terça-feira, 27 de setembro de 2011

| Continuação do Imagine | Cap. Sete & Oito |



(Pare os sentimentos.).

 Talvez tudo isso seja apenas um pesadelo, daqueles que a gente acorda passando mal e sente o sorriso se formar só de sentir a realidade tomando conta de tudo.
“Isso mesmo.” Pensei ainda tentando me convencer de que tudo foi da minha cabeça, de que não senti Cody puxando o braço e se virando pra sumir da minha vista. Ou da minha vida?
 Afundei a cabeça no travesseiro.
Já sentiu que tudo o que você mais precisa na sua vida é ter uma pessoa ao seu lado?
 Dizem que pra um bom entendedor, meia palavra basta. E de acordo com a minha vivência, para um apaixonado também. O que pra muitos é uma simples palavra, para uma pessoa apaixonada aquilo vira um gesto, uma ação com direito à reação em sentido contrário de intensidade duas vezes maior, ou mais. Um olhar, mesmo que de uma pessoa desconhecida, se transforma em um raio de cores vibrantes. Um sorriso então? Simplesmente uma vida estampada nas pontas dos lábios erguidos.
 Cody não voltava pra casa da praia há dois dias, e eu já não sabia se meu coração aguentava mais. Ninguém da casa me perguntou nada, muito menos Alli. Ela apenas me abraçou e prometeu que tudo ficaria bem.
“Tudo acaba bem quando começa bem, certo?” Ela usava minha frase repetidamente enquanto eu soluçava.
 Eu já não conseguia chorar, comer ou qualquer coisa parecida. Tive que comer um bife que Fred enfiou na minha goela abaixo à força. Minha barriga ainda doía por causa da intensidade dos soluços e aquela cama vazia do quarto virou meu local de hibernação.
 Celular desligado, telefone fora do gancho e organismo em estado de emergência.
Era assim que eu me encontrava.
 A porta trancada, o silêncio me sufocando. O moletom do Mickey de Cody ia até o meio das minhas coxas e me fazia entrar em êxtase com o perfume ainda ali grudado na blusa.
 Duas batidas na porta.
Estranho, pensei que já haviam perdido as esperanças de tentar me fazer levantar daquela cama.
 Batidas novamente.
Virei pro outro lado da cama.
- Vai embora! – Resmunguei.
- Não. – Bryan respondeu e eu senti a raiva dominar.
 Dei um impulso e bati os pés até a porta sentindo meus joelhos reclamarem da dor. Os ferimentos com o caco de vidro ainda estavam lá, mas só eu sabia. Depois daquela chuva ninguém teve coragem de me olhar nos olhos. Nem o tio do sorvete que assistiu tudo.
- Como você pôde? – Abri a porta e ele ergueu a cabeça.
- Deixa eu me explicar. – Bryan falou entrando no quarto.
- Não, não e não. Não preciso de explicações. Isso foi culpa sua. Você apareceu, sumiu e voltou pra acabar com a minha vida denovo, satisfeito? – Perguntei sentindo um nó na garganta se formar. – SATISFEITO? – O empurrei contra a parede.
 Ele não tentou impedir o empurrão, apenas me deixou descarregar a raiva.
- Eu te entendo. – Ele disse olhando pro chão.
- Não, você não entende. Minha vida estava ótima, mais que ótima: incrível. Então você voltou pra me fazer lembrar de tudo o que passamos e de todo o amor que eu te dei, dos beijos...  – As lágrimas saíram. – Droga, do amor. –
 Ele deslizou pro chão.
- Eu já fui abandonado também. - Bryan me encarou e eu o olhei pela primeira vez.
- Sua mãe morreu, é diferente. – Falei sem precisar perguntar.
- Não! – O tom de voz dele subiu. – Minha mãe me abandonou! –
 Ele tampou o rosto. Deixei-o continuar.
- Um dia antes do nosso aniversário de namoro, cheguei da sua casa e encontrei minha mãe brigando com meu pai. Ela enlouqueceu, meu pai implorava, mas nada, ela simplesmente saiu de lá jogando as malas no carro e xingando meu pai. – Bryan disse segurando lágrimas.
Eu sei que a ultima coisa que eu precisava era ouvir historias deprimentes sobre como é chato ser abandonado por quem amamos, mas apesar de muito quebrado, eu ainda tenho coração, e pude sentir um pouco de pena dele.
- Então você sabe que não tem coisa pior, e que você causou toda essa dor em outra pessoa. Parabéns, você ganhou um rótulo e eu perdi meu coração. Feliz? – Ironizei queimando de raiva.
 Eu pude sentir a raiva tomando conta dele, pude ver as bochechas dele ficando mais vermelhas do que o tapete.
- PARE! – Ele ergueu a cabeça e se levantou. – Pare de me culpar, como se tudo isso fosse culpa minha, pois NÃO é! VOCÊ escolheu ir pra cama comigo, VOCÊ quis me ressuscitar na sua mente! – Ele explodiu.
- E EU ESCOLHI ACABAR ASSIM? VOCÊ CONTOU TUDO PRO CODY! – Gritei sentindo a pele queimar.
- NÃO! – Ele bateu a mão na parede fazendo um estrondo. – Eu falei pra ele que a gente tinha namorado; Que eu te amei e ainda amava; que não tinha te esquecido e que desejava que ele não cometesse o mesmo erro que EU cometi. – Ele gritou e eu perdi a reação.
 Ele respirou fundo e continuou.
- Você se afastou dele, você fez com que todos a sua volta percebessem que você estava comigo! A ÚNICA coisa que eu fiz, foi deixar você tomar suas próprias decisões. – Ele disse e eu deixei meu corpo cair em cima da cama.
 A culpa era minha. Totalmente minha.
Se eu não tivesse desenterrado Bryan, se eu não tivesse deixado os lábios dele tocarem os meus, se eu tivesse ficado ao lado de Cody, que era meu namorado, tudo aquilo não estaria acontecendo.
 Bryan não fez nada a não ser contar a verdade.
Novamente, eu estava errada.
 Alli parou na porta e correu até mim.
- Quer que eu o tire daqui? – Ela sussurrou e ele colocou as mãos no bolso.
- É só o que eu quero. – Falei esmagando as pálpebras pra fazer com que as lágrimas caíssem.
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

 Era a única coisa que eu queria fazer.
Dormir até tudo aquilo acabar, dormir até Cody voltar e trazer minha vida junto.
 Senti inveja da Bela Adormecida. Tão frágil e tão boba, e ao mesmo tempo, tão amada e conservada.
Olhei pra porta da sacada e vi que a chuva havia acabado.

“(...) apesar de tanto sofrimento, tanto problema, a gente tem que continuar levando a vida, porque um dia a tempestade pára.”.

 Senti uma ponta de esperança, mas logo ela se decepou no ar.
- Entra. – Falei esperando Alli.
Era Bryan. Ele trazia uma coisa na mão.
 Eu conhecia muito bem essa coisa.
- Cody pediu pra eu te entregar. – Bryan falou baixo.
Senti as lágrimas vindo como uma tempestade.
- Por favor, não chore denovo. – Bryan se sentou ao meu lado na cama.
 Não deu tempo de tampar o rosto, as lágrimas escorreram sem parar.
 O colar com a segunda metade de uma Lua estava enferrujado. Um: por ser bijuteria. Dois: Pela chuva.
- Dói demais. – Falei precisando de colo.
 Ele pensou um pouco, parecia refletir sobre falar ou não falar.
- Talvez você precise se algo que te distraia. – Bryan falou e eu virei pra encarar ele.
- Tipo uma arma? – Perguntei e ele riu.
- Não, isso seria perigoso tanto pra você quanto pra mim, eu digo de alguém. – Ele disse e eu neguei com a cabeça.
- Eu amo Cody. – Falei pra mim mesma e ele assentiu.
- Não disse pra parar de amar. – Ele disse.
 Olhei a corrente novamente e as lágrimas, os soluços, tudo de uma vez.
- Eu posso. – Ele se ajoelhou na minha frente.
O encarei sem entender, ele segurou meu rosto com as duas mãos.
- Eu posso fazer essa dor parar. – Ele tinha um brilho verdadeiro nos olhos.
Senti vontade de gritar. De sair correndo. De gritar e sair correndo. Mas a única coisa que fiz foi olhar pra baixo.
- Ok, - Ele soltou meu rosto e se distanciou. – Vou te deixar sozinha, é muita coisa de uma vez só. – Ele disse e eu me encolhi na cama.
- Boa noite, não esquece de pensar bem. – Bryan fechou a porta.
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –
- Você só pode estar brincando. – Neguei com a cabeça e ela balançou os ombros.
- Ora, você me perguntou e eu respondi! – Alli chacoalhou a cabeça como se fosse obvio.
 Aonde ta’ minha arma quando eu preciso?
- Alli, você ta doente? – Perguntei um pouco melhor.
- Eu concordo poxa, amiga, você ta na pior. – Ela apoiou a idéia maluca.
- Alli, é do Bryan que estamos falando. – Tirei o prato da mão dela.
- Não, é do Cody que estamos falando. – Ela pegou o prato de volta.
- Fala mais. – Me encostei-me à poltrona do quarto e ela se ajeitou na cama.
- Você precisa se distrair, você precisa se divertir, você precisa... –
- Do Cody. - Interrompi Alli.
- Sim, mas ta na cara que ele não vai voltar tão cedo. – Alli respondeu e eu abaixei a cabeça.
 A melhor hora do dia era quando Alli subia com o prato pra me fazer comer, mas não por “comer” e sim por “Alli subir”. Ela era a única pessoa que me mandava o real sem se preocupar com lágrimas escorrendo. Pra ela o importante era a realidade e ponto final.
- Enquanto ele não volta você pode muito bem espairecer, gelar a cabeça, balançar a peruca e depois pegar teu bofe de volta. – Ela disse enchendo o garfo.
- E se ele não voltar? – Perguntei sentindo um nó na garganta.
Alli se ajeitou pra continuar.
- Ele VAI voltar. Ele está como você, sentindo uma dor insuportável, mas que vai passar assim que o mar se acalmar, a tempestade acabar, e todos os outros clichês que você já sabe... – Ela ia enfiar o garfo na minha boca, mas eu desviei.
- Então ele ainda me ama? – Perguntei e ela riu.
- Você só pode estar brincando. – Ela disse e eu continuei a encarando. – Ok, lógico que te ama. Ele ficou magoado, bravo, mas todos nós sabemos que dessa vez, por mais que a culpa seja SUA, o erro foi DELE, pois você realmente tentou impedir, você esqueceu o Bryan, mas o Cody não te ouviu. –
 Parei pra refletir um pouco.
- Então ele volta? – Perguntei e ela bufou já irritada.
- É CLARO QUE VOLTA PORRA! – Ela berrou fazendo voar purê pra todo lado. Respirou fundo e continuou. – Ele te ama, ele vai voltar, mas até lá você tem que estar inteira e não acabada, cheia de olheiras, descabelada, com a mesma roupa há dois dias e com sono. – Ela tentou me colocar pra cima.
- Já sei o que fazer então. – Respondi e ela assentiu.
- Que bom, me avise quando feito, mas até lá, comesáporra e retoma sua vida, porque a fila anda, o tempo corre e a vida SEMPRE continua. – Ela usou minha frase de uma redação de quando nós tínhamos uns doze anos.
 Ela tinha razão. Quero dizer, EU tinha razão.
Eu só precisava respirar.
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

Olhei o horizonte e sorri.
Eu já conseguia sorrir. De alguma forma, eu sabia que tudo acabaria bem. Eu tinha o apoio dos meus amigos, da minha família, dos meus professores e até o tio do sorvete. Eu já conseguia fazer comparações bobas, comentários engraçados e até dar risada.
 Eu estava tomando rumo.
O relógio marcava três e meia da madrugada e o barulho do mar estava baixo.
Liguei o rádio. Eu precisava ouvir a voz de alguém cantando.
 Eu não podia acreditar logo AQUELA música?
Sorri e aumentei um pouco o volume. [Autora super recomenda essa música ok?].

Comecei a cantar junto com a vocalista do Florence And the Machine, que murmurava o começo de “Dog Days Are over”.

“Happiness hit her like a train on a track”
(A felicidade a atingiu como um trem nos trilhos)
 Coming towards her stuck still no turning back”
(Vindo em sua direção, parada, sem volta)
 She hid around corners and she hid under beds”
(Ela se escondeu pelos cantos e embaixo da cama)
 She killed it with kisses and from it she fled”
(Matou-o com beijos e dele ela fugiu)
 With every bubble she sank with her drink”
(Com cada bolha que ela afundou com sua bebida)
 And washed it away down the kitchen sink”
(E lavou pelo ralo da pia da cozinha)

Senti meus joelhos implorando pra que eu parasse, mas a vontade de dançar era mais forte.
Fiquei de frente pro espelho e comece a cantar com a vocalista, enquanto meu microfone era a escova de cabelos.

“And I never wanted anything from you”
(E eu nunca quis nada de você)
 Except everything you had and what was left after that too, oh”
(Exceto tudo que você tinha e o que sobrou depois disso, também, oh)
 Happiness hit her like a bullet in the head”
(A felicidade a atingiu como uma bala na cabeca)
 Struck from a great height by someone who should know better than that”
(Surpreendida de uma grande altura por alguém que deveria saber melhor)


Larguei a escova e caminhei até a porta. Caminhei pelo corredor rindo de mim mesma. Os pés tocando o chão gelado, a camisola rosinha decorada com ursinhos balançando e as pernas de fora.
 Abri a porta do quarto com tudo.
- WHAT THE FUCK? – Fred deu um pulo da cama e eu ri.
- (Seu Nome)? – Bryan esfregou os olhos.
 Aproximei-me dele e sorri.
- Sim. – Falei e ele juntou as sobrancelhas.
- Sim o que? – Ele perguntou, mas pareceu entender do que se tratava depois, já que o sorriso foi formado.
- Eu aceito: você pode tentar fazer a dor parar, mas quero que você saiba que eu sempre vou amar o Cody. – Falei e ele assentiu.
- Então? – Bryan perguntou e eu ri.
- Isso aí mesmo. – Eu disse e ele pulou pra me abraçar.
 Não vou dizer que estava “Completamente feliz”, mas posso te dizer que eu não poderia esperar a vida passar, poxa, tem muita coisa que eu perdi em dois dias, enquanto chorava por alguém que iria voltar logo, eu não ia parar de amá-lo, mas não iria esperar meu coração sair pelos olhos.
Vida: aqui estou eu novamente!

“The dog days are over”
(Os dias de cão acabaram).
 The dog days are done”
(Os dias de cão se foram).
 The horses are coming”
(Os cavalos estão vindo).
 So you better run”
(Então é melhor você correr).

 Bryan beijou minha bochecha me fazendo rir.
Ele não era tão ruim. Pelo menos não pior do que ficar hibernando à base de lenços de papel em uma cama que só me fazia lembrar do Cody.
Eu ia recuperar minhas forças e depois ir atrás do MEU BOFE.
- DÁ PRA ME DEIXAR DORMIR? – Fred falou capotando pro lado.
 Certas coisas nunca mudam.
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –


 Sorri vitoriosa. Sim, eu estava retomando as cordas da minha vida.
Short jeans claro curto, regata branca e all star vermelho. O rabo de cavalo alto e sorriso no rosto.
 Desci degrau por degrau. Senti os olhares em cima de mim e tentei disfarçar o pânico.
Eu ainda estava mal, mas ninguém precisava saber.
- Bom dia. – Falei e pude ver todos os sorrisos.
- AAAAH MINHA BRAZILIAN GIRL, QUE BOM! – John pulou em cima de mim me fazendo gargalhar.
- VEMK LINDA! – Dylan me levantou e me colocou no chão denovo.
- Gente, mas o que te fez sair daquele quarto? – Tom perguntou me dando um beijo na bochecha.
- Resolvi sacudir a peruca e agora, vocês vão ter que agüentar denovo. – Falei e eles riram.
- Pois então sacode bem as penas, porque o Cody volta hoje. – Cole disse e eu paralisei.
 Por essa eu não esperava.
- Como assim? – Perguntei e Cole recebeu um tapa no ombro.
- O QUE EU FIZ AGORA? – Cole berrou e Alli negou com a cabeça.
- Cody tinha ido pra Austrália buscar uma velha amiga nossa. – Fred falou de boca cheia.
- Amiga? É o teu caralho, eu não suporto aquela garota. – Dylan disse e eu respirei fundo.
- Quem? – Soltei tentando não parecer curiosa.
- O nome dela é Hailey, mas pode chamar de Babuíno. –
 

Autora:
Eu sei, ta chatinho, mas prometo que os próximos serão melhores e mais longos. E atualizados mais cedo.
Enfim, outra coisa: Queria falar pra vocês não se preocuparem, porque eu estava digitando e percebi que faltava uma coisa muito importante, que eu em meio há tanta tragédia no Imagine, esqueci. A diversão. Ta faltando piada, coisa pra rir e descontrair. Enfim, próximos capítulos serão melhores.
COMENTEM ♥






quinta-feira, 22 de setembro de 2011

ATUALIZAÇÃO | CAP. 5 & 6 | Comenta.

That’s what you get when you let your heart win – Capitulo 5
 (é isso que você tem quando você deixa seu coração ganhar.).

Continuação. (9 páginas)

 Tive que voltar pra casa quando os pingos de chuva começaram a cair. Meu dia já tinha sido o suficiente ruim pra eu ter que além de me molhar, dirigir na estrada molhada.
 Diminui a velocidade ao passar pelo portão da faculdade. Segui pelo estacionamento até chegar às vagas pra moto. Passei o cadeado no guidão e coloquei o capacete dentro do compartimento sentindo o cabelo começar a grudar no meu rosto.
 Ótimo, eu estava encharcada.
A chuva estava caindo com ainda mais força, o barulho era insuportável. Joguei a lona por cima da moto pra ela não molhar tanto. Foi uma guerra contra o pedaço de plástico gigante, posso lhe dizer que já estava dez a zero quando consegui encaixá-lo e sair dali. Minha república estava mais longe do que o previsto. Os pingos começaram a bater com muita força na minha cabeça, chegava a doer.
 Iniciei uma contagem na minha cabeça e ao ultimo numero saí em disparada.
 Pra que tanto jardim?
Os enfeites me faziam diminuir a velocidade, eu parecia estar numa olimpíada. Em um desses obstáculos, que eu jurei que ia conseguir pular, tropecei e caí de cara no chão.
- DIABO! – Cobri o rosto com uma das mãos. Estava doendo muito e eu segurava as lágrimas.
 Tentei me levantar, mas não consegui. Tirei a mão do rosto e vi que meu joelho estava sangrando.
- AAH, QUALÉ? – Reclamei pro céu sentindo raiva. – MAIS ALGUMA COISA? -
- HEY! – Ouvi uma voz familiar gritar atrás de mim.
Olhei pra trás e depois pro céu novamente.
- Eu tava brincando pow! – Ironizei e desviei o olhar pra trás novamente.
 Um carro preto, que mais parecia uma nave de tão grande, estava com os faróis acesos.
 Carro de máfia.
- MENINA, TU QUÉ ME MATAR DE SUSTO? – Um garoto saiu do carro batendo a porta. – AE MEU DEUS DO CÉR, (Seu Nome)! –
 Fred olhou aterrorizado pro meu joelho sangrando.
- Não foi nada. – Murmurei tentando levantar.
- Nada? – Ele tirou o casaco e passou em volta do meu corpo.
- Esquece Fred, pode ir pra casa. – Falei tentando afasta-lo de mim.
- Cala a boca. – Ele passou o braço atrás das minhas costas e o outro por baixo das minhas pernas.
Ou eu era muito magra, ou ele era muito forte.
Naquela situação, eu preferia acreditar que eu era magra. Auto-estima é tudo.
Ele me levantou e correu pra dentro do prédio. Já na área coberta ele apertou o botão do alarme do carro e eu pude ouvir o barulho do carro se fechando.
- É seu prédio? – Perguntei sentindo mais dor, agora que tinha parado de cair aquela chuva.
- Não, vou invadir. – Ele disse e eu não sabia se era brincadeira ou não. Olhei pro espelho do elevador e vi que era o prédio dele.
- Fred, não posso vir aqui há essa hora. – Tentei sair do colo dele, mas ele não deixou.
- Não se meche, vai doer mais. – Fred disse sério. – Ta chovendo muito, não tem ninguém fiscalizando, relaxa. –
 Ele tinha razão. Eu estava magoada, molhada e machucada. Já estava bom pro meu dia. Encostei a cabeça no ombro dele e fiquei olhando pro espelho que refletia as costas do Fred.
 As calças folgadas, diferente dos outros meninos que colocavam as justas, a camiseta verde escura solta, o tênis largo demais pro pé dele e o topete superbem feito, daqueles que você vê que o garoto ficou na frente do espelho pelo menos vinte minutos só preparando o cabelo. O que pra menino é muito, já que pras meninas é uma hora de cabelo, duas de camiseta, meia hora de parte de baixo, dez minutos pro sapato e mais uma hora só de creme/perfume/maquiagem. Isso descontando os momentos em que elas dançam na frente do espelho, ou beijam pôster. (Ou no meu caso, FALAM com os pôsteres.).
 O que Alli não via nele? Tão lindo e preocupado.
Passei mais alguns segundos refletindo meus futuros conselhos à Alli, até que a porta do elevador abriu.
 Ele ficou de frente pra uma porta.
- Consegue ficar de pé? – Fred me perguntou e eu assenti já saindo do colo dele com cuidado e encostando-me à parede.
- O que você tava fazendo? – Ele abriu a porta e me segurou pela cintura denovo.
- Voltando pra casa. – Falei aceitando a ajuda.
 O quarto estava relativamente arrumado. O chão limpo, as camas arrumadas, só a escrivaninha de estudo que estava uma bagunça. Vários livros jogados abertos, copo de café, calculadora, etc.
A porta do banheiro estava fechada, conclui que estava bagunçado, ou cheirando mal, como todo banheiro masculino. Já a cozinha mais conhecido como “canto do quarto que tem um microondas, um mini freezer e um balcão de madeira lotado de bolacha e jarras” estava arrumada.
 Sentei na cama do Fred e esperei ele tirar a mochila. Ele abriu o armário e analisou rapidamente, pegando uma toalha, blusa de frio, e uma calça de moletom vermelha.
- Toma, sei que é brega, mas depois te levo pra casa e ninguém te vê. – Fred piscou de brincadeira pra mim e eu ri.
- Valeu. – Sorri e ele fez não com a cabeça.
- Vai tomar banho. – Ele disse e eu assenti.
 Ele me ajudou a levantar e fechou a porta do banheiro.
Ok, a privada estava mijada, mas o chão estava limpo, o cheiro agradável e o espelho visível.
O que havia passado por ali?
Ou o colega dele era gay, ou ele era gay.
Ri sozinha com meus pensamentos e arranquei com dificuldade a roupa.
Entrei no banheiro e liguei o chuveiro. A água morna deixou meu corpo quente e eu pude relaxar os ombros.
O que estava acontecendo com a minha vida?
Namorado traído, amigos se distanciando, ex-namorado me perseguindo e notas afundando.
 Senti um nó na garganta e desliguei o chuveiro. Molhei o banheiro pra pegar a toalha e ri de mim mesma ao concluir que o moletom do Fred estava grande demais em mim. Mas por incrível que pareça muito confortável. Saí do banheiro e Fred me olhou.
- Nossa... – Ele pensou um pouco. – Serviu direitinho. –
Ri da cara de ironia dele e sentei na cama dele, pegando a almofada e colocando no meu colo.
- O que ta fazendo? – Perguntei e ele fez cara de chefe de cozinha.
- Café. – Ele disse e eu arregalei os olhos.
 Fred? Fazendo café? E ainda não havia explodido nada?
- No microondas? – Pergunte e ele riu.
- Um grande chefe não conta seus segredos. – Ele me entregou uma xícara cheia e se sentou na minha frente, com perninha de índio.
- Vai me contar o que aconteceu? – Ele perguntou. Fiz questão de encher a boca e tomar o maior gole possível pra enrolar.
 Fred era de confiança, um grande cara e namorado da minha melhor amiga. Corno, mas namorado da minha melhor amiga.
 Parei de olhar o preto do café e olhei nos olhos dele.
- Problemas com Cody. – Falei e ele juntou as sobrancelhas.
- Ele não me disse nada. – Fred pareceu murmurar pra si mesmo.
- Não mesmo, porque ele não sabe desses problemas. – Falei e ele pareceu entender.
- Graves? – Ele levou a caneca à boca.
Tomei um gole do meu.
- Talvez... – Falei e ele negou com a cabeça.
- Que chato. – Ele nem sabia o como.
Uns minutos de silêncio, e eu já estava perguntando se ele não queria saber o que estava acontecendo.
 Bem, melhor nem perguntar.
- Sabe, a Alli anda estranha comigo. – Fred parecia precisar desabafar. Abaixei a cabeça com medo de ele olhar dentro dos meus olhos.
Sou uma péssima mentirosa.
- Como assim “estranha”? – Perguntei e ele se arrumou na posição.
- Não sei direito, só... Não fala mais nada comigo, me trata como trata o cara da cantina, fala demais com o Cole... – Ele abaixou a cabeça.
- Vai ver o cara da cantina é bem querido... – Soltei e ele riu indignado com minha “seriedade”.
- Por favor, preciso de um conselho. – Ele implorou.
 Droga, ele amava mesmo ela?
- Eu amo mesmo ela. – Fred disse e eu olhei pro teto.
QUA-?” pensei “falando” com uma força superior.
- Fred, acho que você tem que falar com ela, se aproxima mais dela, acho que vocês estão muito distantes e a distancia acaba com um relacionamento. – Falei e ele me ouviu atento.
- Vocês não conversam mais! Chama ela pra sair, leva no shopping, no restaurante, até no dogão da esquina ta valendo, mas saí com ela... – Falei levando o ultimo gole do café a garganta.
- Tem razão, obrigada, sabia que podia contar com você. – Ele disse agradecido de verdade e eu sorri.
Fazia tempo que eu não dava um conselho. É duro dizer, mas eu me afastei dos amigos.
- Quê isso, conta comigo. – Falei rindo e ele assentiu.
- Preparada? – Ele perguntou e eu franzi o cenho.
- Miami. – Ele disse e eu fingi empolgação com um sorriso.
- Tenho que fazer as malas. – Falei e ele riu.
- Eu também, parece que o pai do Cody liberou uma casa lá, que eles compraram – Fred disse pegando minha caneca vazia e levando até a pia... Do banheiro.
Ok fingi que não vi.
Ele saiu de lá com as canecas limpas e molhadas. Secou num pano de prato que estava pendurado e se voltou pra mim.
- Bem, a chuva diminuiu, quer ir pra casa ou quer ficar mais um pouco? – Aquilo mais pareceu um pedido e eu sorri.
- Vou ficar. – Falei e ele pulou na cama.
- Que bom, quer fazer o que? – Ele perguntou e eu sorri.
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

Jogar “Jogo da vida” nunca foi tão legal. Ganhei do Fred, que teve que me levar pra casa um pouco depois, foi muito bom.
Já era noite quando comecei a arrumar minha mala pro dia seguinte. Minha vontade era ficar bem longe de Miami, ainda mais com “Miami, Cody e Bryan” na mesma frase.
 Só de pensar naquilo eu sentia um arrepio subir a espinha.
Não estava me parecendo uma boa idéia. Algo me dizia que não ia ter coisa boa.
 Fechei a mala e coloquei no canto do quarto. Tom já estava dormindo e já havia feito as três malas.
Gay é pior que mulher viu? Só pra você saber.
Fechei a janela e finalmente, pude encostar a cabeça no travesseiro e relaxar.
 Amanhã seria outro dia. E como sempre: Tudo melhora no dia seguinte.
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

- LIIINDOOOOONA! TA DE SAIA! – Dylan gritou no meio da rua. Todos os estudantes em volta o olharam e depois me olharam.
- Grita mais alto, o cara do ultimo prédio ainda não ouviu. – Falei e ele riu me abraçando de lado.
- Tu sumiste. – Ele disse fazendo bico e eu ri.
- MAS VOORTEI! – Berrei e todos me olharam como reprovação. – TÃO OLHANO O QUE? – Falei e Dylan gargalhou.
- DÁ PRAS DUAS LARGATIXA LOKA PARAREM DE BERRAR? TEM GENTE QUERENDO DORMIR! – Alli parecia não estar muito bem humorada.
- Menina, calma. – Dylan disse e eu ri.
- Calma o teu fiofó, vamo logo pra Miami pra essa viagem acabar de uma vez. – Alli jogou a mala amarela no chão ainda molhado pela ultima chuva.
- Alguém quer ir nessa viagem? – Perguntei e Dylan negou.
- Só a Emma e o Tom. – Cole apareceu resmungando.
- Cadê os nóia? – Dylan perguntou e Cole suspirou.
- Emma ta ajudando Cole a escolher a roupa pra ir, John e o Cody tão vindo, o tal Ryan e o Bryan tão... Ali eles ó. – Cole apontou sem pudor pros dois garotos rindo com as mochilas equilibradas nos ombros.
- Ai Senhor! Esse Bryan? – Alli acordou.
Assenti fazendo o sorriso desaparecer.
- AI MINHA SANTA DA BICICRETA DE PRÁSTICO, DAÍ-ME EQUILIBRIO! – Alli berrou e os estudantes que estavam por ali a olharam feio. – QUIÉ? PERDERAM O ÂNUS NA MINHA FACE? –
 Bryan franziu a testa.
- Ela é sempre assim? – Bryan perguntou e Dylan riu.
- Na maioria do tempo. – Dylan disse com cara de conformado e Ryan riu.
- Vai ser uma grande viagem. – Ryan disse e Dylan riu.
- Oi (Seu Nome). – Bryan disse de longe e eu só fiz um movimento com a cabeça.
 Alli percebeu a tensão e fez questão de ser a primeira a gritar.
- COOOODYY! – Alli apontou lá longe, aonde Cody deu um pulo e olhou pros lados pra ver se não apanharia de alguém por ela estar gritando.
- Que qué isso mulé? – Cody falou jogando a mochila no chão molhado.
- Tava com saudade! – Ela o abraçou de lado e ele franziu a testa.
- Ta doente? – Ele perguntou vendo se a irmã estava com febre.
- Claro que não, mas aposto que a sua namorada sim. – Ela o empurrou pra cima de mim.
 Bryan olhou pro chão.
- Oi pequena. – Cody segurou minha cintura e eu sorri.
Pequena. Pensei.
- Oi cabrito. – Nossos lábios se chocaram e eu senti o que nenhum outro garoto podia me fazer sentir - nem mesmo Bryan-.
 Cody desgrudou nossos lábios contra minha vontade.
Eu precisava de mais.
- Hey. – Sussurrei e ele me encarou risonho.
- O que? – Ele falou e eu fiz cara sapeca.
- Quero mais. – Fiz bico, mesmo segurando o riso.
 Ele fez cara de surpreso e não conteve a risada gostosa.
- Deixa pra mais tarde. – Ele piscou e eu assenti.
 A galera toda estava olhando pra gente, até mesmo John, Emma e Tom, que haviam chegado ao meio da conversa.
- Acho que vou vomitar. – Tom disse.
- Vão pra cama. – Emma fez cara de nojo.
 Cody fez cara de duvida.
- Já não disse que “Deixa. Pra. Mais. Tarde”? – Ele falou e a galera fez um “Argh!” geral. Menos Bryan, que ainda olhava pro chão.
- Depois dessa cena terrível pra menores, vamos? – John falou e todos assentiram.
 Dois carros, doze pessoas.
- Quem vai dirigir? – Emma assumiu o comando da galera.
- Hm, eu quero. – John disse e Emma assentiu apontando pro carro maior, que iria com as malas.
- Ah, acho que vou também. – Cole disse e Emma apontou pro menor.
- O povo que se divida agora, isso aqui não é quinta série não. – Emma disse entrando no carro menor.
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –
John dirigindo, Tom ao lado dele, Cody ao meu lado esquerdo, Bryan do meu lado direito, Ryan ao lado de Bryan e eu quase virando um bolinho de arroz.
- FECHA ESSA PORTA! – John berrou com raiva do barulho que só o motorista consegue ouvir.
- Não dá, ta muito apertado. – Ryan disse tentando bater a porta.
- Brazilian Girl, vai pro colo de alguém. – John disse me olhando pelo retrovisor.
- Ta tirando com minha Poker face né? – Perguntei e ele assentiu em negação.
- Não. – Ele retrucou e eu olhei pro Cody, que sorria.
- Vemk. – Ele se ajeitou e eu ri.
 Sentei no colo dele, virada pro Bryan, que não me olhava.
Eu não sabia se podia olhar nos olhos dele, não tinha coragem.
Depois que saí daquele quarto, não fiz mais contato visual com ele.
Como disse: Não tinha coragem.
Cody colocou a mão na minha perna e eu sorri.
- Senta pro outro lado... – Ele sussurrou e eu assenti, já virando pra janela.
 Cody apertou minha coxa e eu mordi o lábio.
- Pára de me provocar. – Falei e ele riu sapeca.
- Eu sei que você gosta. – Ele mordicou meu pescoço e eu afundei no corpo dele quando ele me puxou pra mais perto.
 Ele começou a dar chupões no meu pescoço e eu já estava me esquecendo do povo em volta.
- É assim? – Falei e ele ergueu a cabeça pra me olhar. Desci minha mão pelo lado que ninguém podia ver e coloquei o bolso dele. Ele gemeu baixinho me fazendo rir escandalosamente.
 Comecei a mexer ali embaixo [nota da autora: Não posso descrever pq tem gente muito nova lendo flw? #Deusémais KK]. Cody sorria e mordia o lábio conforme eu movimentava as coisas.
- Ainda tenho mais cartas. – Ele falou e eu senti um calor subir quando a mão dele foi subindo. Os dedos dele subiam minha coxa como se fossem “duas perninhas” e entraram debaixo da minha saia.
 A calcinha não foi uma barreira, estremeci ao sentir o toque dele.
Gemi baixinho quando ele aprofundou.
- O que esse dois tão fazendo? – Ouvi a voz distante de Tom sussurrar, mas não me desconcentrei.
 Comecei a me mexer lentamente, fechei os olhos e deixei minha mente trabalhar.
O segredo de uma boa masturbação é uma imaginação fértil e bem, isso eu tenho de sobra. Ainda mais com o Cody fazendo o principal por mim.
 Minha mente voou pras noites na casa do Cody, pro avião, pra nossa ultima noite na cama, e depois... Bryan. A língua dele deslizando pelo meu corpo, os gemidos.
 O movimento ficou mais forte e eu gemi baixinho.
Aquilo estava bom demais.
- QUE POUCA VERGONHA É ESSA? – John gritou me fazendo abrir os olhos e Cody tirar o dedo de, bem, .
- O que? – Perguntei cruzando as pernas.
- EU VI ISSO! – John ajeitou o vidro.
- Viu o que? – Tom não tinha visto. Glória.
 Olhei pro lado e vi que Bryan ria baixo.
- Ah, não consegui me controlar. – Cody disse e eu procurei um buraco pra enfiar a cabeça.
 Um: Eu imaginei meu ex enquanto meu namorado me masturbava. Dois: Eu fiz isso no carro com mais quatro pessoas em volta.
- O problema não é meu. – John disse nos olhando pelo retrovisor.
 Cody segurou o riso.
John consegue ser homem quando fica bravo.
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

John puxou o freio de mão me fazendo acordar com o impacto da cabeça do Ryan na janela do carro.
- CUIDADO COM A JANELA MOLEQUE! – John olhou pra trás preocupado.
- E você diz que eu que gosto demais do meu carro. – Cody disse e eu assenti concordando.
 Saímos do carro e eu dei de cara com uma casa que mais parecia uma mansão.
- OS SETE MOSNTRINHOS EMPRESTARAM A CASA? MEU DEUS OLHA O TAMANHO DESSA CASA! – Eu fiz um escândalo no meio da rua.
- Meu pai comprou... – Cody disse sorrindo. – Vem ver dentro. – Ele segurou minha mão e saiu me puxando pelo jardim que nem uma criança.
 Ele abriu a porta e eu fiquei de queixo caído.
Era enorme, com uma escadaria gigante, os sofás de couro, a cozinha separada da sala por um balcão, o piso branco, o lustre dourado em forma de flor, e do outro lado...
- Aimeudeus! Vista pro mar? – Perguntei e ele assentiu.
- Vem, vamos lá em cima. – Cody me puxou escada acima.
Ele passou reto no corredor cheio de quadros e abriu a ultima porta.
O quarto enorme tinha como principal a cama com espécies de cortina, como no quarto das princesas, mas branco, as almofadas pretas, o espelho enorme e a porta de vidro que dava pra sacada davam um ar praiano no lugar. Caminhei lentamente até a sacada. As praias de Miami têm as águas mais azuis do que as da Califórnia, com certeza, e a brisa é ainda mais quente, mas bem parecida. Senti o vento bagunçar um pouco meus cabelos, mas não liguei. Cody passou os braços em volta da minha cintura e apoiou o queixo no meu ombro.
- É lindo. – Falei olhando o horizonte azul infinito.
- Eu escolhi pra você. – Ele disse e eu o olhei pra entender. – Meu pai queria comprar uma casa que fosse pra família toda, e eu escolhi a decoração, esse aqui é o nosso quarto. -
 Um nó na garganta e uma culpa surgiram começaram a pesar uma tonelada em cada ombro.
Voltei a olhar o mar e encostei minha bochecha na dele.
O homem perfeito, e eu procurando mais, o que eu tinha na cabeça?
Eu amava e sempre amaria Cody, pode até ser que eu tivesse minhas recaídas, mas a única coisa que me faria morrer por dentro seria perder aquele homem carinhoso que eu amava e nunca deixaria.
- Cody... – Comecei e ele me olhou. Não o olhei, mas pude sentir o olhar dele sobre mim. – Promete uma coisa? –
- Claro. – Ele falou e eu suspirei.
- Promete que se algum dia eu te magoar, você vai me fazer sofrer em dobro? – Perguntei e ele juntou as sobrancelhas.
- Amor, você não me magoaria. Não preciso prometer uma coisa assim... – Ele disse e eu virei pra olhar ele nos olhos.
- Só prometa. Por mim... Por nós. – Falei e ele assentiu.
- Prometo. – Ele disse hesitando, mas cedeu e me deu um selinho.
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –


(Tempestade interna)

Talvez a música não dê certo com a letra que está entre o Imagine, pois só coloquei os trechos, mas seria bom colocar esse vídeo pra carregar > http://www.youtube.com/watch?v=6gXh6iR5Ogo

 Já era o nosso terceiro dia em Miami. No primeiro dia o sol tinha aparecido, mas nos dois seguintes as nuvens cobriram o céu e tudo o que caía era chuva.
 Os jornais de Miami só passavam as tragédias sensacionalistas do tipo Brasil Urgente com Datena e eu estava sozinha em casa. Cody e o resto dos meninos decidiram ir ao mercado, e como as meninas adoram comprar qualquer coisa acabaram indo junto. Eu sei disso, pois quando acordei havia um bilhete na geladeira dizendo que eu estava dormindo muito gostoso pra ser acordada.
 A porta de vidro da sacada tinha que ficar fechada, porque a chuva estava muito forte e se abrisse molharia todo o quarto. Eu descobri isso da pior forma.
“ENCHEEENTE!” Alli gritava correndo pelo corredor e capotando escada abaixo.
Ri sozinha lembrando da aventura que foi pra tirar toda aquela água do quarto.
Rolei pro lado me aconchegando no travesseiro do Cody, o cheiro dele não saía de mim há dois dias, e eu amava isso.
 Bryan? Estava por aí. Fez amizade com os meninos, conversa comigo normal. Normal que eu digo é: Eu fujo dele, mas quando a fuga não dá certo, a gente troca uns papos e vaza.
 Eu particularmente adorei a estratégia. 
Tem sido uma viagem confortável. Todos juntos denovo e mais um pouco.
John e Tom entraram definitivamente pra galera e provavelmente Bryan e Ryan entrarão também.
 Se eu me incomodo com isso? Sim.
 Se eu vou falar alguma coisa? NOT.
O barulho da chuva já estava me fazendo dormir denovo quando alguém bateu na porta.
- Entra. – Falei com a cara enfiada no travesseiro.
- Ta trancada. – Ouvi a voz de Bryan dizer.
Ah não.
FUGAAAAA!
 Joguei o cobertor pro lado e levantei – que fique bem claro que: contra minha vontade – pra ir abrir a porta. Virei a chave e abri a porta.
- Oi. – Ele disse simpático.
Falsifiquei um sorriso.
- Oi, o que foi? – Perguntei já querendo expulsar o menino. Eu não podia simplesmente fechar a porta na cara dele... Por mais atraente que essa idéia fosse.
- Ta ocupada? – Ele perguntou e eu neguei.
- Por quê? – Falei e ele balançou os ombros.
- Queria conversar. – Bryan disse e eu comecei a repensar o negocio de fechar a porta.
- Sobre o que? – Desencostei a cabeça da porta.
- Nós. – Ele falou.
Ok, essa é a hora que eu fecho a porta na cara dele.
 Empurrei a porta, mas ele a segurou com a mão.
- Espera! – Ele disse e eu forcei a porta com o peso do meu corpo.
- Não quero conversar. – Falei e ele negou com a cabeça.
- Por favor. – Ele disse rápido.
- Não existe “nós”, já te falei isso criatura, pode ir embora. – Retruquei tentando fechar.
- Caralho, só conversar, prometo. – Ele disse e eu suspirei.
Eu não ia conseguir vencer ele no cabo de guerra da porta. Assenti abrindo a porta.
- Rápido. – Falei e ele agradeceu entrando.
 Fechei a porta e virei pra fita-lo.
- Pode falar. – Cruzei os braços e ele assentiu.
- Você sabe que eu ainda te amo e te quero de volta. – Ele disse.
- Gostei muito de conversar com você, pode ir embora agora. – Abri a porta e ele bufou.
- Só. Me. Ouve. – Ele soletrou como se eu fosse uma criança.
 Bati a porta e cruzei os braços denovo.
- Continua. – Falei com sarcasmo e ele agradeceu.
- Me dá uma chance de ter você denovo? – Ele pediu. Neguei. – Você ainda sente algo por mim, eu sei! – Ele praticamente gritou.
- Eu amo o Cody. – Falei me distanciando do Bryan.
- Mais do que me ama? – Ele perguntou e eu não hesitei.
- Com toda a certeza. – Falei e ele fez não com a cabeça.
 Os olhos dele se encheram de lágrimas e eu não podia acreditar no que estava vendo.
Ele estava... Chorando.
- Você já pode ir embora. – Falei abrindo a porta e ele negou.
- NÃO PODE SER! – Ele disse e eu neguei com a cabeça.
- É a verdade, eu amo Cody, muito mais do que te amo, ou amei, ele É e sempre SERÁ o amor da minha vida. – Falei de longe e ele riu com sarcasmo.
- Não pode ser. – Ele repetia pra si mesmo.
- Mas é! – Retruquei andando até a cômoda pra ligar pro Cody. Ele tinha que vir e ver aquilo. Assim seria mais fácil.
Tarde demais. [DÊ PLAY]
- VOU TE PROVAR QUE É MENTIRA! – Bryan correu até mim e segurou meus braços com força, me puxou pra perto e me beijou.

“Some people laugh”
(Algumas pessoas riem)
“Some people cry”
(Algumas pessoas choram)
“Some people live”
(Algumas pessoas vivem)
“Some people die”
(Algumas pessoas morrem)

 Tentei me livrar dele, mas não adiantava, ele estava determinado a me beijar.
 Tentei gritar, mas não deu certo novamente.
Ouvi um barulho de copo caindo e até Bryan olhou pro lado.
Cody estava paralisado na porta, ele devia estar segurando o copo, mas ficou mal o suficiente pra não segurar mais o copo, fazendo o mesmo cair no chão.
- Cody, juro que... – Eu ia falar, mas ele me interrompeu.
- Não é o que eu to pensando? – Cody falou e eu senti as lágrimas se formarem com o desespero.

“But we are the lovers”
(Mas nós somos os amantes).
“If you don't believe me
(Se você não acredita em mim),
“Then just look into my eyes
(Então olhe dentro dos meus olhos).
'”Cause the heart never lies
(Porque o coração nunca mente).

- É SERIO, EU JURO POR TUDO CODY! – Gritei correndo até ele. Bryan colocou as mãos nos bolsos e ficou assistindo a cena.
- PENSEI QUE VOCÊ ME AMASSE O SUFICIENTE PRA ESQUECER. – Cody disse e eu franzi a testa.
- O que? – Perguntei e Bryan limpou a garganta.
- Eu contei pra ele tudo o que aconteceu no passado. – Bryan disse com raiva e magoa na voz.
- ENTÃO CODY, EU ESQUECI! – Gritei e Cody bateu a mão na porta com força o suficiente pra acharem que era um tiro.
- O BRYAN AINDA TE AMA E EU SEI QUE VOCE TEVE UM CASO COM ELE! – Cody gritou com a voz falha.
 O nariz dele ficou com a ponta vermelha, assim como as orelhas.
Desviei o olhar pro Bryan.
- Você contou também seu desgraçado? – Perguntei e Bryan deixou um sorriso se formar.
 Ele negou com a cabeça. Olhei pro Cody.
- ENTÃO É VERDADE? EU ESTAVA CERTO? EU SABIA! EU TINHA ESPERANÇA DE QUE... – Cody deixou as lágrimas escorrerem.
- Cody... – As minhas saíam desde o começo.
- De que você o esquecesse e voltasse a ME amar como antes, por isso eu te trouxe pra cá, por isso fiz MEU PAI comprar essa casa, pra gente vir e passar um tempo JUNTO! – Cody desabafava e eu não o enxergava mais, as lágrimas saíam sem parar. Ele se virou pra sair andando, mas eu corri e segurei o braço dele.
- Cody você tem que acreditar em mim! – Me ajoelhei e só depois vi que tinha me ajoelhado nos cacos de vidro. – Eu o esqueci, eu estava dispensando ele e ele me beijou a força! –

“Another year over”
(Outro ano acabou,)
“And we're still together”
(E nós ainda estamos juntos).
“It's not always easy”
(Nem sempre é fácil,)
“But I'm here forever”
(Mas eu estou aqui para sempre)

 Cody negou com a cabeça, os olhos vermelhos e toda a dor e sofrimento no olhar, que não tinha mais brilho.
- Não consigo. – Ele soltou minha mão do braço dele e saiu em passos firmes.
 Levantei dos cacos e corri com o joelho sangrando até a escada. O vi batendo a porta. Desci as escadas ignorando todo o sangue que saía da minha perna.
 Toda a galera me olhava curiosa menos Alli que apenas subiu as escadas de punhos fechados. Não me importei com aquilo, eu só precisava de uma coisa, e essa coisa eram os braços do Cody me envolvendo.
 Corri mancando por causa da dor e dos cacos na minha perna até a porta. A tempestade era a pior que eu já tinha visto, mas não liguei.
Cody estava correndo pela rua, chorando e soluçando.
Eu podia ouvir.
- CODY, ESPERA ME OUVE! – Corri até ele sangrando.
Ele se virou e negou com a cabeça.
- VOCE ME TRAIU, NÃO POSSO CONFIAR EM VOCE, NADA QUE VOCE ME DIGA VAI ME FAZER MUDAR DE IDEIA. – Ele gritou e eu já estava mais próxima.
- CODY, EU TE AMO! – Gritei e ele mais uma vez negou.
- Não acredito. – Ele disse e eu solucei entre lágrimas.
- Olha nos meus olhos, seu coração sabe a verdade! – Falei e ele não olhou apenas se virou pra continuar andando.
- CODY, VOCE TEM QUE CONFIAR EM MIM, NÓS ESTAMOS JUNTOS. – Falei e ele se virou.
- Então é melhor nós nos separarmos. – Ele falou um pouco mais baixo, ainda entre lágrimas.
Aquilo não podia ser possível, ele não podia desistir de tudo. Jogar fora a vida que nós tivemos juntos, tudo que passamos!
- Você não pode fazer isso comigo! EU PRECISO DE VOCE CODY, EU TE AMO! – Falei e ele negou com a cabeça, se virou e continuou correndo.

“'Cause we are the lovers”
(Porque nós somos os amantes)
“I know you believe me”
(Eu sei que você acreditará em mim)
“When you look into my eyes”
(Quando você olhar dentro dos meus olhos)
“'Cause the heart never lies”
(Porque o coração nunca mente)

 Deixei meu corpo cair em cima da poça de sangue que eu havia formado. Cobri o rosto com as mãos.
- Eu preciso de você. – Sussurrei pra mim mesma.
Mas não adiantava.
O perdi no meio das lágrimas e pingos da chuva. Meus joelhos não agüentavam mais e eu não conseguia fiar de pé, muito menos correr.
Fiquei apenas olhando a tempestade pra ver se ela, como com as simples gotas, derramaria a vida real sobre mim.

#Continua.


Ok, eu to chorando.
Comentem.