Oliver, o que foi muito bom. Alli estava absurdamente furiosa, pronta pra bater em Fred.
 Eu fiquei cortando estrelas no papel colorido para enfeitar a parede, Greyson ficou na posição de pintar a parede, Alli segurando a lata de tinta para Grey, Garrett limpando a tinta que caía no chão e Fred segurando a escada. O silêncio estava um pouco tenso e pra ficar pior, Garrett resolveu quebrá-lo.
- Vocês já têm par pro baile? – Garret disse e eu bati a mão na testa. Diabo! Esse garoto não entende o significado do silêncio?
- Vou com Santana. – Disse Fred de imediato e Garrett riu.
- Só porque ela é gostosa não é? – Greyson disse balançando a cabeça, mostrando que não concordava com esse conceito.
- Lógico, e depois ela vai dar pra mim. – Eu não reconhecia Fred. Não era ele. Definitivamente.
- Como ela deu pra todo mundo… - Alli disse alto o suficiente pra Fred ouvir.
- Pelo menos eu tenho um par pro baile. – Fred disse e Alli olhou pro chão, sem fala.
- E quem disse que ela não tem? – Greyson desceu da escada e envolveu a cintura de Alli com as mãos.
- E ela vai com quem? Com você? – Fred disse e soltou uma gargalhada. - Ta perdendo seu tempo. –
- É, mas bem que você adorava perder seu tempo comigo não é Fredizinho? – Alli debochou e Fred ficou vermelho de raiva. Foi nesse momento que eu levantei.
- Pelo menos eu vou poder segurar alguma coisa depois do baile, ao contrário desse gnomo. – Fred disse malicioso. Eu pude sentir as lágrimas de Alli se formando.
- Fred! Pára com isso! – Gritei e ele nem sequer me olhou.
- E o que você acha que vai segurar? – Greyson perguntou tranqüilo.
- Segurar os peitos da Santana, que alias, tem muito mais peito do que essa daí. – Fred disse com desprezo. Alli soluçou e Greyson a puxou pra trás de si.
 Eu já sabia o que vinha depois. Eu até podia ter impedido, mas não. Achei bem melhor esperar e ver Fred tomar a lição que ele precisava.
- Por que não segura isso? - Foi tudo muito rápido. Tão rápido quanto o ritmo que a tinta verde escorreu da cabeça aos pés de Fred depois que Greyson virou a lata todinha em cima dele.
- SEU… - Fred pulou em cima de Greyson e eles começaram a se espancar no chão. Confesso que eu estava até afim de ver quem ganharia a disputa, mas minha amiga estava chorando e eu não sabia quem acudir. Greyson até que estava se virando bem, na realidade, Fred estava perdendo feio.
- GREYSON. – Gritei e ele me olhou confuso. Balancei a cabeça em direção a porta e ele fitou Alli, que saía correndo.
- Aprende a ser homem. – Greyson disse antes de dar um ultimo soco em Fred. Santana correu pra ajudá-lo e Greyson foi atrás de Alli.
 Eu queria ser uma mosca pra saber o que eles conversariam.

*Alli e Greyson - on

 Alli atravessou o pátio lotado em questão de segundos e correu pro gramado. Ela estava com tanta vergonha que podia cavar um buraco ali mesmo pra enfiar a cabeça. Droga, porque os homens são tão burros? Tão insensíveis? Tão… homens?
 A garota soluçava entre as lágrimas e só queria ficar longe daquele garoto. Ela ainda gosta de Fred, mas ele anda ta diferente, tão machista e insensível.
 Alli continuou correndo até que sentiu uma mão puxando-a pra trás. Era Greyson. O garoto estava com a testa sangrando e uma expressão um pouco confusa no rosto. Eles não trocaram uma palavra sequer, Alli apenas virou-se e abraçou Greyson com toda a força que podia.
- Calma, vai ficar tudo bem… - Greyson repetia enquanto Alli encharcava sua camiseta.
 Alguns minutos depois, Greyson, por alguma razão, passou os braços por baixo das pernas de Alli e sentou no chão, deixando Alli em seu colo. Alli continuava com a cabeça afundada na curva do pescoço de Greyson, mas já não chorava, apenas refletia o porquê de não querer sair dali.
- Melhorou? – Grey sussurrou passando a mão nos longos cabelos loiros da garota.
- Um pouco. – Ela respondeu quase num sopro.
- Quer conversar? – Ele perguntou querendo ajudar e ela ergueu o rosto. Alli estava com os olhos inchados e vermelhos, com o lápis borrado e a cara amassada, mas mesmo assim, Greyson não pode deixar de notar o quão bonita aquela garota era.
- Por que ele faz isso comigo? Eu fui uma boa namorada. Cometi alguns erros, mas ele me conhece o suficiente pra saber… saber que eu odeio ser humilhada. – Ela desabafou se lamentando. Greyson comprimiu os lábios e passou uma mecha do cabelo de Alli pra trás da orelha.
- Ninguém gosta de ser humilhado, ninguém merece ser humilhado. Acho que ele não gosta da ideia de que a garota que já foi dele, agora possa estar com outro cara… ele só disse aquelas coisas horríveis porque eu falei aquilo. – Greyson disse o mais suave que podia.
- Mas ele ta com a Santana… - Alli não entendia.
- Ele acha que pode mais do que você porque é homem. Quer um conselho? – Greyson perguntou e Alli assentiu. – Esquece isso. Logo ele vai te pedir desculpas e dizer que foi tudo da boca pra fora…
- Eu devo aceitar as desculpas? – Ela perguntou tentando prolongar a conversa.
- Isso você que tem que saber… - Ele disse e ela sorriu. – Você é uma garota linda, não deveria deixar que te tratem assim. -
- Obrigado… – Ela disse corando. – E você estava falando sério?
- Sobre o que? – Retrucou o gnomo charmoso.
- Sobre me levar ao baile… era sério? – Ela perguntou olhando pra qualquer lugar que não fosse os olhos de Greyson.
- Eu ficaria honrado… se você quiser, claro. – Ele disse cauteloso. Alli simplesmente não podia acreditar. Onde esse garoto estava todo esse tempo? Alli ficou em silêncio por um tempo e Greyson ficou desconcertado. - E então?
- O que? – Alli acordou dos sonhos mirabolantes.
- Aceita ir ao baile comigo? – Ele perguntou e ela sorriu.
- Claro. – A garota deu o melhor sorriso (e olha que com aquela cara amassada, estava difícil).

*Alli e Greyson – off

Continuei cortando as estrelas e conversando com Garrett. O garoto é cheio de charme, claro que a esse ponto, já tinha par pro baile. A garota sortuda se chamava Thaynara e segundo ele, era “a garota dos sonhos” dele. Enfim, fiquei batendo uma prosa com Garrett enquanto morria de preocupação com Alli.
 Foi quando a coisa mais horrenda do mundo, para três amigas inseparáveis, aconteceu. Emma entrou batendo o pé na sala e me fitou furiosa.
- Por que você sugeriu ao professor que o Oliver fosse comigo? – Ela disse de braços cruzados e eu dei ombros.
- Ora, porque pensei que fosse o que você queria… - Falei meio sem entender e ela negou com a cabeça.
- Eu vi o clima que rolou entre vocês, agora me diz, isso é coisa que amiga faça com a outra? – Ok, eu realmente não falo a língua de Emma, mas que dessa vez Garrett também olhou confuso pra ela.
- Emma, do. Que. Você. Está. Falando? – Falei pausadamente pra ver se ela respondia.
- DE VOCÊ E DO GREYSON! – Ela berrou e todos nos olharam. Tentei disfarçar, mas com a pose de Emma e minha cara de tacho, estava difícil.
- Emma, o Greyson é só um colega, qual é o seu problema? – Eu já estava me irritando.
- O meu problema é que passei duas horas me perguntando o que o garoto dos meus sonhos estaria fazendo com minhas melhores amigas. – Ela disse e eu segurei o fôlego.
- Que papo é esse, Emma? – Eu não podia ter entendido certo. Aquilo TINHA que estar errado. – Você não gosta do Oliver?
 Emma descruzou os braços e me olhou fazendo careta.
- Obvio que não, gosto do Greyson! – Emma disse mais calma e eu achei que ia parir a criança ali mesmo.
 Ao fundo da sala, vi entrando Greyson e Alli de mãos dadas e rindo de alguma coisa.
 Fudeu.
Mexer com garoto da outra é estritamente proibido entre melhores amigas, mas Alli estava precisando daquele garoto. Duas opções. Ou eu ficava parada vendo Emma discutir com Alli e depois sair magoada. Ou eu escondia o fato de Alli estar totalmente afim de Greyson e isso ser recíproco, pra depois contar pra Alli e ela resolver isso com calma.
 Como reflexo do desespero, mesmo grávida, peguei Emma no colo e corri pra fora da sala. O que é muito engraçado de se imaginar, pois do nada, peguei minha amiga pelas pernas, joguei no ombro e corri com uma melancia na barriga pra fora da sala lotada de adolescentes. Viu como é engraçado?
- Que porra foi essa amiga? Você não pode carregar peso! – Emma disse passando a mão na minha barriga e eu suspirei de alivio ao perceber que Alli notou o que aconteceu.
- Chama o Cody pra mim? – Pedi como se estivesse ofegante. Na verdade, eu estava ofegante. Atravessar uma sala em dois segundos parece coisa fácil pra quem não carrega uma criança, mas imagina pra mim que estou no ultimo mês? É um sacrifício e tanto. Se a bolsa estourasse ali mesmo, eu não me surpreenderia.
- Claro! Calma! – Emma disse histérica e saiu correndo. Alli apareceu na porta e me encarou confusa.
- Que diabos foi isso? – Ela perguntou e eu peguei fôlego.
- Emma gosta do Greyson, não do Oliver. – Soltei como bomba e ela chegou a arregalar os olhos.
- O que? – Ela disse se se encostando ao batente da porta. Existem dois tipos de “o que?”. O primeiro significa “Desculpe, mas não consegui ouvir o que você disse, pode repetir, por favor?” e o segundo significa “Eu ouvi o que você disse, só não posso acreditar no que quis dizer”. Considerando que Alli estava bem de frente pra mim, podemos descartar a primeira opção.
 Nesse momento Emma apareceu correndo no inicio do corredor e logo atrás veio um menino cheio de tinta, desesperado e derrapando na corrida. Ele parecia estar na maratona e quando chegou, eu só faltei me urinar de tanto da risada.
- EMMA, VOCÊ NÃO DISSE QUE A BOLSA TINHA ESTOURADO? – Ele berrou depois de me dar um longo abraço por ter visto que eu estava bem.
- Eu exagerei… um pouquinho. – Emma disse e ele olhou furioso pra ela.
- “Eu exagerei um pouquinho” – Cody disse em tom de deboche. – Eu quase morri do coração mulher! -
- Eu to bem amor, calma. Só fiz um pouco de força demais carregando Emma. – Falei e ele me olhou confuso. Mandei um olhar significativo e ele riu.
- Entendi… entendi TUDO. – Ele disse e eu ri alto. – Mas já que eu estou aqui, você está aqui… - Ele fez uma dançinha e eu ri mais ainda.
- Rola um beijinho? – Perguntei e ele olhou pro alto fazendo cara de pensativo. Passei meus braços por cima dos ombros dele e ele segurou minha cintura (se é que havia alguma lá).
- Quantos beijinhos você quiser. – Ele disse e eu ri selando nossos lábios.
- AAAAHQUALÉEE! – Emma disse e eu me lembrei de Avril. Avril estava em casa, pois a preguiça não a deixa levantar cedo pra ajudar a arrumar o pátio. Mas, mais tarde ela iria participar da surpresa pro Cody.
 Cody e eu continuamos nos beijando. Nossas línguas calmas, só aproveitando o momento. Cody dava mordidinhas no meu lábio inferior quando nos afastávamos dois centímetros só pra respirar e voltar ao beijo. O abracei e deixei minhas mãos só deslizarem pelas costas dele, subindo e descendo como se quisesse apenas ocupar espaço. Não sei quanto tempo ficamos ali, pois tudo sumiu e foi como se ninguém mais falasse nada. Só nós dois, ali, nos beijando.
- CRIANÇAS, AQUI NÃO É LUGAR DE FICAR BEIJANDO NÃO! ANDEM, VOLTEM AO TRABALHO! A FORMATURA JÁ É SEMANA QUE VEM! – Disse o professor batendo palma pra ver se nós íamos mais rápido.
 Desgrudei nossos lábios e sorri pra Cody, que retribuiu.
- Até daqui a pouco meu amor. – Falei pensando na surpresa.
- Até pequena, até. – Ele disse e eu sorri.  
 Cody foi se afastando sem tirar os olhos de mim, e eu o deixei sumir na minha vista.
- Como vocês podem ser tão fofos um pro outro? – Tom apareceu na porta e eu dei um pulo. Olhei em volta e vi que a galera toda – menos Fred – estava me encarando.
- Vocês tão aqui há quanto tempo? – Perguntei me ajeitando e eles riram.
- Desde que vocês começaram a se beijar. – Greyson disse suspirando e eu ri.
- O que faz uns… cinco minutos? Dez? – Dylan disse e eu ri.
- Fazer o que? – Dei ombros e Garrett riu.
- “Fazer o que se fomos feitos um para o outro?” – Cole tentou me imitar e todos riram.
- Rá, rá, muito engraçado. – Ironizei, ele mostrou a língua e eu retribuí.
- Agora vamo lá manolada, hora de trabalhar. – Falei batendo palmas e todos suspiraram.
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –
 - Não acredito! Que bafo! – Avril disse não acreditando na história.
Passamos a tarde toda trabalhando, conversando, desabafando, etc. Depois Alli deu uma desculpa e disse que ia pra minha república e depois de longos abraços e trocadas de olharas do tipo “Por que você não me avisou que ela estaria aqui?”, sentamos pra conversar sobre Greyson.
- E o pior é que ele foi o cara mais legal que eu conheci até hoje. De verdade, vou ter que bater um papo com Emma. Acho que ela vai entender… - Alli disse e eu assenti. Mesmo lembrando aquela cena que Emma fez na sala.
- Acho que vai ser o melhor também. – Avril disse e Alli deu ombros.
- Ou talvez eu não vá ao baile… - Alli disse e eu virei pra mandar um olhar mortal.
- ELE TE CHAMOU PRO BAILE? – Perguntei e um sorriso grande se formou no rosto de Alli. – AI MEU DEUS!
- Eu nem acredito! – Alli disse e eu ri.
- Garoto esperto! – Avril falou rindo. PS: Avril está um pouco ausente na conversa, pois está tão entretida com uma panela de brigadeiro que nem nos ouvia direito.
- Eu tenho que comprar o vestido, ai meu deus, o vestido! – Alli disse e eu gargalhei.
- Calma, ainda tem um tempo. – Falei olhando no relógio. – Falando em tempo… -
- Hora da surpresa? – Avril perguntou toda suja de brigadeiro e Alli riu.
- Hora da surpresa. Bora! – Obviamente, levantar não foi tão fácil. Alli me ajudou e Avril abriu a porta. Tenho a impressão que um dia, não passo pela porta. Deve ser só impressão mesmo.
 Dylan estava com o tal novo carro nos esperando em frente o prédio. O carro era do tipo pra família toda. Daqueles que mais parece uma van do que um carro. Alli e Avril iriam à frente, enquanto eu esperaria Cody.
- Tudo certo? – Greyson perguntou e eu assenti.
- Certíssimo. – Falei fazendo um sinal de ok com a mão.
- Então até daqui a pouco. – John disse e eu acenei.
- E CUIDADO NA HORA DE SUBIR PRA REPÚBLICA! – Dylan gritou e eu bufei. Tava demorando pra alguém falar isso.
- Ok, relaxa. – Virei e fui andando até a porta do elevador.
 Entrei na republica e deitei na cama pra pensar um pouco.
Será que Cody me convidaria pro baile? Ou ele nem tchum?
 Até porque mesmo se ele convidasse, eu não teria roupa pra ir. Falta só uma semana pro grande dia do baile e todos os convites já foram vendidos.
 Fiquei ali tentando me convencer de que eu não precisava ir ao baile, de que eu não queria ir ao baile… mas não funcionou. Só há um baile durante toda a vida de uma garota e esse baile seria semana que vem. Poxa, será que Cody não iria me chamar mesmo?
- Pequena? – Ouvi Cody me chamar e depois a porta bater.
 Ajeitei o cabelo, como sempre fiz e fiz minha melhor cara de “Estou bem, e você?”
- Amor, to aqui no quarto. – Falei alto o suficiente e ele apareceu na porta.
- Oi. – Ele disse fofinho e eu sorri.
- Vemk… - Dei duas batidinhas na cama e ele veio correndo. – Dá um beijinho. – Falei e ele riu.
- Da ultima vez que você disse isso, passamos dez minutos se beijando. – Cody disse e eu gargalhei.
- E a galera toda ficou encarando a gente. – Falei e ele riu. – Cabrito: quero te fazer uma surpresa. –
- Surpresa? – Ele repetiu e eu ri.
- É surpresa. – Eu disse gesticulando.
- E onde fica essa surpresa? – Ele falou e eu dei ombros.
- É surpresa. – Essa conversa ta parecendo dialogo de surdo.
- Mas com eu vou dirigir se não sei onde é? – Ele perguntou e eu suspirei.
- Eu vou dirigir, na minha moto. – Falei como se fosse obvio e ele balançou a cabeça cinco vezes falando que não.
- Primeiro que você ta grávida. – Ele disse se afastando um pouco pra parecer que estava bravo.
- O médico disse que eu posso dirigir sim! Devagar, mas posso! – Retruquei e ele não cedeu.
- Segundo que você ainda ta traumatizada por causa do acidente. – Ele disse e eu ri.
- Não to não. – Respondi e ele me olhou sério.
- Está sim – Cody retrucou e eu entendi. Ele é que estava traumatizado.
- Cody, não vai acontecer nada demais. Deixa o passado pra trás, eu estava mal, estava chovendo… - Ele nem me deixou terminar.
- Mas eu tenho medo. – Ele disse alto e firme.
- Me dá essa chance Cody, é importante. – Falei calma e olhando nos olhos dele.
- Ok – Ele cedeu e eu sorri. – MAS… devagar. –
- AW, BRIGADA AMORZINHO, EU TE AMO! – O abracei e dei dezenas de beijinhos nele todo.
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –
- Vai mais devagar. – Disse o garoto que estava com uma venda.
- Ok… - Diminuí a velocidade.
- Mais devagar. – Cody disse e bufei.
- Cody, se eu for mais devagar a moto cai pro lado! – Falei e ele riu.
- Ta desculpa, mas porque tenho que ir vendado mesmo? – Ele perguntou e eu ri alto.
- Por que. É. Surpresa. – Falei frisando todas as palavras.
- Ta, mas estamos chegando? – Ele não calava a boca e eu ri denovo com a ansiedade dele.
- Na realidade, chegamos. – Falei e apertei a buzina três vezes, como o combinado.
- Ta, agora me ajuda a descer. – Ele disse e eu ri. Desci da moto e ajudei-o a descer.
- Pode tirar a venda. – Falei segurando a mão dele e ele com a outra, tirou a venda dos olhos.
- SURPRESA! – A galera gritou e Cody pareceu não entender.
- A galera é a surpresa? – Cody me olhou incrédulo.
- Não seu mongolóide! – Dylan gritou e eu fui caminhando com Cody até eles.
- O que é então? – Cody perguntou e eu ri.
- Não reconhece nada por aqui? – Perguntei e ele olhou em volta.
 Ele olhou pra praia, pros prédios ao fundo, depois fitou a galera e em frente o que a galera estava.
- Ai meu deus! – Ele disse e eu sorri.
- Cody, a gente fez uma vaquinha singela e… - Emma foi interrompida por Cody.
- Não acredito! – Cody disse e todos riram. – Singela? “Vaquinha singela” é o que a gente faz pra comprar um pastel! Isso aqui é uma casa gente! –
 Todos riram e eu apertei a mão dele com mais força.
- Você estava trabalhando muito cara, a gente não agüentou te ver assim e bem… compramos. – Cole disse.
- Aqui é onde eu quero ver meu afilhado/sobrinho crescer. – Alli disse e eu fitei Cody. Ele estava muito emocionado. O sorriso de ponta a ponta e os olhos lacrimejados que revelavam que ele estava prestes a chorar demais.
 Lembra da casa da Barbie? A galera teve a brilhante ideia de juntar uma grana e comprar. E não é que deu certo? Ok, confesso que Angie, Brad e meus pais deram a maior parte da grana, mas fazer o que? Todos ajudaram.
 A casa de dois andares, de frente pro mar, era branca com os detalhes pretos. A sacada enorme provavelmente vinha do quarto maior. Ao fundo da casa havia uma piscina, um parquinho com escorregador, gira-gira e balanço, e essa área toda tinha um gramado verdinho, perfeito pra Dorinha. A porta era de vidro e pra entrar tinha que subir alguns degraus. A sala enorme… enorme mesmo. Era o equivalente a duas repúblicas, eu acho. A cozinha linda, com um balcão com forno embutido e tudo! E os quartos, ah, os quartos. A escada da sala ia até uma espécie de pátio, nesse pátio havia cinco portas. Sei que é só uma criança que está a caminho, mas nunca se sabe. Além de que eu vou precisar de um escritório pra escrever meus livros. Os outros quartos eram grandes e como eu disse, o maior tinha uma sacada linda com vista pro mar.
 Pra surpresa de todos, ouvimos um soluço e fitamos Cody. Ele estava chorando. Chorando tanto que os soluços eram constantes. E ele chorava com um sorriso no rosto.
- AI CODYYYY! – Avril correu e abraçou Cody.
- Vocês são… os melhores amigos que existe… na face da terra. – Cody disse entre soluços e aí que o chororô começou de vez. Todo mundo se emocionou. Até Dylan, que não chora nem em enterro, chorou como todo mundo. Quem passava por ali deve ter pensado que alguém tinha morrido, ou algo assim. Eu então? Só não me afoguei em lágrimas porque a galera me mandou parar de chorar. Não funcionou, mas eu me contive um pouco.
 Cody fez questão de abraçar cada um dos nossos amigos, assim como eu fiz no dia em que compramos. Depois entramos na casa, fizemos a maior farra, planejamos um monte de coisas pros cômodos, pena que a tarde caiu e a noite surgiu (gostou da rima?) e assim, tivemos que ir embora pra levar Avril pro aeroporto e digamos que a despedida foi mais triste do que eu pensei. Demos um longo abraço e trocamos tantos emails de rede sociais que nem coube no bolso direito.
 Deixei minha moto na garagem da nossa casa - sim, já podemos chamar aquela casa de “nossa casa” – e fomos todos no carro tamanho família de Dylan.
- Querem dar um passeio? – Cody perguntou e todos o fitaram curiosos.
- Já vai dar meia noite Cody, não tem nada aberto. – Emma disse e eu sorri imaginando pra onde Cody queria levar os amigos.
- Vira à direita, depois esquerda e vai reto. – Cody disse e Cole virou confuso.
- Mas isso não dá no US Bank Tower? – Cole perguntou e eu ri.
- Não é onde o Cody te pediu em casamento? – Tom perguntou e eu assenti.
- É a vista mais linda que eu já vi! Vocês precisam conhecer. – Falei e Cody sorriu pra mim. Que vontade que eu estava de beijá-lo até não poder mais.
 Chegamos ao arranha-céu e Alli só faltou ter um treco.
- VOU SUBIR NISSO AÍ NÃO NEGADA, NEM VEM! – Ela disse se afastando e eu ri.
- Vamos Alli! Olha, eu seguro sua mão. – Greyson disse e nossa, acho que Emma quase matou alguém ali mesmo.
 Alli suspirou sem perceber que Emma estava ali e eu só faltei fazer uma placa com uma flecha gigante apontando pra Emma. Mais cedo eu tinha tido uma longa conversa com Emma e ela disse que pediu Greyson pra ir ao baile com ela e ele recusou porque já tinha par. Segundo ela, ele disse que estava apaixonado. Mas preferi não contar pra Alli. Ela descobriria sozinha. Já Emma, disse que a companhia de Oliver não é tão ruim assim e que é até divertido.
 De qualquer maneira, eu não tinha uma boa impressão desse baile pra Emma.
 O elevador subiu lentamente e quando chegamos ao alto, as reações foram as mesmas.
- Ai meu deus, que lindo! – Tom disse e eu sorri.
- É maravilhoso. – Greyson disse de mãos dadas com Alli.
- Ainda bem que eles gostaram. – Cody disse e eu virei pra ficar de frente pra ele.
- Impossível não gostar daqui. – Falei apoiando a cabeça no ombro dele e ele negou.
- Impossível é não gostar de você. – Cody acariciou meu rosto.
 Vou dizer o que é impossível. Impossível é olhar uma vista linda e não se lembrar de quem você ama. Impossível é não desejar que esta pessoa estivesse ao seu lado. Assim como Cody e eu, que só queríamos ficar abraçados, os outros casais presentes fizeram o mesmo.
 Tom colocou a cabeça na curva do pescoço de John e John o abraçou por completo. Greyson, apesar de discreto, a cada segundo puxava ali mais pra perto de seu corpo e obviamente, Alli não hesitava em abraçá-lo. Mas e Emma, Cole, Dylan e Garrett? Estar solteiro não significa estar sozinho. Os quatro ficaram apenas encarando Los Angeles de frente, mas estavam visivelmente, com o pensamento em outras pessoas. Emma devia estar pensando em Oliver. Cole e Dylan em alguma garota que era importante e Garrett em Thay.
 O perfume de Cody me deixou em êxtase. Passei um dos meus braços por cima do ombro dele e fiquei fazendo carinho entre seus cabelos. Nós dois nos movimentávamos lentamente de um lado pro outro, como se dançássemos com o silêncio. Ergui a cabeça e deixei nossas testas juntas, só pra sentir nossas respirações se misturando.
- Você sabe dançar valsa? – Cody perguntou alto o suficiente pra todos ouvirem.
- Só o que aprendi com o Diário de Princesa. – Falei e ele sorriu provavelmente da minha capacidade de falar bobeira.
- Será que pode me ensinar até Sábado que vem? – Ele perguntou e eu suspirei.
- Acho que sim, por quê? – Perguntei sem nem tentar pensar no que ele estava falando.
- Não quero te fazer pagar mico… principalmente, - Cody se afastou um pouco e tirou dois convites do bolso. – quando é o baile de formatura. –
 Não pude esconder o sorriso. Principalmente quando ele brotou de ponta a ponta do meu rosto.
- Isso é um sim? – Ele perguntou fazendo cara de confuso e eu o encarei. – Você aceita ir ao baile comigo? –
- E você ainda pergunta menino? – Tom disse e todos riram.
- Fica quieto, quero ouvir a resposta. – Dylan disse e eu ri.
- Claro que eu aceito cabrito! – Respondi como se fosse obvio e ele juntou as sobrancelhas.
- Sério? – Ele perguntou e todos riram.
- Muito sério. – Sorri e ele franziu a testa.
- Você tem certeza absoluta? Não sou bom de valsa e… - Cody ia falar mais alguma coisa, mas não deixei. Apenas o interrompi selando nossos lábios.
- AEEEEEE! – John gritou e todo mundo bateu palmas.
 Cody colocou a mão na minha nuca e pediu passagem com a língua.
Eu iria ao baile, e sem dúvidas, seria o melhor baile da minha vida.
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – 
 
Olhei-me no espelho pela ultima vez naquela noite.
 O grande dia chegou. Depois de uma semana cheia, contrações doloridas, olhares de preocupação de Cody… o dia do baile havia chegado e eu mal podia acreditar que era a ultima vez que eu pisaria naquela faculdade, naquela república.
“Até que não ficou tão ruim” pensei depois de me analisar no vestido. Mas é verdade. Cody não havia me visto e eu não o vi. O trato era de nove e meia em ponto, estarmos na sala. Assim seria mais fácil.
 Respirei fundo e olhei no relógio. Nove e vinte e oito.

* Cody - on

 Depois de passar duas horas aprendendo a dar um nó em uma gravata, finalmente consegui me ajeitar. Eu não estou tão ruim quanto pensei que estaria de terno. Até ficou bonitão, modéstia à parte.
 Puxei o celular do bolso e vi que era nove e vinte e nove. Fiquei de frente pra porta imaginando como eu estaria e como ela estaria… O celular mudou o número e eu abri a porta.
 Foi então que a mulher mais linda do mundo ficou de frente pra mim. Ela estava completamente maravilhosa. O vestido, balãozinho branco com detalhes azuis, é amarrado em volta do pescoço e ia até um pouco acima dos joelhos. Os cabelos com leves cachos nas pontas caíam sobre os ombros e ganhavam um toque especial com um enfeite em forma de flor.
- Como eu estou? – Ela perguntou e eu demorei um pouco pra absorver a pergunta. Como eu poderia descrever tamanha beleza? Existe algo no mundo tão bonito quanto a garota que estava de frente pra mim?
- Pequena você parece um anjo. – Falei por impulso e ela corou. Eu simplesmente não conseguia desviar o olhar dela. Caminhei até ela e acariciei seu rosto.

* Cody - off

 Inclinei a cabeça, mas ao invés de beijá-lo, apenas deixei minha boca entreaberta à disposição. Ele roçou nossos narizes e inclinou a cabeça para o lado contrário, assim selando nossos lábios.
 Meu celular tocou e juro que o amaldiçoei profundamente por isso.
- Droga. – Falei abrindo a bolsa e pegando o celular.
- Tudo bem amor, temos tempo pra isso. – Cody disse alisando meu cabelo e eu sorri.
 Ele estava lindo naquele terno preto com gravata azul. Por questões culturais, ao invés de usar sapato social, Cody colocou um allstar preto. O que é pura originalidade.
- Oi? –
- Amiga, corre pro baile. Temos um problema. – Tom disse e eu prendi a respiração.
- Dez minutos. Segura aí. – Desliguei o celular e fitei Cody.
- SOS Emma. – Falei e Cody deu um pulo.
- Melhor irmos correndo. – Ele segurou minha mão e eu o encarei.
- Com essa barriga só se for rolando. – Eu murmurei e ele riu.
- Já falei que você ta linda. – Ele disse e eu ri.
 Atravessamos o gramado e chegamos ao pátio principal do baile. Estava tudo tão lindo. Só de imaginar o trabalho que tivemos pra deixar daquele jeito, até dá cansaço. Mandei uma mensagem rápida pra Tom que respondeu no mesmo segundo dizendo que estavam na sala que pintamos. Eu saí correndo –ou no caso, rolando- até a sala. Cody correu atrás e quando cheguei encontrei uma Alli chorosa, um Greyson confuso e uma Emma encharcada de tanta lágrima. O resto da galera estava chocada e em volta dos três. Tom correu até o outro lado da sala e segurou meu braço com força.
- Oliver deu um bolo na Emma e quando Emma foi contar pra Alli… - Nem deixei Tom terminar. Atravessei a sala e só então pude escutar a discussão das duas.
- Emma… - Alli tentava interromper Emma, mas a garota simplesmente queria desabafar pra que todos ouvissem.
- O que aconteceu? – Cody cometeu o maior erro que pode se cometer durante uma discussão que não te inclua.
- O que aconteceu? VOU TE EXPLICAR O QUE ACONTECEU: - Emma secou algumas lágrimas e pegou fôlego. – UMA DAS MINHAS MELHORES AMIGAS MENTIU PRA MIM. E MENTIU FEIO. –
- Do que ela ta falando? – Greyson perguntou e Alli soluçou.
- DIZ PRA ELE ALLISON, DIZ. – Emma gritou umas cinco vezes e Alli virou pra olhar nos olhos de Greyson.
- Emma gosta de você. Mas eu só fiquei sabendo disso depois que tudo aquilo aconteceu na sala e eu não tive coragem de cancelar o baile por que… - Alli parou de falar e Emma olhou pra ela como se tivesse entendido tudo.
- PORQUE ELA SE APAIXONOU POR VOCÊ TAMBÉM. – Emma disse e todos se entreolharam. – E o pior não é que minha melhor amiga é o seu par Greyson… -
- O que é? – Alli perguntou soluçando entre as lágrimas. Ver aquilo é triste. Tentei conter algumas lágrimas, mas elas escorriam sem controle. Eu não tive reação. Não conseguia sequer me mover. Ver duas grandes amigas brigarem dói. Dói que seu coração aperta. Fiquei ali, parada acariciando minha barriga. Eu simplesmente não podia me sentir mal.
- O pior Alli, é que você não confiou em mim! Você não deu a mísera oportunidade de eu aceitar que vocês se gostam muito. – Emma dizia calma, o que significava que ela não dizia com raiva, e sim magoada.
- Emma… - Murmurei e ela virou pra me olhar.
- Você sabia disso também não sabia? – Ela disse se virando pra mim e secando mais lágrimas. – Vocês andavam muito estranhas comigo e eu sabia que era algo sobre o baile. Droga, eu sou tão burra!
- A gente ficou com medo Emma! – Falei com calma e ela riu sarcasticamente.
- E eu sou um bicho de sete cabeças pra vocês terem medo? Vocês não me contaram porque acharam que eu fosse explodir e me magoar feio. – Emma disse e eu caí no chororô.
- Então Emma, a gente pensou que você ia se magoar tanto que nunca mais ia me perdoar. – Alli tentou nos justificar e Emma suspirou.
- E vocês pensaram certo. – Emma disse virando e batendo o salto pra fora da sala. Greyson ainda um pouco confuso, me fitou.
- Eu tenho que ir falar com ela? – Grey perguntou sem entender nada.
- Não… - Dylan disse e saiu em disparada da sala.
 Greyson virou e abraçou Alli com força. Muita força. Cody fez o mesmo, e eu deitei a cabeça no ombro dele.
- Pára, por favor, não chora. – Cody disse secando algumas lágrimas e eu suspirei.
- A culpa é minha não é? Se eu tivesse dito a verdade pra ela… - Falei e Cody me interrompeu.
- Ela teria reagido da mesma forma, ou pior. A culpa não é sua pequena, não é mesmo. – Ele disse tentando me consolar. Olhei por cima do ombro de Cody e vi que Alli fez o mesmo. Soltei-me de Cody e ele parecia já saber o porquê disso. Alli fez o mesmo e nós caminhamos até poder, finalmente, nos abraçar.
- Desculpa. – Falei sentindo algumas lágrimas escorrerem ainda.
- Eu devia ter feito alguma coisa antes… - Alli disse afobando as lágrimas no meu pescoço.
- A culpa não foi sua amiga. Ela estava de cabeça quente, depois ela… ela vai melhorar, ela vai perdoar a gente! – Falei e Alli se afastou um pouco e tentou se reconstruir.
- Eu me borrei toda. – Alli disse e eu ri.
- Se a gente sair daqui agora, o povo vai achar que viemos vestidas pro Hallowen. – Falei e ela riu.

*Emma – On

 Emma correu pra sacada. Era o único lugar que estava vazio no baile. A sacada dava vista pra todo o gramado e para a lua cheia que brilhava no céu. A garota ficou encostada no mármore só tentando entender o porquê da vida dela ser tão sem amor. Primeiro Dylan, depois Greyson e agora Oliver. Ela realmente estava gostando do garoto e ele simplesmente não apareceu. Emma não queria ter dito tudo aquilo pras amigas, mas foi quase um piloto automático, sabe? Quando sua vida ta um pé no saco e tudo que você faz é automático? Como uma força da rotina? Mas ela já estava arrependida. Só queria tomar um ar antes de ter que voltar pra casa. Não havia o que fazer naquele baile. Sem par, sem humor, sem amigas… o primeiro e o ultimo baile que fora um fiasco. Tem como ser mais azarada?
 A moça nem se importou ao ver alguém se encostar ao mármore também, ao lado dela.
- Noite ruim? – Ela reconheceu a voz de Dylan.
- Ruim é elogio. – Emma respondeu nada empolgada.
- Talvez você devesse perdoar elas. – Disse Dylan sem tirar os olhos da lua.
- Não sei, elas não fizeram algo certo. – Emma respondeu com sinceridade e Dylan riu.
- Durante esses últimos quatro anos, meu irmão deu tantas mancadas comigo que fica até difícil de escolher uma pra usar como exemplo. – Dylan disse tentando ser amigável.
- E você o perdoa? – Emma perguntou e Dylan riu verdadeiramente.
- Ele é meu irmão. Sei que ele deu mancada comigo, mas ele jamais me faria mal de propósito. Quem ama perdoa. – O garoto disse agora olhando pra Emma.
- Quem ama não machuca. – Emma retrucou e ele negou.
- Quem ama se preocupa. Na maioria das vezes que Cole deu mancada comigo, ele fez por me amar. Até quando me deu um soco na cara. – Dylan disse e Emma o fitou curiosa.
- Ele te deu um soco? – Ela perguntou e ele suspirou.
- Longa história. – Ele disse e a garota riu. – Isso foi um sorriso ou eu estou ficando louco? –
- Acho que você ta ficando louco. – Emma disfarçou e ele riu.
- Quer saber? Esse Oliver é um idiota por ter te deixado aqui. E Greyson? Bem, ele não dos melhores pra você. – Dylan disse e Emma o fitou curiosa.
- E quem é o melhor pra mim? – Ela perguntou olhando nos olhos dele e ele fez cara de pensativo.
- Hm… loiro, alto, sorriso bonito, brincalhão… - Ele disse e Emma riu.
- Você é o melhor pra mim? – Ela perguntou e ele a fitou com cara de ator.
- Eu ia falar que era o Cody, mas já que você insiste… - Ele brincou e a garota gargalhou. – Quer dançar? –
- Hã? – Ela se perdeu nas risadas.
- Eu perguntei se você quer dançar. – Ele repetiu e ela franziu a testa.
- E seu par? – Ela perguntou e ele suspirou.
- Não tenho. – Ele disse e ela se assustou. – A não ser que você conheça alguma garota que se habilite a este cargo. - 
- Hm… - Emma fez cara de pensativa. – Conheço uma. –
- Como ela é? – Dylan perguntou e Emma juntou as sobrancelhas.
- Cabelos cacheados, alta, vestido roxo, cara amassada… - Ela disse e os dois gargalharam.

*Emma - off

 - Eu to ficando louca ou aquele é o Dylan dançando com Emma? – Cody perguntou e eu me virei pra ver.
- Ai meu deus do céu. Lindão arrasando corações. – Falei e Cody riu.
- Nunca gostei dessa história de chamar o Dylan de lindão. – Cody disse sentando ao meu lado no pufe vermelho.
- Ah não é? Por quê? – Perguntei bebendo mais um gole do ponche.
- Porque eu sou seu lindão. – Ele fez pose e eu ri.
- Você é meu Cabrito Sedução Simpson. – Eu disse e ele riu.
- Hm… Emma ta vindo pra cá. – Cody disse e eu respirei fundo.
- Amiga? – Foi a única coisa que Emma disse. Ouvir aquele “amiga” significou muito pra mim. Eu virei e a abracei com toda força.
- Você me perdoa? – Perguntei me afastando e ela riu.
- Quem ama perdoa. – Ela disse e Dylan sorriu atrás dela.
- Você Cof, Cof, e o Dylan Cof, Cof… - Disfarcei e ela riu.
- Estamos Cof, Cof, fazendo companhia um pro outro. – Ela disse rindo.
- É a língua do Cof? Nunca tinha visto essa… - Dylan disse e Emma riu.
- É puro Swaggé. – Cody se intrometeu e nós rimos.
- Então voltem a dançar, não quero atrapalhar. – Falei e eles riram.
- Se vir a Alli, diga que quero falar com ela. – Emma disse e eu assenti.
 Os dois se distanciaram, passaram pela multidão de adolescentes que bebiam e dançavam que nem… adolescentes bêbados. E eu os perdi de vista.
- Tudo fica bem, quando acaba bem. – Cody disse e eu assenti. – Senta aqui. – Cody bateu no colo dele e eu ri.
- Hm… eu to um pouco mais pesada. – Falei e ele riu.
- Tudo bem, senta aqui do mesmo jeito. – Ele disse e eu ri. Sentei, mas de uma forma que meu bumbum ficasse no pufe, as pernas em cima de Cody e a barriga… bem, a barriga estava lá de qualquer maneira.
 Cody me envolveu com seus braços e juntou nossas testas.
- Você quer ser a rainha do baile? – Ele perguntou e eu sorri.
- Eu to com você… - Falei deslizando minha mão pra nuca dele. – Eu já sou uma rainha. –
 É, eu também posso ser fofa, negada!
Cody sorriu e selou nossos lábios. A língua dele entrou com calma, mas precisando daquilo. Nós nos beijamos sem pressa, como se tivéssemos a eternidade pra fazer isso. Como se estivéssemos novamente, em um pátio vazio.

*Alli - on

 Alli nunca gostou de ficar no meio da muvuca. Sempre foi fã da tranqüilidade da praia e esse tipo de coisa. Greyson percebeu isso quando a garota parou de falar. O que é muito estranho já que Alli normalmente não cala a matraca.
- Quer ir pra um lugar mais tranqüilo? – Ele perguntou e ela olhou pra ele e sorriu.
- Por favor. – Ela disse e o garoto pegou a mão dela e a guiou pra fora do pátio.
 Os dois foram tropeçando pro gramado e rindo de algumas bobagens que comentavam.
- Você e Fred tiveram uma longa história não é? – Greyson perguntou e Alli fez careta.
- Não acredito que você vai falar desse ‘coisa’. – Ela disse e ele riu.
- Ok, quer falar do que então? – Ele perguntou e ela fez cara de pensativa.
- Que tal de você? Até agora só sei que você faz psicologia, toca piano, é pirado e adora qualquer tipo de animais. – Ela disse e ele riu.
- Não sou pirado. – Ele disse e a garota virou só pra encará-lo. – Ok, um pouquinho. –
 A garota riu e ele também.
- Posso te fazer uma pergunta? – Greyson disse e Alli assentiu. – Aquilo que Emma disse, é verdade mesmo? –
- Sobre ela gostar de você? É. – Alli disse e Greyson parou de andar.
- Na verdade, to falando sobre outra coisa. – Ele ficou de frente pra Alli. – Você ta mesmo apaixonada por mim? –
 Que pergunta difícil. Talvez não fosse tão difícil de responder, mas Alli tinha medo da reação de Greyson. Eles se conheceram há apenas uma semana e ela estava completamente apaixonada por ele.
- Sim… Não… talvez… - Alli se enrolou toda pra responder.
- Como assim? – Greyson deu um passo pra trás e Alli suspirou.
- Depende. – Alli disse rápido e Greyson franziu a testa.
- Que papo é esse? – O garoto disse mais confuso que o normal.
- Se for pra você me dar o fora, eu não estou apaixonada. – Alli disse e Greyson riu alto. – Ta rindo do que menino? –
- Você é meio complexada com seus últimos namorados não é não Alli? – Ele perguntou e a garota riu. – Não vou te dar o fora, só quero saber. –
- Se é assim… é, é a mais pura e límpida verdade. – Ela disse e Greyson parou de rir. O garoto ficou apenas olhando nos olhos de Alli. Realmente, ela ficava bem mais bonita quando não estava chorando.
 Ele delicadamente envolveu as duas mãos nas mãos de Alli e a garota ficou sem reação. Ele deu passos suficientes pra juntar a testa dos dois e deslizou uma das mãos até a nuca dela.
- Greyson, o que você… - Alli foi interrompida quando Grey selou os lábios no dela. Ele não pediu passagem, apenas deu um selinho demorado. De qualquer maneira, pra Alli, aquilo significou muito.
 Ela não queria um garoto que a chamasse de gostosa, não queria alguém pra transar e muito menos só pra dar uns pegas. Alli é o tipo de garota que sonha com um romance, e embora isso seja antiético, muitas vezes teve inveja das amigas. Inveja da branca, claro.
 Alli ainda estava com os olhos abertos, mas se surpreendeu quando viu que Greyson estava com os olhos fechados. Ela fez o mesmo e assim que feito, Grey pediu passagem pra língua. Ela logo deixou e então, eles puderam sentir o gosto um do outro.

*Alli – off
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- Eu acho que a Warner acabou com a saga. – Falei e Cody balançou os ombros.
- Acho que ficou mágico do mesmo jeito. – Ele disse engolindo a uva.
 Pra você que ainda não entendeu, nós estávamos falando sobre a saga Harry Potter. Eu dizia que os livros eram melhores e os filmes uma merda. Já Cody dizia que tanto faz como tanto fez, ambos ficaram bons. – Amor, você consegue dançar? –
- Hm… se a música for lenta. – Falei e ele riu.
Senti uma dor forte. Ignorei e voltei a escutar Cody.
- Mas é uma música lenta que eu quero dançar… - Ele disse e eu dei meu melhor sorriso.
- Então estamos esperando o que? – Perguntei ficando de pé e ele riu.
- Estamos esperando uma música lenta – Ele disse e eu parei pra ouvir a música que estava tocando. Rihana dominava o local.
- QUE DOLGA TIO! – Cruzei os braços imitando Sammy bravo e Cody gargalhou.
- Ok, vou pedir uma música. Fica aí. – Ele beijou minha testa e entrou no meio da multidão.
 Esperei por um tempo e foi então, que uma pessoa me reconheceu de longe.
- Oi. – Ouvi uma voz fina e doce ao mesmo tempo.
 Quase cuspi o ponche.
- Thorne? – Perguntei de olhos arregalados e me virei pra olhá-la.
 Ela estava com os mesmos cabelos cor de fogo, o mesmo nariz e a mesma ausência de peitos, mas da mesma forma, estava bonita em um vestido rosa claro.
- Eu sei que você não gosta muito de mim, mas tive que vir te desejar um bom casamento e… -
- Quem te trouxe no baile? – Interrompi Bella e ela riu.
- Na realidade eu vim porque o amigo de Garrett me convidou. – Ela disse e eu tomei um choque de realidade.
- Você conhece Garrett? – Perguntei e ela suspirou.
- Ele é meu ex… Infelizmente ele me trocou pela Thay… acho que ele se apaixonou por ela – Ela disse e eu levei o copo de ponche à boca só pra não ter que falar nada, porque se eu falasse, ia sair algo como “Garoto esperto”, “Certo ele!” e “Eu faria o mesmo”. – Mas então, onde está Cody? –
- Foi falar com o DJ. Mas o que você ia falar? – Perguntei e ela fez uma careta como se eu tivesse lembrado ela do que falar.
- Ah, nada demais. Só te desejar felicidades e pedir desculpa pelas coisas que fiz com você… - Ela disse e eu ri. Temos que combinar que “nada demais” e “coisas que fiz com você” não combinam na mesma frase para Bella Thorne dizer, principalmente pra mim, mas eu relevei. Poxa, ela veio até mim só pra te pedir desculpas.
- Tudo bem. Passado é passado. – Falei e ela sorriu.
- Jura? – Ela perguntou e eu assenti. – Obrigada. –
- Que nada. – Falei e ela continuou sorrindo.
- Bem… vou voltar pra festa. – Ela disse e olhei pros lados. Tomara que ninguém veja isso.
- Posso te dar um abraço? – Perguntei e ela sorriu. Nos abraçamos e por ironia, senti que algo nela mudou. – Pronto, pode voltar pra festa agora. –
- Ok, até. – Ela disse se afastando e eu acenei.
- Até… - Eu ri de mim mesma e tomei outro gole de ponche.
- Pra quem você estava acenando? – Cody perguntou me abraçando por trás e eu ri.
- Se eu te disser você não vai acreditar. – Falei e ele fez cara de pensativo. – Bella Thorne. –
- O que? Ela te disse merda? Maltratou? Vou matar essa garota se ela tiver… - Cody falou tudo de uma vez só.
- Cody, calma. Ela mudou. Desejou felicidades e pediu desculpas. – Falei e a expressão de Cody foi mudando de “vou-matar-aquela-garota” pra “ta-tirando-com-minha-poker-face”.
- Sério? – Ele perguntou não acreditando e eu ri.
- Muito sério. – respondi e ele respirou fundo. – E a música? –
- O DJ falou que já toca. – Cody disse me abraçando e eu sorri.
- E você pediu qual? – Perguntei e ele acariciou meu rosto.
- Somebody to Love do Queen. – Ele respondeu e eu sorri.
 Não existe música mais linda do que essa. Na realidade, essa música é minha favorita desde os nove anos. [verdade]. Não demorou muito, a música começou a ecoar pelo local e os casais foram se formando. [Dê play e acompanhe a letra]

Can anybody find me somebody to Love?
(Alguém pode encontrar alguém para eu amar?).

 Cody me guiou até a pista e segurou minha cintura. Com uma mão apoiada no ombro dele e a outra envolvida na mão dele, começamos a dançar uma espécie de valsa. Cody olhava no fundo dos meus olhos, e novamente, só estávamos nós naquele pátio.
 Cody me girou e nós voltamos à posição de antes. Juntamos nossas testas, mas não paramos de dançar.

I have to spend all my years in believing you
(Eu tenho passado todos os meus anos acreditando em Você,)
But I just can't get no relief Lord
(Mas eu simplesmente não consigo ter alívio, Senhor!)

 Cody me girou, me deitou em um de seus braços e me colocou de pé novamente. Senti algo muito estranho escorrendo em mim e foi quando eu parei de dançar. Fiquei absurdamente paralisada e com os olhos arregalados
- Fiz algo de errado? – Cody pousou uma mão em meu ombro. – Diz alguma coisa, pequena. - 
- A bolsa… a bolsa estorou. –
 Ele ficou apenas por alguns segundos com aquela expressão de surpresa misturada com desespero e como se eu fosse uma simples pena de pombo, Cody me pegou no colo e saiu em disparada.


At the end (at the end of the day)
(No final (no final do dia),)
I take home my hard earned pay all on my own
(Eu levo para casa meu pagamento conquistado sozinho.)
I get down on my knees
(Eu fico de joelhos)
And I start to pray
(E eu começo a rezar)
'Til the tears run down from my eyes
(Até que as lágrimas escorram dos meus olhos.)

- SAIAM DA FRENTE. – Ele repetia freneticamente enquanto passávamos entre a multidão da pista.
 Alli foi a primeira a ver o irmão correndo e não demorou muito pra que a galera toda fosse correndo atrás dela. Emma tentou ligar pra ambulância, mas de nada adiantou.

Every day I try and I try and I try
(Todo dia eu tento e tento e tento,)
But everybody wants to put me down
(Mas todos querem me humilhar.)
They say I'm goin' crazy!
(Dizem que estou enlouquecendo!)

- SEM SINAL! – Ela gritou e Dylan soltou alguns palavrões.
Doía. Parecia que minha bacia ia quebrar e jorrar sangue para todos os lados.
- QUANTO TEMPO TÁ DURANDO AS CONTRAÇÕES? – Alli perguntou e eu respirei cinco vezes e senti a dor novamente. Segurei um grito, contei mentalmente e peguei fôlego pra falar.
- Cinco… - Murmurei quase num sussurro.
- CINCO SEGUNDOS? – Cole não acreditou.
 Olhei por cima do ombro de Cody e pude ver a feição dos meus amigos.
- CAÇETE, E AGORA? – Greyson perguntou olhando pros lados e vendo que o estacionamento estava lotado e o carro de Dylan distante.
 Soltei um grito por causa da dor e Cody murmurou algo como “respira fundo”, mas não sei se isso foi pra mim ou pra ele mesmo. Cody suava que nem um porco e estava vermelho o suficiente pra acharem que ele que ia parir a criança.
 Um carro preto queimou o asfalto e parou na nossa frente.
- ENTRA LOGO! – Fred gritou e eu, mesmo com toda aquela dor, sorri. Mas logo esse sorriso foi substituído por outro grito ensurdecedor.
 Dylan abriu a porta e Cody pulou pra dentro do carro.
- SÓ CABE MAIS DOIS. – Fred gritou.
- Alli… D… - Sussurrei.
- ALLI E DYLAN, VEM. – Cody berrou e os dois entraram quase com o carro em movimento.
I'm OK I'm alright
(Estou ok, estou bem,)
I ain't gonna face no defeat
(Não vou encarar nenhuma derrota.)
I just gotta get out of this prison cell
(Eu só preciso sair desta cela de prisão,)
Some day I'm gonna be free Lord
(Um dia eu vou ser livre, Senhor!)

 Fred acelerou ao máximo e desviou de todos os carros que estavam na rodovia. Chegamos ao hospital e a cena da correria se repetiu até o balcão da emergência.
- MINHA MULHER VAI TER O BEBÊ. – Cody gritou e as enfermeiras deram um pulo. Dois médicos apareceram e me colocaram em uma maca. Cody segurou minha mão com força e correu ao lado da maca durante todo o percurso. Logo eu estava na sala de cirurgia com ele ao meu lado.
- Empurre! – O doutor gritou e eu fiz força. Apertei a mão de Cody e achei que ia quebrá-la.
– MAIS! – O doutor repetiu e eu respirei rápido. Empurrei com toda a minha força e o doutor gritou novamente.
- Você consegue pequena! – Cody disse ao meu lado e eu virei pra olhar nos olhos dele. Os olhos verdes refletiram tudo o que passei com ele, refletiu todo o amor que eu sentia por ele.
 Não vou mentir, aquela dor era a única coisa em que eu podia pensar, nada em volta estava na minha mente, apenas aquela dor.
- RESPIRA FUNDO E EMPURRA O MAIS FORTE QUE VOCÊ PUDER! – Alguém gritou e eu peguei o máximo de fôlego que podia.
 Soltei o maior e mais ensurdecedor grito de toda a minha vida e a dor foi absurda. Os médicos disseram algo que não ouvi e então uma sensação de alívio dominou meu corpo. Ouve um momento único, um momento que eu guardei na memória pelo resto da minha vida. Depois desse alívio, afrouxei o aperto na mão de Cody e pude escutar um som que ecoou pela sala de cirurgia, o choro de um bebê.
 Aquele foi de longe, o melhor som que eu já ouvi na minha vida. A enfermeira enrolou o pequeno, ainda sujo de sangue, em um cobertor verde com muito cuidado e caminhou até mim com ele no colo e um sorriso no rosto.
- Seu pequeno. – Ela disse me entregando e eu sorri sentindo os olhos lacrimejarem no mesmo instante. A visão ficou embaçada, mas lágrimas escorreram rápido e eu pude ver, nitidamente, a criança que estava no meu colo.
 A criança mais linda que eu já havia visto na minha vida. Os olhinhos verdes reluziam iguaiszinhos ao do pai, as lágrimas escorriam por todo o pequeno rostinho bochechudo, mas logo ele se acalmou e se aconchegou. Olhei pro lado e fitei Cody chorando e sorrindo. Ele se inclinou e me deu um beijo rápido com um gosto que eu nunca vou esquecer.
- Oi filhinho… - Falei brincando com a mãozinha dele.
- Posso segurar? – Cody perguntou e eu o entreguei pro pai.
 Cody segurou nosso filho com muito cuidado e deu seu sorriso mais lindo olhando no rostinho dele.
- Sou seu pai… - Cody murmurou pro bebê e depois ergueu o olhar pra mim. – Eu te amo, pequena… -
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – 
 
#Três anos depois

Um Natal pra de piradinho

 Alonguei-me e fitei a tela do computador. A palavra “fim” não significava muita coisa, já que eu sabia que aquela história não terminaria ali. A história de dois adolescentes que se apaixonaram sem querer depois que se conheceram por causa de um trabalho de escola. É essa história que você está pensando mesmo.
- Droga… - Falei me indignando.
 Eu não queria a palavra ‘fim’ marcada no final da história. Não sei, não soa muito bem. Quando alguém fala que é o ‘fim’, logo se pensa que aquilo acabou ali. Que todo o meio da história não teve importância, afinal, não é o fim?
 Isso teria que mudar, mas…
- MÃMÃE, MAMÃE! – Ouvi gritos vindos do primeiro andar e dei um pulo da cadeira. – CORRE MAMÃE! –
 Desci a escada tropeçando em tudo quanto brinquedo e fitei Ronie.
- O que foi meu pequeno? – Corri até ele verificando se todos os membros estavam lá. Braços, pernas, cabeça… por que ele estava gritando então?
- TEM GENTE NA POLTA! – Ele disse empolgado e eu sorri. O topetinho preto estava todo desarrumado. Sinal de que o cochilo no sofá não durou muito tempo. Já os olhos verdes, estavam esbugalhados de tanta animação. Ronie, ou Ronny como a gente gosta de chamá-lo, estava com o pijama azul com desenhos de carneirinho e a pantufa do Scooby. Em uma mão a mamadeira e na outra, Teddy – o pobre ursinho de pelúcia que era arrastado pela casa toda-.
 - Tem? – Perguntei rindo de mim mesma pela maratona que fiz pra chegar à sala. – Então vamos atender! –
 O peguei no colo e caminhei até a porta.
Abri a porta e quase morri de susto.
- FELIZ NATAL! – Eles gritaram e eu ri.
- Gente, o natal é só amanhã. – Falei e eles se entreolharam.
- Eu não falei que a gente tinha que ensaiar o que ia dizer? – Emma deu um soco no ombro de Cole.
- Tecnicamente, é hoje. – Ele se justificou e Greyson foi entrando.
- Olha, dá licença, nunca mais ando de carro com essa garota dirigindo. – Grey disse e Emma que fez cara de ofendida.
- Pois fique sabendo que eu dirijo muito bem! – Ela disse e todos riram.
- Fala isso pro esquilo. – Tom disse e eu o encarei. - Essa doida atropelou um pobre esquilo! –
- EMMA! – Gritei e ela deu um pulo.
- Ela estava a cem por hora e bateu de frente com o infeliz. Foi morte instantânea. – Cole se indignou.
- Trágico, trágico… - John disse sério e eu gargalhei.
- VOCÊ MATOU O ESQUILO? – Ronie gritou chocado com o ato da titia Emma.
- Ain Ronny, foi sem querer! Ele entrou na minha frente enquanto eu estava dirigindo - Emma disse envergonhada e eu ri.
- Acontece filho… - Falei e ele suspirou de pena.
- É gente, acontece! Além do mais, a Emminha ficou dois dias sem dormir por causa do esquilo. – Dylan falou protegendo a futura esposa e a galera riu.
- Concordo com Dylan, Emma não fez por mal e vocês calem a boca seus invejosos, tudo isso é só porque ela ganhou um carro – Alli empurrou Cole pra dentro e limpou os pés antes de entrar.
- Oi tia! – Ronie acenou com a mamadeira na mão.
– OI TOTOTINHO! – Alli apertou a bochecha de Ronny.
 Uma criança pequenininha e loirinha apareceu entre as pernas da galera.
- TITIA! – Klaus pulou em mim.
- OI COISINHA MAÍ LINDA DA TIA! – Dei um beijo na bochecha fofa do baixinho de cabelos loiros.
 - Filho, cuidado pra não derrubar o Ronny! – Alli disse correndo pra me ajudar.
- Entrem povo! – Falei saindo da frente da porta e eles entraram.
- Cadê o Cambo? Me disseram que ele veio passar o natal com a gente – John perguntou tirando o casaco.
- Foi comprar o Peru. – Falei e eles me encararam.
- Você ainda não comprou o Peru? – Tom perguntou sério e eu neguei.
- E você mandou o Cambo comprar? – Cole perguntou e eu assenti.
- Seja o que Deus quiser… - John deu ombros e entrou.
- Cadê a Jujuba? – Greyson perguntou fazendo voz afetada e eu ri.
- Ela e o pai foram comprar a sobremesa. – Falei e ouvi a barriga de Ronny roncar. – Quisso filho? Não comeu não? –
- Não mamãe, tava passando Tom e Jerry. – Ele disse com um sorrisinho sapeca no rosto e eu tive que rir.
- Hm, então… - O coloquei no chão. – QUEM CHEGAR POR ULTIMO NA COZINHA É MULHER DO PADRE! –
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –
 Estávamos sentados na beira da piscina comendo uns sanduíches que Alli e eu preparamos.
- Alli, seus pais ainda estão viajando? – John perguntou e Alli assentiu.
- Onde eles estão? – Cole, o desinformado, perguntou.
- Foram pro Brasil. Na verdade, eles e os pais da Brazilian Girl vão passar o Natal juntos e no Ano Novo todos se juntarão pra festa… - Greyson respondeu já que a mulher dele estava ocupada demais mastigando.
- Mamãe, a Dolinha ta passando mal. – Ronny gritou e eu corri pra área gramada. Ronie e Klaus estavam mexendo com Teodora.
- Não… olha a vasilha dela ta vazia! – Falei e Klaus me encarou confuso.
- Puquê ela ta com essa baligona? – O garotinho de dois anos perguntou.
- Ah, é porque a Dorinha ta grávida. – Falei e Ronny fez concordou com a mamadeira na boca.
- Então ela ta com filhotinhos na baliga? – Klaus perguntou e eu assenti. - Tendi. –
- Agora comam o lanche meus amores, ainda são sete da noite e o Tio Cambo não chegou com o jantar. – Eu disse e eles assentiram.
 A campainha tocou e Ronny e eu saímos em disparada.
- ETA MULÉ TRABALHADORA! – Dylan disse e todos riram.
 Corri pra sala e encontrei Ronny pulando ao lado da porta.
- ABRE MAMÃE, ABRE! – Ele disse empolgado e eu ri. Esse menino ta correndo rápido demais. Abri a porta.
- PAPAI! – Ronny gritou de braços abertos.
- MAMÃ! – Jujuba tem um ano e meio e ela ainda não aprendeu a falar ‘mamãe’, por isso eu me contento com um ‘mamã’.
 Cody estava com Jujuba no ombro e carregando várias sacolas.
- Nossa, amor, não era só um bolinho? – Perguntei e ele riu.
- Um bolinho, um danoninho, um chocolatinho… - Cody disse e eu ri pegando algumas sacolas da mão dele.
- Um sovetinho… - Jujuba completou se segurando nos cabelos do pai e nós rimos. – Mamã, pega eu no colo! –
- Calma aê filha… Ronny quer ajudar o papai? – Perguntei pretensiosa e ele assentiu pulando.
- QUELO! – Ele disse e eu estendi duas sacolas leves pra ele, que pegou e saiu correndo pra cozinha. Esse menino é empolgado demais.
 Cody se abaixou um pouco e eu peguei Jujuba (Juliana) no colo.
- Cof; Cof. – Cody disse quando eu me virei pra sair e eu o encarei.
- Hã? – Perguntei e ele repetiu a fala.
- Cof; Cof. – Ele disse e eu ri. – E meu beijo, pequena? –
 Caminhei até ele novamente e selei nossos lábios.
- ECA! – Jujuba fez careta e eu ri.
- Agora sim… - Ele disse rindo.
 Levamos as coisas pra cozinha e fomos pra beira da piscina com o povo novamente.
- FALAÊ NEGADA! – Cody gritou e eles gritaram um “AÊ” em coro. – Do que vocês estavam falando? –
- Sobre sua mulher… - Cole disse e Cody cruzou os braços.
- E vocês estavam falando sobre O QUE na minha mulher? – Cody disse como se estivesse com ciúmes.
- Sobre a capacidade de cuidar dos filhos, cuidar da casa, cuidar de você e ainda cuidar dela mesma… - John disse e Cody sorriu.
- É, - Cody me puxou e me abraçou por trás. – ela é uma Mulher Maravilha… -
- OWNT, O AMOR É LINDO. – Cole disse e todos riram.
- Pode até ser, mas minha mulher é a mais linda de todas. – Greyson disse e Alli deu um beijinho na bochecha dele.
- E daí? A minha é a mais esperta de todas! – Dylan disse abraçando Emma.
- Pois saibam que, não somos casados por lei, mas temos que combinar que meu marido é T-U-D-O! – John disse e Tom riu fazendo pose de diva.
 Fomos conversando pra sala e sentamos em volta da mesinha. A campainha tocou cinco vezes seguidas, logo: era Cambo. Levantei pra atender, mas Cody me segurou.
- Deixe que eu atendo. – Ele disse e eu sorri dando um beijinho nele.
- Eca. – Jujuba disse e todos riram. ‘Eca’ é uma das poucas palavras que ela sabe.
- O QUE É ISSO CAMBO? – Cody gritou e todos se levantaram pra ver.
- Não acredito nisso… - Falei realmente não acreditando.
- Falei que não era boa ideia falar pro Cambo comprar um Peru. – Tom disse fitando Cambo, que segurava um Peru no colo.
- CAMPBELL CARSLEY, EU MANDEI VOCÊ COMPRAR UM PERU! – Gritei e ele me encarou indignado.
- E eu comprei! – Ele disse sério.
- MÁ ERA PRA COMPRAR MORTO! – Cody leu minha mente.
- Ah gente, que dó… - Cambo fez carinho na ave e eu cerrei os dentes.
- JUJUBA, KLAUS E RONNY, TAMPEM OS OUVIDOS QUE O BICHO VAI PEGAR NESSA SALA! – Gritei e Klaus me encarou confuso.
- Pegar o que? – Klaus perguntou pra mãe e eu apontei pra Cambo e depois pra cozinha.
- CAMBO, SEU… - Agora nós estávamos na cozinha. Cambo de um lado do balcão e eu do outro, ameaçando o garoto com um rolo de fazer macarrão.
- É que não tinha loja aberta, o único Peru que tinha era esse… - Cambo disse se justificando.
- E AGORA? O QUE EU FAÇO COM O BANDO DE PASSA-FOME QUE TÁ SENTADO NO MEU SOFÁ? – Perguntei apontando pra porta com o rolo.
- Mata o Peru… - Ele disse e eu ameacei ir pra cima dele denovo.
- EU NÃO VOU MATAR O PERU! – Gritei e ele deu ombros.
- Pois então, faz outro prato ué… - Cambo disse como se fosse obvio.
- NÃO TEM OUTRA COISA PRA COMER! – Gritei e ele suspirou.
- Poxa, isso é um problema… - Ele disse e eu corri atrás dele com o rolo na mão.
 Cody entrou na cozinha no exato momento que eu estava prestes a jogar o rolo na cabeça de Cambo.
- CALMA, AMOR, CALMA! – Cody correu e me segurou.
- ME SALVA DESSA MENINA CODY, ME SALVA! – Cambo saiu gargalhando e correndo da cozinha e Cody riu.
- E você ainda ri? – Perguntei e ele fechou a cara como se estivesse sério.
- É só um Peru… - Cody disse tirando o rolo da minha mão. Acho que ele se sentiu ameaçado.
- Mas é Natal! – Falei e ele franziu a testa. – Natal sem Peru Cody Simpson? –
- Ah, a gente dá um jeito! No ultimo Natal a gente nem teve arvore! – Cody disse e eu ri.
- Mas foi diferente! A Teodora comeu a árvore! – Protegi minha fofa e ele suspirou.
- Tem macarrão? – Cody me puxou pra mais perto e eu assenti. – Então eu faço macarrão, relaxa… -
- Você é um anjo sabia? – Abracei Cody e deitei a cabeça no ombro dele. Ele apoiou o queixo na minha cabeça e segurou minha cintura.
 Agora sim, havia cintura! Graças a uma boa alimentação, academia duas vezes por semana, uma escada enorme na sala e dois filhos bem ativos, meu corpo voltou ao normal. Alias acho que até melhor. Apesar dos meus peitos estarem maiores, minha cintura e meu bumbum, me deixaram com um corpo mais bonito, mais mulher. No momento eu estava com um short, uma camiseta bege estampada com algumas imagens de Londres – lugar que Cody e eu fizemos questão de passar as férias de Setembro passado-, cabelos presos em um rabo de cavalo longo e um salto preto.
 Ergui a cabeça e sorri pra Cody.
Ele estava um pouco diferente de antes. Estava com mais ‘cara de pai’. Sem barba, pois não suporto beijar homem com barba. O corpo estava mais musculoso, principalmente os braços; e ele estava bem mais coxudo que antes, mas o olhar era o mesmo. O romântico, divertido e carinhoso Cody nunca mudou.
 Nosso casamento foi uma festa. Com direito ao vestido mais lindo da loja e a igreja com a decoração mais romântica. Avril foi madrinha e Fred, que pediu desculpas pra galera toda dizendo que “Fez de um montinho, uma montanha feita por toupeiras” – expressão que aqui significa que ele exagerou – e foi desculpado, foi padrinho. A Lua de Mel aconteceu em Gold Coast, afinal, foi lá que nos conhecemos, e o resultado dessas duas semanas em um hotel maravilhoso, foi Juliana, nossa Jujuba.
 Cody selou nossos lábios e minhas mãos começaram a vagar pelas costas dele. Ele entrelaçou meus cabelos entre os dedos e ali nós ficamos por um bom tempo nos beijando.
- Mamãe? – Ouvimos um sussurro e olhamos pro lado. Ronny nos olhava abraçado em Teddy em um braço e com o outro, ele estava de mãos dadas com Jujuba.
- Oi pequeno, o que há? – Perguntei e ele deu um passo pra frente trazendo Jujuba.
- A gente pode fica com o Pilu? – Ronny perguntou com um olhar esperançoso.
 Espera, ele havia realmente pedido o que eu escutei?
- Hm… certeza filho? – Cody disse me soltando e só segurando minha cintura.
- SÍ – Jujuba pulou e Cody me olhou sorrindo.
 Fomos pra sala trocando opiniões sobre ter um Peru de estimação. Falei pra turma da ideia e eles caíram no riso.
- Ta tirando comigo? – Dylan disse enquanto todos gargalhavam.
 Ronny estava no meu colo e juntou as sobrancelhas sem entender o motivo das risadas.
- Vocês vão adotar o Peru? – Alli gargalhava e Jujuba assentiu.
- Uma Cabra, depois um Peru… olha, se um dia eu abrir o freezer e encontrar um pinguim: não vou ficar surpreso. – Greyson disse secando algumas lágrimas e eu ri.
- Mas então… - Emma se ajeitou com Jujuba no colo. – Qual vai ser o nome do Peru? –
 Fitei o bicho que estava sentado, tranqüilo, no meio da sala.
- Dolalice. – Ronny disse e todos se entreolharam.
- Amiga, ele quis dizer Doralice ou Dolalice mesmo? – Tom perguntou e Cody riu.
- Dolalice pequeno? – Cody perguntou e Ronie balançou a cabeça em negação.
- DÓ-LA-LI-CE. – Ele tentou dizer e todos riram.
- Doralice… - Cody explicou e um coro de “aah’ ecoou.
- Mas não é macho? – Dylan perguntou e Cambo coçou a cabeça.
- Eu não perguntei o sexo pro cara não… - Cambo disse fazendo carinho na cabeça do bicho.
- Qual é o feminino de Peru? – John perguntou e Cole balançou os ombros.
- Acho que tanto faz. – Alli respondeu e eles riram.
- Então tecnicamente, o peru é um travesti? – Greyson disse e nós rimos de tamanha besteira.
- Ok, PELO PODERES A MIM INVESTIDOS, - Apontei pro peru… ou pra peru. – EU VOS APRESENTO: DORALICE, O PERU TRAVESTI. –
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –
 Olhei no relógio e concluí que eram onze e meia.
A galera estava sentada na sala conversando sobre o que aconteceu no ano todo e eu estava boiando mais que isopor no mar. Acariciei o cabelo de Jujuba, que dormia profundamente no meu colo. A chupeta azul na boca e a mãozinha brincando com uma mecha do meu cabelo. E sim, ela estava se mexendo enquanto dormia. Os cabelos loirinhos e os olhos castanhos brilhantes [capa do capitulo 17 como exemplo]. Com a cabeça de Jujuba deitada no meu ombro, eu fiquei conversando com Ronny que estava atento ao especial de desenhos sobre Natal que passava na TV.
 Cody havia saído e eu ainda não tinha entendido o porquê disso.
- Será que vai ter pufpuf mamãe? – Klaus perguntou pra Alli.
- Pufpuf? – John murmurou e Greyson riu.
- Fogos de artifício. – Grey explicou e nós rimos.
- Acho que sim filho… - Alli fez carinho no garoto que estava todo sujo de chocolate. Ai meu sofá!
- VINTE MINUTOS PARA O NATAL MANOLADA! – Dylan pulou no sofá e eu dei um tapa no braço dele.
- A Jujuba ta dormindo! – Falei brava e ele pediu desculpas.
- Mamãe, cadê o papai? – Ronny perguntou me abraçando.
- Ele já volta pequeno… - Ok, eu não tinha certeza disso. Cody jamais passaria o Natal fora de casa, mas eu não sabia aonde esse homem tinha se metido. Ele havia saído há meia hora e até agora, não havia nem cheiro de loirinho pela casa.
- Gente, que tal um lanchinho antes do Natal? – Alli perguntou e o povo pulou do chão.
- Bora logo que só faltam dez minutos! – John disse pegando Ronny no colo.
 Fomos pra cozinha e fizemos a maior bagunça fazendo pão com mortadela. Cole passou a maioria do tempo rindo, pois o Peru não queria de jeito nenhum entrar na cozinha e os garotos brincaram dizendo que era “uma premonição”. Foi então que eu, que passo todos os dias na casa, ouvi o som da porta da sala batendo levemente.
 Como já tínhamos acabado de comer, Jujuba já tinha até acordado e estava mais empolgada que antes, caminhamos lentamente até a sala.
 Alli deu um berro e Cole sacou o taco de baiseball - que estava pendurado na parede, pois Cody ganhou de um jogador que ele gosta muito - pra socorrer minha amiga.
- PEGA LADRÃO! – Dylan gritou e Cole foi pra cima do cara de vermelho que estava ao lado da árvore de Natal.
 Espera aí, cara de vermelho ao lado da árvore de Natal?
- NÃO, COLE, NÃO! – Tarde demais. Dylan já tinha pulado em cima do tal cara e Cole estava tentando acertar o coitado.
- PÁLA, PÁLA, PÁLA! – Ronny pulou na frente do taco e Cole quase morreu de susto. – É O PAPAI NOEL SEU BULO –
- Agora me magoou. – Cole disse pousando a mão no coração.
 Dylan fitou o taco de baiseball e depois olhou pro cara. Descrição: Calça vermelha, botas pretas, cinto preto, camiseta longa vermelha com detalhes de espuminha branca, barba longa e branca, gorro vermelho e as sobrancelhas loiras.
- NOEL! – Jujuba se soltou de Emma e correu pro tiozinho que estava prestes a levar uma tacada na cara.
 Dylan ergueu o Papai Noel e ajeitou a roupa e o gorro dele.
- Foi mal aí… - Ele sussurrou e o Papai Noel pegou fôlego.
- HO, HO, HO! – Papai Noel disse com a mão na barriga. – VENHAM CRIANÇAS, OLHEM O QUE PAPAI TROUXE PRA VOCÊS… -
- Papai? – Ronny o olhou desconfiado.
- PAPAI… NOEL! – Ele disfarçou e a galera riu.
- Vai Klaus, vai ver se o Papai Noel trouxe presente pra você! – Falei bagunçando o cabelo dele com a mão.
 Papai Noel estava divertindo demais as crianças. A cada duas palavras ele soltava aquele “HO, HO, HO” e nós gargalhávamos.
- Papai Noel, você trouxe pesente pa mim? – Klaus, um pouco tímido, perguntou pro bom velhinho.
- Deixe-me ver… - Ele tirou um papel e desenrolou. O papel foi rolando por uns dois metros e parou. – Klaus? –
- Sim. – Klaus sorriu esperançoso.
- HO, HO, HO, você se comportou bem este ano? – Papai Noel perguntou e Klaus assentiu. – Certeza? Disseram-me que você andou rabiscando a parede da sua mãe… -
- Mas eu limpei, e pedi desculpas! Nunca mais faço isso denovo! – Klaus só faltou implorar e Papai Noel cruzou os braços.
- Jura? – Ele perguntou e Klaus assentiu. – Então… está esperando o que? –
- Pra que? – Klaus perguntou e Papai Noel soltou mais um “HO, HO, HO”.
- Procure seu presente! – Papai Noel apontou pra pilha de caixas embrulhadas em papéis coloridos que estavam em volta da arvore de Natal.
- EEEEEEEEEEEEEEEEE! – Klaus correu pra procurar seu presente junto com Jujuba e Ronny.
- Desculpem, mas tenho uma entrega especial para… - Ele olhou a lista por um tempo e ergueu o olhar. – (Seu Nome) Simpson –
- É PA VOCÊ MAMÃE! – Ronny deu uns cinco pulinhos, empolgado.
 Desencostei-me da parede e caminhei até o bom velhinho.
- Sou eu… - Falei sorrindo e ele me olhou de cima abaixo.
- Você é mais bonita do que eu pensava senhorita! – Ele disse e a galera riu.
- Senhora. – Corrigi e ele franziu a testa. – Sou casada… por tanto, sou Senhora. – Falei e Papai Noel sorriu simpático.
- Meus duendes disseram ótimas coisas sobre a… Senhora. – Papai Noel disse cruzando os braços.
- Jura? – Perguntei e ele assentiu sério.
- Disseram-me que a Senhora se comportou muito bem durante o ano! – Ele disse e se abaixou para procurar alguma coisa na pilha de caixas. – Achei. –
 Ele pegou uma caixinha que estava embrulhada de roxo e estendeu pra mim.
- Espero que a Senhora goste. – Ele disse e eu sorri olhando nos olhos dele.
- ACHEI MAMÃE, ACHEI! – Ronny gritou e logo em seguida veio Jujuba e Klaus com as caixas.
- MAMÃ. – Jujuba gritou feliz e eu sorri. Coloquei minha caixinha em cima da estante pra dar atenção pros meus amores.
- Estão esperando o que meus pequenos? – Perguntei e eles se entreolharam. – ABRAM! – Gritei empolgada e eles correram pra abrir.
 Lembrei das cartinhas que eles me entregaram pra colocar no correio e mandar pro Papai Noel.

Quelido Papai Noel, eu, Ronie Simpson, me compoltei muito bem este ano. Meus pais são os melóles pais do mundo todinho! Esse ano, eu queria pedir pu senhô me dar um violão, assim eu posso aprender a tocar igualzinho meu Pai!

- AAAAA MAMÃE, GANHEI, GANHEI! – Ronny veio correndo em minha direção segurando um violão.
- AI MEU AMOR, QUE LINDO. – Falei mexendo no violão e ele não parava de pular e sorrir.
- VOU SUBIR PRA TOCAR! – Ele ia sair correndo e eu bati o pé.
- Não ta esquecendo de nada não? – Perguntei e Ronny deu meia volta.
- MUITO OBRIGADO PAPAI NOEL! – Ronny correu, e mesmo com o violão na mão, deu um abraço no Papai Noel.

Papa Noel, eu, Jujuba Simpson, me compoltei bem. Quelo pedir pa que o senhô me dê de presente um ursinho de pelúcia, puquê meu irmão fica dizendo que ele tem o Teddy e eu não tenho. Bigada.

- OONNNT – Jujuba que já tinha rasgado toda a embalagem pegou um ursinho lindo, que tinha o formato de um pônei, e correu até mim.
- Mamã, agola eu tenho! Agola eu tenho! – Ela disse pulando e balançando os longos cabelos loiros e eu ri com o sorriso gostoso que ela estava dando.
- E por que você não vai mostrar seu novo ursinho pra Kelly e pra Lola? – Perguntei me referindo às Barbies e ela sorriu.
- BOA, BOA, MAMÃ! – Acho que ela quis dizer “Boa idéia”. – BIGADO PAPAI NOEL! – Ela o abraçou e saiu tropeçando pela escada.
 Klaus veio até o Papai Noel e abraçou-o com muita força.
- PAPAI NOEL, BIGADA, VOCÊ ME DEU EXATAMENTE O QUE EU QUELIA! – Ele disse e depois saiu correndo levando uma tralha que eu reconheci como um telescópio.
- HO, HO, HO… - Papai Noel se sentou na poltrona que estava por ali.
- E vocês? – Ele olhou pra galera e eles se entreolharam.
- Nós o que? – Alli perguntou e o Papai Noel se levantou.
- Não vão procurar seus presentes na árvore? – Ele disse e a galera soltou vários berros do tipo “AE VÉIO BÃO”, “HOJE EU SOU UMA CRIANÇA FELIZ” e “EBA, HOJE TEM FESTINHA”.
 Enquanto eu ajudava Alli e Emma, o bom velhinho foi andando pra cozinha.
- AI AMIGA, QUE TUDO ESSE CELULAR! – Emma disse apertando vinte botões diferentes no aparelho. Depois não sabe porque os celulares dela quebram…
 Dei uma escapadinha e fui pra cozinha. O bom velhinho estava fuçando a geladeira.
- Papai Noel de sobrancelhas loiras é? – Falei e ele virou pra me olhar.
- Ho, Ho, Ho, faz muito sol no Pólo Norte. – Ele disse e voltou-se para a geladeira.
- Amei o que você fez amor… - Abracei-o por trás e Cody virou pra ficar de frente pra mim.
- Jura é? – Ele perguntou segurando minha cintura e me levantando, fazendo com que eu envolvesse minhas pernas em sua cintura.
- Aham, to até pensando em dar um presentinho pra você Papai Noel… - Falei ajeitando a gola espumada dele.
- Papai Noel ficou curioso agora… - Ele disse e eu ri colocando as mãos debaixo do gorro e entrelaçando meus dedos nos cabelos loiros.
- Hm… - Cody soltou baixinho quando eu puxei devagar e eu sorri.
- Por que você não sobe, tira essa roupa desconfortável e toma um banhinho enquanto a Mamãe aqui expulsa o pessoal que está na sala, em? – Perguntei e ele sorriu.
- Mas antes, não rola um beijinho não? – Cody perguntou e eu ri. Puxei a barba falsa dele pra baixo e pedi passagem. Nossas línguas se cruzaram e eu pude sentir aquele gosto incansável e a vontade insaciável de nunca mais parar. O Papai Noel safadinho apertou minha bunda e eu ri entre o beijo. Coloquei minhas pernas no chão novamente e desgrudei nossos lábios. Cody deu alguns selinhos em mim e saiu da cozinha.
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –
 Saí debaixo do chuveiro e me enrolei na toalha. Eram uma e meia da madrugada do dia de Natal. Os pequenos estavam em seus quarto brincando – ou no caso de Ronny: ‘infernizando os vizinhos’ – e Cody estava deitado em nossa cama.
- Oi. – Ele disse sorrindo e eu retribuí o sorriso.
- Oi tio. – Falei e ele riu.
 Coloquei o sutiã e a calcinha sendo secada por Cody e sentei na cama pra passar creme no corpo. Cody estendeu a mão como se estivesse pedindo o pote de creme e eu entreguei.
 Ajeitei-me na cama e Cody sentou colocando minhas pernas em cima das dele.
- Você abriu seu presente? – Ele perguntou colocando um pouco de creme na minha perna e espalhando.
- Opa, ainda não. – Falei e ele suspirou.
- Abre… é especial. – Ele começou a fazer uma espécie de massagem nas minhas pernas.
- Tudo que você me dá é especial. – Falei e ele sorriu se inclinando e me dando um selinho demorado.
- E a recompensa do papai? – Ele perguntou subindo as mãos e eu ri.
- Bem… primeiro a Mamãe tem que: convencer as crianças a colocar o pijama, colocar as crianças na cama, contar uma historinha e terminar de digitar o livro. – Falei como se fosse a coisa mais rápida do mundo e ele suspirou.
- Tudo isso? – Ele fez careta e eu assenti. – E se o Papai cuidar das crianças e a Mamãe do livro? –
- Hm, então quer dizer que a recompensa vai chegar mais cedo… - Falei e ele riu sapeca.
- Vou cuidar das crianças e já volto. – “Urum, ‘já volta’” pensei e ri de mim mesma. Cody me deu um selinho antes de sair do quarto e eu pulei da cama. Peguei o notebook e sentei na escrivaninha que ficava debaixo da janela do nosso quarto.
- Hey, Mamãe… - Cody apareceu na porta e colocou a caixinha roxa ao lado do note. Ele saiu sem dizer nada e entrou no quarto das crianças.
 Fiquei encarando a caixinha por um tempo e peguei-a. Com cuidado pra não rasgar o papel que estava muito bem embrulhado e visivelmente, com carinho a abri.
Minha corrente da lua.
Aquela primeira que eu havia dado pra Cody e Bryan me devolveu toda enferrujada. Ao lado havia um bilhete e eu o abri.

Desculpe mentir, mas é… eu voltei pra pegar meu colar.
Te amo

 Ri de mim mesma por ter sofrido tanto durante aquela briga. Oras, do que eu tinha medo? Meu amor por Cody nunca iria parar de crescer e bem, eu sempre soube que Cody me amava.
 Foi nesse momento que eu entendi o que significa o presente de Natal. Afinal, o que significa o Natal? Sim, é a data em que menino Jesus nasceu, mas, além disso, o que mais?
 O Natal significa tudo aquilo que você passou durante o ano. Todas as brigas, as lágrimas, os risos… tudo aquilo pode ser refletido em apenas uma noite em que todas as pessoas que você ama estão perto ou não de você. No Natal você se lembra todas as pessoas que passaram por sua vida e fizeram diferença. Todas aquelas pessoas que você gostaria que estivesse com você no momento em que o relógio marcasse 00h00min. Pra mim, o Natal significa tudo. Tudo mesmo. Não importa se a festa começa adiantada, se o encarregado pelo prato principal dê mancada e vocês tenham que comer pão com mortadela ao invés de um bom e tradicional Peru assado, se seus amigos tentam matar o Papai Noel com o taco de baiseball ou qualquer desventura do tipo. O que importa é que está todo mundo junto e mesmo que a festa seja muito entediante, isso continua sendo o principal. Afinal, não é o Peru que pagou sua escola durante o ano todo, não é o Peru que serviu a janta todos as noites e não foi o Peru mexeu nas suas coisas enquanto você estava na casa de uma amiga.
 Olhei pela janela e vi uma lua brilhante no céu.
A tela do computador já havia clareado e minha mente começou a borbulhar de tantos pensamentos.
 Fiquei por alguns momentos apenas encarando a palavra “Fim” que por enquanto, estava ali.
 Não fazia sentido colocar a palavra fim no final de um livro de romance. Ajeitei-me e comecei a digitar:

 Um dia um cara famoso disse que “o percurso da viajem é mais importante do que o momento da chegada”, na hora eu boiei, mas agora eu entendo. O que importa não é que eu o conheci por causa de um trabalho e no final me casei com ele. O que importa é que tudo o que nós passamos, desde coisas felizes até coisas que não foram tão agradáveis, ajudaram cada pedaço do meu coração a amar aquele garoto com olhos brilhantes e sorriso sincero; os amigos que sempre contam com a gente e sempre nos ajudam quando precisam; os pais que apesar de um pouco assustados, ou chocados, sempre estão ali, nos mantendo firme.
 Se simplesmente tudo que se passa ao longo de uma história é importante, então você que agora está com os olhos pregados em minhas humildes e clichês palavras, por favor, me responda: por que eu deveria colocar a palavra ‘fim’ ao acabar dessa história? Ora, quem disse que esta história acaba aqui? Quem é que exigiu um fim da história? Há uma lei sobre isso?
 Não acho que ‘fim’ seja uma palavra apropriada para terminar não só esta história, como todas as outras que um dia vocês irão ler. ‘Fim’, em minha opinião, deveria ser uma palavra proibida de ser falada por qualquer ser humano que estivesse se referindo à vida de alguém. Afinal, por que colocar apenas uma palavra chula ao final de uma história, se você pode muito bem colocar algo como: “Começo”? Afinal, é ali que começa a melhor parte da história. A parte em que você escolherá o futuro dos personagens. Porque o meu trabalho aqui é fazer com que a imaginação de vocês funcione, que vocês, depois de lerem as palavras que saem como pingos de chuva em um céu escuro de meus pensamentos, criem a própria história de vocês e acreditem nela até o ‘fim’, porque não há coisa melhor do que sonhar, e aqui estou eu, como prova de que sonhos se tornam realidade e que aquele garoto que você vê todos os dias na escola, na capa das revistas ou simplesmente no papel de parede do seu computador, pode sim, um dia se apaixonar por você. O amor é assim. Incontrolável e insaciável. O limite de amar é amar sem limites, então o de acreditar é de não ter medo de nada.  Os personagens desta história não serão felizes para sempre. Ou serão? Isso é você que me diz. Se eles vão ter mais quatro filhos ou mais quatro casamentos, é a sua imaginação que vai falar.
 Por isso, eu lhes imploro, nunca digam que algo acabou, pois se você diz isso, você está dando um fim em algo. Quando algo some, é por algum motivo. Assim como quando você esquece alguém importante: alguma coisa que está à sua volta te lembra de que você deixou passar algo especial. Resumindo todas essas explicações, aqui vai uma frase bem simples pra lhes explicar o porquê da palavra ‘fim’ ser tão inadequada para o fim desta história: …”

 Eu estava tão entretida com a digitação que nem percebi quando Cody entrou no quarto. Por isso quase morri de susto quando ele me pegou por trás, me girou no ar e nós caímos na cama.
- Calmo aí, Cabrito, espera um pouquinho! – Falei pulando da cama e correndo pra digitar as últimas palavras.
- Ah, pequena! – Cody resmungou e eu ri.
- Um minutinho. – Falei digitando e então apertei o Ctrl+B pra salvar. – Pronto. – Falei e ele, que estava deitado na cama me olhou sem acreditar.
- Jura? – Cody perguntou com cara de garoto sapeca e eu corri e pulei em cima dele.
- Cadê meu Cabrito? – Perguntei com voz afetada e ele gargalhou.
- BÉÉÉ – Ele baliu, me fazendo rir alto. Selamos nossos lábios.

Porque, Caro Leitor, um amor verdadeiro nunca terá fim.



E é aqui, que a história começa.

Tia Lilah



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