(Pare os sentimentos.).
Talvez tudo isso seja apenas um pesadelo, daqueles que a gente acorda passando mal e sente o sorriso se formar só de sentir a realidade tomando conta de tudo.
“Isso mesmo.” Pensei ainda tentando me convencer de que tudo foi da minha cabeça, de que não senti Cody puxando o braço e se virando pra sumir da minha vista. Ou da minha vida?
Afundei a cabeça no travesseiro.
Já sentiu que tudo o que você mais precisa na sua vida é ter uma pessoa ao seu lado?
Dizem que pra um bom entendedor, meia palavra basta. E de acordo com a minha vivência, para um apaixonado também. O que pra muitos é uma simples palavra, para uma pessoa apaixonada aquilo vira um gesto, uma ação com direito à reação em sentido contrário de intensidade duas vezes maior, ou mais. Um olhar, mesmo que de uma pessoa desconhecida, se transforma em um raio de cores vibrantes. Um sorriso então? Simplesmente uma vida estampada nas pontas dos lábios erguidos.
Cody não voltava pra casa da praia há dois dias, e eu já não sabia se meu coração aguentava mais. Ninguém da casa me perguntou nada, muito menos Alli. Ela apenas me abraçou e prometeu que tudo ficaria bem.
“Tudo acaba bem quando começa bem, certo?” Ela usava minha frase repetidamente enquanto eu soluçava.
Eu já não conseguia chorar, comer ou qualquer coisa parecida. Tive que comer um bife que Fred enfiou na minha goela abaixo à força. Minha barriga ainda doía por causa da intensidade dos soluços e aquela cama vazia do quarto virou meu local de hibernação.
Celular desligado, telefone fora do gancho e organismo em estado de emergência.
Era assim que eu me encontrava.
A porta trancada, o silêncio me sufocando. O moletom do Mickey de Cody ia até o meio das minhas coxas e me fazia entrar em êxtase com o perfume ainda ali grudado na blusa.
Duas batidas na porta.
Estranho, pensei que já haviam perdido as esperanças de tentar me fazer levantar daquela cama.
Batidas novamente.
Virei pro outro lado da cama.
- Vai embora! – Resmunguei.
- Não. – Bryan respondeu e eu senti a raiva dominar.
Dei um impulso e bati os pés até a porta sentindo meus joelhos reclamarem da dor. Os ferimentos com o caco de vidro ainda estavam lá, mas só eu sabia. Depois daquela chuva ninguém teve coragem de me olhar nos olhos. Nem o tio do sorvete que assistiu tudo.
- Como você pôde? – Abri a porta e ele ergueu a cabeça.
- Deixa eu me explicar. – Bryan falou entrando no quarto.
- Não, não e não. Não preciso de explicações. Isso foi culpa sua. Você apareceu, sumiu e voltou pra acabar com a minha vida denovo, satisfeito? – Perguntei sentindo um nó na garganta se formar. – SATISFEITO? – O empurrei contra a parede.
Ele não tentou impedir o empurrão, apenas me deixou descarregar a raiva.
- Eu te entendo. – Ele disse olhando pro chão.
- Não, você não entende. Minha vida estava ótima, mais que ótima: incrível. Então você voltou pra me fazer lembrar de tudo o que passamos e de todo o amor que eu te dei, dos beijos... – As lágrimas saíram. – Droga, do amor. –
Ele deslizou pro chão.
- Eu já fui abandonado também. - Bryan me encarou e eu o olhei pela primeira vez.
- Sua mãe morreu, é diferente. – Falei sem precisar perguntar.
- Não! – O tom de voz dele subiu. – Minha mãe me abandonou! –
Ele tampou o rosto. Deixei-o continuar.
- Um dia antes do nosso aniversário de namoro, cheguei da sua casa e encontrei minha mãe brigando com meu pai. Ela enlouqueceu, meu pai implorava, mas nada, ela simplesmente saiu de lá jogando as malas no carro e xingando meu pai. – Bryan disse segurando lágrimas.
Eu sei que a ultima coisa que eu precisava era ouvir historias deprimentes sobre como é chato ser abandonado por quem amamos, mas apesar de muito quebrado, eu ainda tenho coração, e pude sentir um pouco de pena dele.
- Então você sabe que não tem coisa pior, e que você causou toda essa dor em outra pessoa. Parabéns, você ganhou um rótulo e eu perdi meu coração. Feliz? – Ironizei queimando de raiva.
Eu pude sentir a raiva tomando conta dele, pude ver as bochechas dele ficando mais vermelhas do que o tapete.
- PARE! – Ele ergueu a cabeça e se levantou. – Pare de me culpar, como se tudo isso fosse culpa minha, pois NÃO é! VOCÊ escolheu ir pra cama comigo, VOCÊ quis me ressuscitar na sua mente! – Ele explodiu.
- E EU ESCOLHI ACABAR ASSIM? VOCÊ CONTOU TUDO PRO CODY! – Gritei sentindo a pele queimar.
- NÃO! – Ele bateu a mão na parede fazendo um estrondo. – Eu falei pra ele que a gente tinha namorado; Que eu te amei e ainda amava; que não tinha te esquecido e que desejava que ele não cometesse o mesmo erro que EU cometi. – Ele gritou e eu perdi a reação.
Ele respirou fundo e continuou.
- Você se afastou dele, você fez com que todos a sua volta percebessem que você estava comigo! A ÚNICA coisa que eu fiz, foi deixar você tomar suas próprias decisões. – Ele disse e eu deixei meu corpo cair em cima da cama.
A culpa era minha. Totalmente minha.
Se eu não tivesse desenterrado Bryan, se eu não tivesse deixado os lábios dele tocarem os meus, se eu tivesse ficado ao lado de Cody, que era meu namorado, tudo aquilo não estaria acontecendo.
Bryan não fez nada a não ser contar a verdade.
Novamente, eu estava errada.
Alli parou na porta e correu até mim.
- Quer que eu o tire daqui? – Ela sussurrou e ele colocou as mãos no bolso.
- É só o que eu quero. – Falei esmagando as pálpebras pra fazer com que as lágrimas caíssem.
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –
Era a única coisa que eu queria fazer.
Dormir até tudo aquilo acabar, dormir até Cody voltar e trazer minha vida junto.
Senti inveja da Bela Adormecida. Tão frágil e tão boba, e ao mesmo tempo, tão amada e conservada.
Olhei pra porta da sacada e vi que a chuva havia acabado.
“(...) apesar de tanto sofrimento, tanto problema, a gente tem que continuar levando a vida, porque um dia a tempestade pára.”.
Senti uma ponta de esperança, mas logo ela se decepou no ar.
- Entra. – Falei esperando Alli.
Era Bryan. Ele trazia uma coisa na mão.
Eu conhecia muito bem essa coisa.
- Cody pediu pra eu te entregar. – Bryan falou baixo.
Senti as lágrimas vindo como uma tempestade.
- Por favor, não chore denovo. – Bryan se sentou ao meu lado na cama.
Não deu tempo de tampar o rosto, as lágrimas escorreram sem parar.
O colar com a segunda metade de uma Lua estava enferrujado. Um: por ser bijuteria. Dois: Pela chuva.
- Dói demais. – Falei precisando de colo.
Ele pensou um pouco, parecia refletir sobre falar ou não falar.
- Talvez você precise se algo que te distraia. – Bryan falou e eu virei pra encarar ele.
- Tipo uma arma? – Perguntei e ele riu.
- Não, isso seria perigoso tanto pra você quanto pra mim, eu digo de alguém. – Ele disse e eu neguei com a cabeça.
- Eu amo Cody. – Falei pra mim mesma e ele assentiu.
- Não disse pra parar de amar. – Ele disse.
Olhei a corrente novamente e as lágrimas, os soluços, tudo de uma vez.
- Eu posso. – Ele se ajoelhou na minha frente.
O encarei sem entender, ele segurou meu rosto com as duas mãos.
- Eu posso fazer essa dor parar. – Ele tinha um brilho verdadeiro nos olhos.
Senti vontade de gritar. De sair correndo. De gritar e sair correndo. Mas a única coisa que fiz foi olhar pra baixo.
- Ok, - Ele soltou meu rosto e se distanciou. – Vou te deixar sozinha, é muita coisa de uma vez só. – Ele disse e eu me encolhi na cama.
- Boa noite, não esquece de pensar bem. – Bryan fechou a porta.
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –
- Você só pode estar brincando. – Neguei com a cabeça e ela balançou os ombros.
- Ora, você me perguntou e eu respondi! – Alli chacoalhou a cabeça como se fosse obvio.
Aonde ta’ minha arma quando eu preciso?
- Alli, você ta doente? – Perguntei um pouco melhor.
- Eu concordo poxa, amiga, você ta na pior. – Ela apoiou a idéia maluca.
- Alli, é do Bryan que estamos falando. – Tirei o prato da mão dela.
- Não, é do Cody que estamos falando. – Ela pegou o prato de volta.
- Fala mais. – Me encostei-me à poltrona do quarto e ela se ajeitou na cama.
- Você precisa se distrair, você precisa se divertir, você precisa... –
- Do Cody. - Interrompi Alli.
- Sim, mas ta na cara que ele não vai voltar tão cedo. – Alli respondeu e eu abaixei a cabeça.
A melhor hora do dia era quando Alli subia com o prato pra me fazer comer, mas não por “comer” e sim por “Alli subir”. Ela era a única pessoa que me mandava o real sem se preocupar com lágrimas escorrendo. Pra ela o importante era a realidade e ponto final.
- Enquanto ele não volta você pode muito bem espairecer, gelar a cabeça, balançar a peruca e depois pegar teu bofe de volta. – Ela disse enchendo o garfo.
- E se ele não voltar? – Perguntei sentindo um nó na garganta.
Alli se ajeitou pra continuar.
- Ele VAI voltar. Ele está como você, sentindo uma dor insuportável, mas que vai passar assim que o mar se acalmar, a tempestade acabar, e todos os outros clichês que você já sabe... – Ela ia enfiar o garfo na minha boca, mas eu desviei.
- Então ele ainda me ama? – Perguntei e ela riu.
- Você só pode estar brincando. – Ela disse e eu continuei a encarando. – Ok, lógico que te ama. Ele ficou magoado, bravo, mas todos nós sabemos que dessa vez, por mais que a culpa seja SUA, o erro foi DELE, pois você realmente tentou impedir, você esqueceu o Bryan, mas o Cody não te ouviu. –
Parei pra refletir um pouco.
- Então ele volta? – Perguntei e ela bufou já irritada.
- É CLARO QUE VOLTA PORRA! – Ela berrou fazendo voar purê pra todo lado. Respirou fundo e continuou. – Ele te ama, ele vai voltar, mas até lá você tem que estar inteira e não acabada, cheia de olheiras, descabelada, com a mesma roupa há dois dias e com sono. – Ela tentou me colocar pra cima.
- Já sei o que fazer então. – Respondi e ela assentiu.
- Que bom, me avise quando feito, mas até lá, comesáporra e retoma sua vida, porque a fila anda, o tempo corre e a vida SEMPRE continua. – Ela usou minha frase de uma redação de quando nós tínhamos uns doze anos.
Ela tinha razão. Quero dizer, EU tinha razão.
Eu só precisava respirar.
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –
Olhei o horizonte e sorri.
Eu já conseguia sorrir. De alguma forma, eu sabia que tudo acabaria bem. Eu tinha o apoio dos meus amigos, da minha família, dos meus professores e até o tio do sorvete. Eu já conseguia fazer comparações bobas, comentários engraçados e até dar risada.
Eu estava tomando rumo.
O relógio marcava três e meia da madrugada e o barulho do mar estava baixo.
Liguei o rádio. Eu precisava ouvir a voz de alguém cantando.
Eu não podia acreditar logo AQUELA música?
Sorri e aumentei um pouco o volume. [Autora super recomenda essa música ok?].
Comecei a cantar junto com a vocalista do Florence And the Machine, que murmurava o começo de “Dog Days Are over”.
“Happiness hit her like a train on a track”
(A felicidade a atingiu como um trem nos trilhos)
“Coming towards her stuck still no turning back”
“Coming towards her stuck still no turning back”
(Vindo em sua direção, parada, sem volta )
“She hid around corners and she hid under beds”
“She hid around corners and she hid under beds”
(Ela se escondeu pelos cantos e embaixo da cama)
“She killed it with kisses and from it she fled”
“She killed it with kisses and from it she fled”
(Matou-o com beijos e dele ela fugiu)
“With every bubble she sank with her drink”
“With every bubble she sank with her drink”
(Com cada bolha que ela afundou com sua bebida)
“And washed it away down the kitchen sink”
“And washed it away down the kitchen sink”
(E lavou pelo ralo da pia da cozinha)
Senti meus joelhos implorando pra que eu parasse, mas a vontade de dançar era mais forte.
Fiquei de frente pro espelho e comece a cantar com a vocalista, enquanto meu microfone era a escova de cabelos.
“And I never wanted anything from you”
(E eu nunca quis nada de você)
“Except everything you had and what was left after that too, oh”
“Except everything you had and what was left after that too, oh”
(Exceto tudo que você tinha e o que sobrou depois disso, também, oh)
“Happiness hit her like a bullet in the head”
“Happiness hit her like a bullet in the head”
(A felicidade a atingiu como uma bala na cabeca)
“Struck from a great height by someone who should know better than that”
“Struck from a great height by someone who should know better than that”
(Surpreendida de uma grande altura por alguém que deveria saber melhor)
Larguei a escova e caminhei até a porta. Caminhei pelo corredor rindo de mim mesma. Os pés tocando o chão gelado, a camisola rosinha decorada com ursinhos balançando e as pernas de fora.
Abri a porta do quarto com tudo.
- WHAT THE FUCK? – Fred deu um pulo da cama e eu ri.
- (Seu Nome)? – Bryan esfregou os olhos.
Aproximei-me dele e sorri.
- Sim. – Falei e ele juntou as sobrancelhas.
- Sim o que? – Ele perguntou, mas pareceu entender do que se tratava depois, já que o sorriso foi formado.
- Eu aceito: você pode tentar fazer a dor parar, mas quero que você saiba que eu sempre vou amar o Cody. – Falei e ele assentiu.
- Então? – Bryan perguntou e eu ri.
- Isso aí mesmo. – Eu disse e ele pulou pra me abraçar.
Não vou dizer que estava “Completamente feliz”, mas posso te dizer que eu não poderia esperar a vida passar, poxa, tem muita coisa que eu perdi em dois dias, enquanto chorava por alguém que iria voltar logo, eu não ia parar de amá-lo, mas não iria esperar meu coração sair pelos olhos.
Vida: aqui estou eu novamente!
“The dog days are over”
(Os dias de cão acabaram).
“The dog days are done”
“The dog days are done”
(Os dias de cão se foram).
“The horses are coming”
“The horses are coming”
(Os cavalos estão vindo).
“So you better run”
“So you better run”
(Então é melhor você correr).
Bryan beijou minha bochecha me fazendo rir.
Ele não era tão ruim. Pelo menos não pior do que ficar hibernando à base de lenços de papel em uma cama que só me fazia lembrar do Cody.
Eu ia recuperar minhas forças e depois ir atrás do MEU BOFE.
- DÁ PRA ME DEIXAR DORMIR? – Fred falou capotando pro lado.
Certas coisas nunca mudam.
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Sorri vitoriosa. Sim, eu estava retomando as cordas da minha vida.
Short jeans claro curto, regata branca e all star vermelho. O rabo de cavalo alto e sorriso no rosto.
Desci degrau por degrau. Senti os olhares em cima de mim e tentei disfarçar o pânico.
Eu ainda estava mal, mas ninguém precisava saber.
- Bom dia. – Falei e pude ver todos os sorrisos.
- AAAAH MINHA BRAZILIAN GIRL, QUE BOM! – John pulou em cima de mim me fazendo gargalhar.
- VEMK LINDA! – Dylan me levantou e me colocou no chão denovo.
- Gente, mas o que te fez sair daquele quarto? – Tom perguntou me dando um beijo na bochecha.
- Resolvi sacudir a peruca e agora, vocês vão ter que agüentar denovo. – Falei e eles riram.
- Pois então sacode bem as penas, porque o Cody volta hoje. – Cole disse e eu paralisei.
Por essa eu não esperava.
- Como assim? – Perguntei e Cole recebeu um tapa no ombro.
- O QUE EU FIZ AGORA? – Cole berrou e Alli negou com a cabeça.
- Cody tinha ido pra Austrália buscar uma velha amiga nossa. – Fred falou de boca cheia.
- Amiga? É o teu caralho, eu não suporto aquela garota. – Dylan disse e eu respirei fundo.
- Quem? – Soltei tentando não parecer curiosa.
- O nome dela é Hailey, mas pode chamar de Babuíno. –
Autora:
Eu sei, ta chatinho, mas prometo que os próximos serão melhores e mais longos. E atualizados mais cedo.
Enfim, outra coisa: Queria falar pra vocês não se preocuparem, porque eu estava digitando e percebi que faltava uma coisa muito importante, que eu em meio há tanta tragédia no Imagine, esqueci. A diversão. Ta faltando piada, coisa pra rir e descontrair. Enfim, próximos capítulos serão melhores.
5 comentários:
VACA MAFIOSA , QUERO CONTINUAÇÃO , E EU PENSANDO QUE O CODY IA ESTAR NESSE CAPITULO , E NÃO DEMORA PARA ESCREVR
Peeerfeitoo Tiia !!
Posta Logo, nãao faz covardia aki com agente, que tem que ficar esperando MÔ tempão ! rum
#esperando anciosamente
Continua por favor =D
Chato é o Carpatcho .. O imagine tá muito bom #ComoSempre . Continuaa Tia Lila ;*
Nem tenho comentários,continua essa mera antes que eu vô aí te dar um tiro!
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