sábado, 25 de agosto de 2012

Prólogo, 1°, 2° e começo do 3° capitulo.





Prólogo
Janeiro, 2010. Austrália

 A música estava dentro de mim. Era como se não houvesse nada à minha volta, apenas o som dos violinos sendo tocados violentamente e acompanhados por flautas doces e sutis. Minha mente vazia. Apenas o cérebro mandando coordenadas específicas de como fazer daquilo um momento só meu. Eu estava dançando. Dançando meu coração para fora, como um grande amigo meu dizia. A sala de dança estava vazia, apenas eu e meus movimentos. Todas as paredes revestidas com espelhos, o piso branco riscado com a ponta das sapatilhas de gesso que passavam por ali todos os dias e o som leve ecoando pelo local, me fazia entrar em êxtase. Eu estava vestida para a ocasião com uma legging rosa bebê especial para Ballet, uma camiseta folgada e obviamente, calçando as sapatilhas desgastadas Pink. O cabelo preso em com coque absolutamente perfeito para não incomodar os olhos enquanto eu girava docemente no ritmo da música.
 A música estava quase acabando, mas eu não me importava. A ponta de gesso da sapatilha batia no piso fazendo uma espécie de percussão. Eu estava completamente sintonizada naquilo, até que finalizei com a mais bela pose de bailarina.
 Palmas ecoaram pela sala e eu automaticamente abri os olhos e procurei pelo dono das mãos barulhentas.
- Foi lindo. - Ele disse se aproximando e eu agradeci com um sorriso. Dei um beijo em sua bochecha e o encarei confusa.
- O que faz aqui? - Perguntei e ele riu.
- Poxa, não dá nem pra vir visitar uma amiga que ela já quer me expulsar do local, mas beleza, não, aguarde! O que é teu tá guardado! - Ele fez drama e eu gargalhei com as caretas.
- Fala sério! - Pedi dando um tapa em seu peitoral e ele parou de rir.
- Eu estava passando por aqui e decidi fazer uma visita rápida, ué. - Ele fez como se fosse obvio.
- Você? "Passando por aqui"? - Desdenhei rindo de sarcasmo e ele fez careta.
- Ok, eu vim te ver dançar óquei? Satisfeita agora Sra.Eu-leio-mentes? - Ele disse e eu sorri vitoriosa.
- Quer dar uma volta? - Perguntei e ele sorriu.
- Você acha que eu vim aqui bater palmas pra sua dança e ir embora? - Ele perguntou e eu ri.
- Vou me trocar, espera aqui. - Falei e ele assentiu. - E não quebre nada. -
 Se tratando de Cody Simpson, é sempre bom se certificar de alertá-lo a não quebrar nada. O garoto é um desastre humano. É certo de que é muito talentoso, e eu me orgulho muito de ser amiga dele, mas desde que o conheço, no que a criatura encosta, ele quebra. E é muito tímido também.
 Quando Cody começou a fazer aulas de violão ao lado da minha escola de dança, nós conseguíamos nos ver constantemente. No meio do ano passado eu o convenci de postar um vídeo no Youtube cantando e não é que ele curtiu a ideia? Um dia um cara ligou na casa dele e disse que queria ser produtor dele. A notícia foi uma festa. Lembro como se fosse ontem. Desde então a vida dele mudou completamente. Fãs, shows, gritaria, gravações... Mas ainda assim ele continua tendo os amigos e a família como um exemplo. Ele é muito ligado à família, isso é claramente visto, mas ultimamente ele não tem a visto muito constantemente, pois alguns compromissos são bem distantes daqui de Gold Coast. 
 Coloquei um short jeans, o All Star branco e uma regata preta. Deixei o cabelo solto, que ainda estava um pouco amassado por causa do coque e saí do vestiário. Encontrei Cody dançando e cantando algo que eu julguei ser Justin Timberlake e ri sozinha ao lembrar algumas cenas rápidas.
- Vamos logo, Sr.Sexy Back. - Eu disse e ele fez um "Rá Rá" sarcástico. 
 Fechei a porta do salão de dança da minha mãe e virei para Cody. Ele estava com uma camiseta branca, uma calça preta e um tênis enorme. Típico Cody. O cabelo indeciso não sabia se ia pra esquerda ou para a direita e os olhos esbugalhados verdes brilhavam.
- Quer ir aonde? - Ele perguntou passando o braço por cima do meu ombro e segurei o riso. A voz aguda dele é a única prova de que ele realmente tem 13 anos.
- Que tal… sorveteria? - Perguntei e ele assentiu.
 Fomos conversando sobre coisas aleatórias e ele me contava empolgado sobre as gravações do estúdio. Chegamos á sorveteria e pedimos a clássica baunilha com cobertura de caramelo e uma cereja em cima. Pegamos duas colheres e arranjamos um cantinho na sorveteria.
- Então, vai falar ou não? - Eu falei e ele me olhou confuso. - Eu sei que você quer me contar algo Coala, pode falando. - 
- Não me chama assim sua Pandinha chata! - Ele disse e eu rosnei.
- Não me chama de Pandinha então! - Fiz bico e nós gargalhamos. As risadas foram parando e ele começou a mexer no sorvete com a colher, como se estivesse evitando olhar nos meus olhos.
- Eu vou me mudar. - Ele disse e eu congelei.
 Cody não é o único amigo verdadeiro que eu tenho, mas a importância dele na minha vida é… sem fronteiras. Quando Angie, mãe do Cody, casou com Brad e os dois foram morar juntos, Angie começou a frequentar a academia e lá conheceu a minha mãe, as duas se deram muito bem e conversava sobre tudo. Minha mãe viajou para o Brasil e conheceu meu pai, lá ela engravidou, mas precisou voltar antes que o visto acabasse e quando voltou, descobriu que Angie também havia engravidado. Exatamente na mesma época. As duas daí em diante ficaram ainda mais amigas. Quando elas entraram em trabalho de parto, Brad teve que levar as duas juntas pro hospital. Imagine, duas mulheres em trabalho de parto no banco de trás gritando, xingando o pobre Brad e de mãos dadas. Eu nasci exatamente duas horas antes de Cody e daí em diante, nunca nos desgrudamos. A amizade com esse garoto é algo, como eu já disse, sem fronteiras. Meu pai se mudou para a Austrália logo depois, por isso digo que sou uma Brasiláliana. Forma complicada de dizer que fui feita no Brasil, mas nasci da Austrália. Amo os dois países, é impossível escolher. Cody e eu fomos vizinhos até os 10 anos e depois eu mudei de casa, mas nós continuamos nos vendo todos os dias. 
 Mas o que eu quis dizer com tudo isso, é que eu nunca me separei do Cody. Ele me deu o maior apoio quando eu resolvi fazer a primeira aula de dança e eu que implorei pra ele compartilhar o talento com o mundo. Passar um dia sem dar um abraço nele é como ir pra Minas Gerais e não comer queijo. 
- C… como assim? - Engoli o nó na garganta.
- Em Abril eu e minha família vamos nos mudar pra Los Angeles... - Ele disse ainda sem olhar pra mim. Ele ouviu um soluço e ergueu o rosto. - Não, por favor! - 
 As lágrimas começaram a escorrer sem freios. Tentei fazer força pra parar, mas não adiantava. 
 Cody pulou da cadeira dele e deu a volta. Em dois segundos estava ao meu lado me abraçando com toda a sua força.
- Você não pode ir embora Coquinho, não pode! - Falei com certa dificuldade. Todos na sorveteria nos olhavam. 
- É o que eu to tentando te dizer, eu vou embora, mas eu vou te levar junto! - Cody disse e eu me soltei dele pra olhar nas pérolas verdes.
- Como assim? - As lágrimas ainda escorriam, pois a dor ainda estava ali, mas minha expressão estava mais pra uma boba confusa do que pra uma desesperada.
- Nossos pais andaram conversando, e os seus pais também querem ir pra Los Angeles... - 
- Por quê? - O interrompi sem entender e ele soltou um sorriso sincero.
- Por causa da sua dança e da minha música. - Ele disse e eu sorri. Nossos pais estavam largando a vida deles na Austrália por causa dos nossos sonhos. Não tem prova maior de amor.
 Eu pulei em cima dele e o abracei toda eufórica. Ele gargalhou e retribuiu o abraço. Nós estávamos caídos no meio da sorveteria, nos abraçando e rindo que nem bobos.
- A gente vai realizar nosso sonho Coquinho e a gente ainda vai... -
- Passar por tudo isso: juntos. - Ele completou sorrindo e eu assenti emocionada.
- Hei. - Ele disse olhando nos meus olhos e eu movi a cabeça o mandando prosseguir. - Promete uma coisa? - 
- O que? - Perguntei e ele corou pegando fôlego.
- Promete que eu nunca vou te perder? - Cody disse e eu sorri. Esse foi o momento mais sincero da minha vida. 
 Ergui o dedo mindinho e ele fez o mesmo.
- Nós contra o mundo. - Falei e ele sorriu, entrelaçamos os dedinhos e ele completou:
- Nós contra o mundo.




Setembro, 2012.
- Cinco, seis, sete, oito… - Andrea, nossa coreógrafa, ordenou.
 Voltamos a repetir todos os movimentos. Eu já estava morta! Andrea é a nova coreógrafa, pois a antiga engravidou. Matt, eu e Brittany saímos à procura de alguém de mesma qualidade, mas a coisa foi difícil. Principalmente quando um cara do salão de Jazz inventou que o Cody devia fazer um espacate (confesso que nunca ri tanto de uma careta do Matt). Andrea até que é legal, mas eu prefiro correr uma maratona a continuar ensaiando pra turnê com essa mulher.
- Acabou pessoal. – Andrea disse e nós batemos palmas. Com “nós”, eu quis dizer eu e Brittany. Cody estava ocupado demais massageando o tornozelo.
 Caminhei até ele e sorri.
- Ela é um pouco dura com a gente né? – Eu disse rindo da situação do coitado.
- Dura? – Cody ergueu a cabeça pra me mandar uma careta indignada – Essa mulher é cruel! –
- Concordo, sempre concordei! – Brittany estendeu o gelo pro Cody, que se jogou no chão e colocou no tornozelo.
- Valeu Britt. – Ele murmurou e ela acenou com a cabeça.
- E além do mais, essa mulher é tão doida que recusou seu passo na coreografia amiga! Não tem por que proteger ela. – Brittany disse e eu suspirei.
 Eu havia trabalhado duro naquela coreografia, na verdade, passei uma noite em claro pensando em que passo usar. Dois dias depois, apresentei pra Britt (segunda dançarina), não deu outra: ela amou. Mas depois apresentamos pra Andrea e ela disse que era muito diferente e ruim. Cody sequer sabia disso até Britt falar.
- Como assim recusou um passo seu? – Cody juntou as sobrancelhas.
Vish” pensei.
- Isso mesmo, aquela mulher teve a audácia de dizer que o passo da Panda não servia pra tua coreografia. – Britt mandou ver no fuxico e eu rosnei.
- Que papo é esse Pan? – Cody se levantou e disfarcei.
- Nada demais… ela só… -
- Só? Pára com isso Panda! – Britt virou pro Cody. – A tua ‘Pan’ trabalhou duro em uma coreografia maravilhosa e a Andrea recusou-
- O que ela disse? – Cody não parecia estar gostando daquela história. Brittany não conhece o Co como eu conheço, pois se conhecesse, não contaria uma coisa dessas pra ele.
- Disse que era ruim e não servia pra tua dança. – Britt disse e depois me encarou com uma espécie de careta vitoriosa. Tá, eu sei. A Andrea praticamente jogou todo meu esforço no lixo. Mas a Brittany não tinha o direito de contar tudo pro Cody.
- É verdade Pan? – Ele me encarou e eu assenti. – Vou falar com o Matt. –
- Ok… - Falei quase num suspiro.

//

 Eram oito da noite e eu estava descendo as escadas da minha casa. Minha mãe e meu pai estavam assistindo televisão, abraçados. Após uma curta conversa sobre como eu deveria me comportar na casa do Cody, me despedi deles rindo. Visito a casa dos Simpsons há 15 anos e meus pais ainda ditam as regras.
Caminhei até a porta da casa dos Simpsons e bati duas vezes. A porta foi aberta/arreganhada por Billy.
- PAAAAAAAANDA! – O garoto berrou que nem uma arara e deu um beijo na minha bochecha.
CALA A BOCA BILLY, TÁ NA MELHOR PARTE! – Pela voz fina, só podia ser Madison.
- QUALÉ, TODO MUNDO SABE QUE ESSA PORRA VAI AFUNDAR NO FINAL! – Billy gritou pra garota. – Entra Panda! –
 Entrei na sala, mais que conhecida.
- FALA TÚ PANDA! – Ryan disse sentado no sofá e eu quase morri de susto.
- Não é por nada não, mas por que a gente te chama de Panda mesmo? – Eric perguntou com a boca cheia de pipoca e eu balancei os ombros.
- É puro swag! – Madi sacudiu os cabelos e eu ri.
- Não é só por swag. – Cody entrou na sala vestindo um jeans e uma camiseta branca, descalço e trazendo uma garrafa enorme de refrigerante.
- É por que então? – Billy perguntou e Alli riu.
- É coisa deles gente, nem eu sei! – Alli disse sem tirar os olhos da tevê.
- E daí? Não pode contar pra gente? – Madison perguntou e Cody me olhou risonho.
- Poder eu até posso. Mas vou ter que te matar depois. – Falei rindo e Madi me olhou assustada.
- Mas então, quer se juntar aqui com nózes Panda? – Alli perguntou e eu me apoiei no sofá.
- Que filme é? – Perguntei sem identificar a cena.
- É o “Caralho do Titanic, parte I”. – Ryan disse fazendo voz de locutor e os meninos riram.
- Vocês não cansam de ver não? – Perguntei e todos me olharam. Alli e Madi me olharam indignadas e Billy, Eric, Ryan e Cody me olharam com a melhor cara de entediados que eles tinham. Eric é o melhor nessas caras.
- Eu já cansei faz tempo. – Billy disse e Eric e Ryan concordaram.
- E tu Co? – Perguntei e ele suspirou.
- Era isso ou Jogos Vorazes… denovo. – Ele disse e eu ri.
- Então vou me juntar. – Falei me jogando ao lado de Alli.
 Ficamos ali trocando comentários sobre como o Leonardo Di Caprio é lindo e maravilhoso e tentando tirar o balde de pipoca das mãos de Eric.

- AI NÃO, NÃO ROSE, NÃO SOLTA ELE! – Madi berrou enquanto Alli inundava o cômodo em lágrimas.
- AFUNDA LOGO, VIADO! – Ryan berrou e recebeu um soco no ombro vindo de mim. Billy estava no décimo terceiro sono e Cody estava afundado na almofada.
- NÃÃÃÃÃÃÃÃO! – Jack afundou e Alli estava vermelha de tanto chorar.
 Confesso que senti uma pequena vontade de chorar, mas essa possibilidade foi destruída com o Cody fazendo careta pra mim. Ele ficou fingindo que estava tendo um ataque de choro, que nem Alli e Madi estavam tendo.
- FINALMENTE! – Os meninos disseram em coro.
Preciso mesmo comentar que o filme havia terminado?
- Ai, eu amo muito esse filme. – Madi secou as lágrimas.
- Cada um ama o que quiser não é mesmo minha gente? – Cody disse de sobrancelhas loiras erguidas e eu ri.
- Por exemplo… - Ryan começou. – Billy ama babar no sofá da Angie.
 Viramos pra observar Billy praticamente morto no sofá.
- E Eric ama pipoca. – Madi disse apontando pro Eric, que se esbaldava nos caroçinhos que não haviam estourado da pipoca.
- Ama até demais, né seu guloso? – Alli rosnou pro Eric, que riu.
- E eu amo a Panda. – Cody disse e eu sorri. – Né Pan? – Ele me abraçou e eu assenti.
- E a Panda ama o Coala. – Falei e as meninas rolaram os olhos pro outro lado.
- Ai, eu vou vomitar arco-íris se vocês continuarem sendo tão fofos! – Ryan fez voz afetada fazendo todos rirem e eu mostrei a língua pra ele.

Subi para o quarto da Alli com as garotas e não parávamos de tagarelar. Joguei-me no pufe branco e Madi na cama de Alli.
- Esse Ryan é bonito demais! – Madi disse fazendo cara de safada.
- Acalma a Gina aí. – Falei e Alli gargalhou.
- Mas é sério, aquela boca dele… - Ela se tremeu toda, como se estivesse tendo uma convulsão.
- Eu ainda acho o Billy mais bonito. – Alli entrou no closet.
- Fato gente, mas sei lá, falta algo neles. Cêis não acham? – Perguntei brincando com um urso de pelúcia e vi com o rabo do olho que Alli e Madi trocaram olhares maliciosos.
- Tipo um cabelo loiro, charme e fofura pra dar e vender? – Madi perguntou rindo.
- É! – Falei como se tivesse achado a solução, mas quando olhei para Madi e Alli, eu percebi que havia um objetivo camuflado naquela conversa. – NÃO! –
 Madi revirou os olhos e eu respirei fundo.
- Eu sei o que vocês estão pensando e muita gente já pensou isso. Sério. Eu só quis dizer que o Cody é um garoto exemplar e que os garotos como ele são bem melhores… - Argumentei.
 Madison olhou pra Alli como se pedisse permissão pra falar algo.
- Cai na real Pan, é obvio que vocês têm alguma coisa. Não me leva a mal, mas é só ver o jeito que ele te olha pra perceber. – Ela disse e senti minha pele queimar de raiva.
- Parem com isso. – Falei me levantando e pegando a toalha da mão de Alli. – Ele é só meu amigo, que coisa! –
 Entrei no banheiro e fechei a porta. Arranquei a roupa e prendi o cabelo num coque desleixado, pra não molhar. Abri o chuveiro e esperei a água cair.
 Será que não dá pras pessoas pararem com isso? Nós somos só amigos. Bons amigos! E eu nunca vou querer passar disso com o Cody.
 A água estava praticamente fervente. Em questão de minutos, o banheiro estava translúcido pelo vapor. Se eu desligasse o chuveiro, poderia utilizar o banheiro como sauna. Minha raiva foi passando e quando eu já estava completamente zen, desliguei o chuveiro. Puxei a toalha de cima do box e sequei algumas partes do meu corpo. Deslizei o vidro do box para o lado e procurei pelo meu pijama. Ok, é obvio que eu não havia pegado meu pijama. Enrolei-me na toalha e abri a porta.
- Eita porra, tinha um vulcão aí dentro do banheiro? – Ryan disse abanando a mão na frente do rosto.
- RYAN! – Gritei e ele arregalou os olhos.
- Nossa! Você fica ainda mais linda assim… belas pernas… - Ele disse dando um sorriso de lado.
- E VOCÊ FICA AINDA MAIS LINDO FORA DESTE QUARTO MOLEQUE ATREVIDO! – Gritei apontando pra porta, ele riu erguendo as duas mãos pra cima, como se estivesse se rendendo e saiu lentamente do quarto.
 Fechei a porta e girei a chave. Madi e Alli obviamente não estavam no quarto. Abri o closet e abri a primeira gaveta. Gaveta dos pijamas. O meu sempre estava por ali, afinal, durmo muito na casa dos Simpsons. E Cody dorme muito na minha casa também.
 Coloquei o pijama de zebra e fiz um rabo de cavalo desajeitado. Mas não “propositalmente desajeitado”, é só que eu não sei amarrar meu cabelo. Desde pequena, minha mãe que amarra meu cabelo. Coisa mais complicada essa de puxar todo o cabelo pra trás. Calcei o chinelo e saí do quarto.
 Ouvi Eric conversando com Madi e Alli na sala. Pelo barulho no banheiro do corredor, Ryan devia estar tomando banho. Desci as escadas e desfilei pela sala com meu pijama. Eu estava quase me sentindo a Beyoncé quando cheguei à cozinha e encontrei um ser loiro fuçando a geladeira. Depois de jogar várias coisas pro lado, ele tirou um vidro de ketchup de lá e virou no gargalo.
- Algumas coisas nunca mudam… - Eu disse me sentando em cima do balcão.
 Ele virou e me olhou risonho com a boca toda suja de ketchup.
- Qualé, é meu instinto. – Ele disse fechando a geladeira e encostando-se na pia, de frente pra mim.
- O Billy ainda ta dormindo? – Perguntei brincando com um enfeite em forma de anjinho que estava por ali.
- Aquele ali ta pronto pra ser enterrado. – Cody disse e eu ri alto.
 Coloquei o enfeite no lugar onde estava e desci do balcão.
- Tá pronto pra turnê? – Perguntei curiosa.
- Você só pode estar brincando! Eu mal vejo a hora! – Ele sorriu com os olhos brilhantes. A Paradise Tour iria começar na próxima semana. Cody, obviamente, era o mais elétrico sobre isso.
 Ele deu mais gole no ketchup e virou-se pra mim, olhando-me nos olhos e sorriu. Deus, que sorriso lindo. Eu podia assistir aquele sorriso o dia todo se tivesse uma bacia de miojo de galinha e dois litros de refrigerando ao meu lado.
- Ér, hm… - Eu desviei o olhar e ele também. – Eu… eu acho que já ta meio tarde, quer ir dormir? –
- Não! – Ele disse como se fosse óbvio e eu ri. – Hoje tem especial do The Mentalist, a gente devia ver!
- Devia? – Perguntei e ele assentiu como se estivesse impondo aquilo. – Não sei, a gente tem que acordar cedo amanhã.
- AAAAAAAAH PÁRA COM ISSO! – Ele se jogou em cima de mim. –VAMOOOO PUFAVÔ PANDINHA! –
- AWN, não me chama de pandinha não! SEU COALA MALDOSO. – Falei cedendo. Eu sempre perco o controle quando ele me chama assim.
- Eu sei que você não resiste ao meu charme de Coala, não precisa se fazer de difícil. – Ele se afastou ajeitando o cabelo, daquele jeito irresistível.
- Tá, ta, ta… vamos logo antes que eu mude de ideia. – Falei e ele sorriu.
- YEEWW! – Ele ficou de costas pra mim e eu me joguei em cima das costas dele. – THE MENTALIST NOS AGUARDA! –
- OH CODY, MENOS ESCÂNDALO E MAIS EQUILIBRIO, POR FAVOR. – Gritei enquanto nós cambaleávamos feio bêbados no caminho pra sala. Talvez brincar de cavalinho com o Cody não seja uma boa ideia, ele sempre foi muito desastrado pra essas coisas.
- CHEGAMOS SENHORITA. – Cody imitou a freada de um carro e me jogou no sofá, que agora estava vazio.
- Peraí, você não era um cavalo? – Perguntei me fazendo de confusa e ele se jogou do meu lado.
- Eu sou um cavarro. – Ele disse ligando a tevê e passando o braço por cima dos meus ombros.
- Um “cavarro” Sr. Simpson? – Perguntei segurando o riso.
- Exato Sra. Panda, um cavarro australiano. – Ele disse certo do que havia dito e eu ri. – IH, OLHA, JÁ COMEÇOU. –
 Vimos os primeiros episódios da segunda temporada do The Mentalist, mas quando chegou ao décimo episódio, eu já estava ficando com muito sono, então deitei a cabeça no ombro de Cody. Senti ele se arrepiar enquanto eu passava meus braços em volta de sua cintura.
- Quer… deitar? – Ele perguntou meio hesitante. Assenti com a cabeça, ele me afastou um pouco, quase me tirando do sofá e se deitou, me puxando pra cima de seu corpo. Deitei a cabeça no peito dele e fechei os olhos enquanto o sentia brincando com uma mecha do meu cabelo.
- Boa noite, pandinha. – Ele sussurrou e depois me deu um beijo na testa.
- Boa noite, coala. – Falei sem me mover.

 Eu e Cody estávamos sentados no sofá branco. Identifiquei aquela casa como sendo a da avó dele, da qual eu também chamava de “vó” a pedido da própria. A Senhora Simpson estava em mais um de seus cochilos no quarto do andar de cima e eu e Cody estávamos sentados um do lado do outro, assistindo “Grease – Tempos da brilhantina”. Nós já sabíamos as falas de cor, afinal, era o único DVD que a vó tinha na casa dela. Aparentávamos ter treze, mas eu me lembro como se fosse ontem, que tínhamos onze.
- Eu adoro essa parte. – Falei sem tirar os olhos da tela.
- Só porque eles se beijam? – Cody disse sem estar muito interessado no filme e eu rolei os olhos. Sempre foi assim. Eu me interessava mais na história do Grease e ele nas músicas do filme.
- Claro! Eles se amam! – Falei como se fosse óbvio.
- Um homem e uma mulher se beijando não quer dizer que eles se amam… - Cody disse e eu o olhei, incrédula.
- Claro que quer! A gente só beija quem a gente ama de verdade. – Falei certa do que dizia.
- E como você sabe disso? – Ele perguntou rindo de toda minha certeza em algo que eu nunca havia feito.
- Eu só sei e pronto. – Falei e ele riu.
 Danny, interpretado por John Travolta e Sandy, a linda da Olivia Newton-John, finalmente se beijaram. A música mais linda do filme tocou de fundo e eu suspirei. O beijo era longo, intenso e apaixonado. Perfeito.
 Virei pra falar para Cody o quanto eu estava certa de que Dan e Sandy se amavam. Ele estava sorrindo pra tevê e quando notou meu olhar, sorriu pra mim. Ficamos nos olhando por um tempo, e então Cody, após passar uma mecha do meu cabelo pra trás da minha orelha, me beijou. Não foi um beijo longo como o do filme, nem intenso como o de Dan e Sandy, mas não restavam dúvidas de que foi tão apaixonado quanto, ou até mais, do que aquele.




Abri os olhos e quase perdi o fôlego. Cody estava me encarando muito, mas muito de perto, ele sorriu e acariciou meu rosto.
- Hora de acordar. – Ele sussurrou e se afastou.
- Finalmente Pan! Achei que ia ter que te enterrar junto com o Billy pra economizar na cova. – Eric falou comendo cereal na mesa.
- OW, eu só dormi daquele jeito por causa daquele filme horrível, a culpa é da Madison. – Billy disse passando os canais de televisão.
- HEY, FALA QUE TITANIC É HORRÍVEL DENOVO E EU ARRANCO ESSA VERRUGA DA TUA CARA! – Madi gritou e Billy fez cara de ofendido.
- ISSO AQUI É UMA PINTA FLW? Olha o respeito. – Billy cobriu o canto da boca, onde a pinta/verruga se situava.
- PÁRA DE GRITAR AÊ OH NEGADA, PARECEM QUE NÃO RECEBERAM EDUCAÇÃO POW! – Alli apareceu na porta da cozinha e eu ri.
 Cody sorriu pra mim e eu devolvi.
- A gente tem que ir pro estúdio, pronta? – Cody perguntou e eu gargalhei.
- Pronta é a última coisa que eu estou, Coquinho. – Sussurrei ainda um pouco boba pelo sono.
- Então levanta, porque essa semana vai ser mais corrida do que pensas. – Ele se levantou e estendeu a mão pra me ajudar a levantar. Aceitei a ajuda e senti o corpo todo doer quando ele me puxou pra cima.
- Deus, ta tudo doendo! – Me espreguicei sendo o mais cautelosa possível.
- Lógico, você apertou o Cody a noite toda! – Madison disse com aquele ar de “eu sei que eu tenho razão” e eu fitei o Cody.
- Verdade? – Perguntei arrumando o cabelo e ele sorriu procurando os bolsos da calça pra enfiar as mãos.
- Bom, você me abraçou… - Ele disse com um sorriso de canto.
 Aquele sorriso de canto me lembrava muita coisa. Coisa demais pra dez minutos de despertar.
- Melhor eu ir me arrumar. – Virei as costas pro Cody, peguei meu celular em cima da mesa e subi as escadas correndo.
- Ué… - Ouvi Billy murmurar enquanto eu subia.
 Entrei no quarto da Alli e me joguei no pufe.
Deus, porque eu tinha que lembrar isso hoje? Bem uma semana antes da turnê?
- Droga viu… - Murmurei pegando uma toalha qualquer e entrando no banheiro. Tomei um banho rápido, mas não tão quente quanto da última vez, pois banho quente dá sono e a última coisa que quero hoje é ter sono.
 Enrolei a toalha em meu corpo e peguei o celular jogado em cima do pufe. Apertei o botão pra chamada de emergência e aguardei.
- WHAAAAATS UP! – Cher berrou acompanhada de uma voz masculina e eu ri.
- Oi Cher, oi Damian. – Falei enquanto pegava um pente.
- Como você sabe que sou eu? – Damian perguntou com aquele sotaque maravilhoso.
- Dam, que eu saiba você é o único irlandês que eu e a Cher conhecemos.
- Mentira, e aquele cara que toca na praça? – Cher se aproximou do telefone.
- Cher, só porque o cara é fanho, não quer dizer que ele seja irlandês! – Falei rindo e Damian riu também.
- Mas enfim, porque está nos ligando? – Dam perguntou tirando do viva voz.
- Ah, é que eu tive um sonho hoje a noite e precisava falar com vocês sobre isso. – Falei penteando meu cabelo e ouvi um suspiro do outro lado da linha.
- É sobre você e o Cody? – Dam perguntou e eu respondi com um suspiro. – Ok, a gente te encontra mais tarde, no lugar de sempre?-
- Damian, o lugar de sempre é a minha casa, não a “Bat-Caverna” – Falei e ele riu. – Inté? -
- Ok, inté. – Ele respondeu e eu desliguei.
 Coloquei uma calça qualquer, um all star branco e uma camiseta com decote e estampa. Amarrei o cabelo decentemente e coloquei tudo ali de volta ao seu devido lugar.
 Abri a porta me certificando de que não havia sinal de Cody ali e respirando fundo e contando até dez, desci as escadas.
- Nossa! Você é rápida. – Billy disse e Cody se virou pra me olhar.
 Ele estava com um par daqueles sapatos que ele adora; uma regata e bermuda. E o que não podia faltar, o chapéu.
- Vamos? – Perguntei e eles assentiram. Estavam todos prontos para irem para seus respectivos lugares. Madison ia para o set filmar Life With Boys; Billy e Eric iam para o set do Lab Rats; Alli tinha um photoshoot com a Pastry e eu e Cody, íamos para o estúdio, resolver as últimas coisas pra turnê.
 Despedimos-nos da galera e esperamos Matt chegar.
- Você ta linda Panda… - Cody envolveu minha cintura de lado.
 Aqueles braços, porque tinham que ser tão fortes e firmes?
- Você também Co… - Sorri e ele retribuiu.
- COF COF COF – Alli “falou” e nós a encaramos. – Ih, olha, o Matt. –
 Virei e vi o carro de Matt estacionando alguns metros distantes de nós. Corremos que nem bobos em direção ao carro e entramos.
- Oi Matt coisa linda. – Brinquei entrando no carro. Ele riu e sacudiu a cabeça como se dissesse “Você não toma jeito mesmo” pra mim. Cody e Matt fizeram o toque com as mãos.
- Quais são os planos pra hoje? – Alli perguntou enquanto passava gloss.
- Nada demais, só o ensaio mesmo. – Cody disse se ajeitando do meu lado.
 Conversamos durante todo o percurso até o estúdio de ensaio e quando chegamos, tivemos que aturar Andrea nos coreografando como se fossemos escravos dela.
- Preciso falar com você. - Matt gritou apontando pra mim na porta do estúdio de ensaio. Corri até ele e ele fez sinal para que eu o seguisse.
- O que será? - Brittany murmurou pro Cody que me olhou sério e confuso. 
- Matt, é muito sério? - O segui até um comodo vazio que futuramente seria um estúdio de dança. 
- É sim... - Ele disse torcendo a cara.
- Então conta logo Matt, assim você me mata do coração. - Falei assustada.
- Lembra que eu fiquei encarregado de renovar o seu visto californiano, pois como seus pais organizam seu visto Brasileiro, outro responsável deveria se encarregar disso? - Ele disse e eu assenti pra ele. Como eu sou brasileira, mas morava na Austrália, foi uma confusão pra acertar meu visto (visto é o documento que permite que uma pessoa de um país possa transitar em outro), diferente do Cody e sua família, que só tinha o visto Austrália/Estados Unidos, eu tinha Brasil/Austrália/Estados Unidos. 
- Eu estava tentando renovar seu visto pra ficar aqui em Los Angeles e... - Ele começou a falar meio nervoso.
- Como assim "tentando"? - O interrompi.
- Calma... - Ele disse fazendo um sinal com as mãos pra eu parar e eu já saquei tudo.
- NÃO ME MANDA FICAR CALMA SENÃO EU FICO PIOR! - Eu gritei chacoalhando tudo e ele suspirou.
- Seu visto espirou, você vai ter que voltar pra Austrália. - Matt falou com uma bomba.
 Eu fiquei quieta por alguns segundos, não sabia o que fazer.Vi meu sonho, minha vida, tudo o que eu conquistei simplesmente sumindo da minha mente, como se eu fosse teletransportada mentalmente pra outro mundo. Um mundo sem dança, sem shows, sem Cody. Essa última palavra me fez sentir um nó na garganta, as mãos geladas.
 Matt olhou subitamente em direção à porta do cômodo e eu fiz o mesmo. Cody estava em pé, com o rosto vermelho e punhos cerrados, os olhos verdes transbordavam sinceridade e parecia estar com o mesmo nó na garganta que eu. Aquilo fez meu coração quebrar. 
- O que? - Cody disse deixando uma lágrima escapar.

Continua.

Heeeeey Angels, olha eu aqui denovo. Eu sei que esses primeiros capítulos não tão muito interessantes, mas é a partir desses que a história começa a ficar mais divertida. Eu juro. Se houver alguma coisa errada é porque editei com pressa KKKKKKKKKKK mas depois eu arrumo. E comentem ok? 

PS: @SwaggeJWinno não me bata. 
PSS: Caso você esteja lendo isso e a letra esteja muito pequena, não se preocupe, amanhã mudarei o lay do blog por causa desse desgraça de html que não gosta da Verdana.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Sem homicídios


 Pra começar esse post já vou deixando claro que matar pessoas dá cadeia. Principalmente se essa pessoa se chamar Dalila e gostar de cabras. Deixando meu habeas-corpus de lado, vamos falar sobre o que importa: Imagine.
 Fiquei fora por bastante tempo, por culpa de duas coisas: Simoní e Preguiça. Simoní é o nome da minha professora de matemática e preguiça é o nome do que eu tenho quando olho pra lista de lições que a Simoní passa. Fiquei de recuperação no primeiro bimestre me matei de estudar no segundo, não ficando de recuperação novamente. Aí vieram as férias e eu voltei a digitar, mas eu ainda não postei porque vou digitar mais um pouco, pra postar vários capítulos pra vocês ok? 
 Esse post foi só pra dizer que o blog tá de cara nova e que o dia do Imagine novo ser postado está mais perto do que vocês pensam ♥